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Lenda, Tostão exalta Mineirão: 'Fundamental para o futebol mineiro'

5 set 2015 - 11h56
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Tostão através dos traços de Mario Alberto, chargista e ilustrador do LANCE!

Este sábado é especial para todo e qualquer amante do futebol brasileiro. O Estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão ou Gigante da Pampulha, completa 50 anos da sua inauguração. Sobram feitos, glórias e decepções ao longo de tanta história. Também sobram craques que desfilaram e ainda desfilam talento no já mítico estádio. Eduardo Gonçalves de Andrade, ou pura simplesmente Tostão, é um deles. Coube a ele ser o primeiro a conquistar uma artilharia tendo os gols marcados no hoje cinquentão Mineirão como trunfo. Ele ainda é o segundo maior artilheiro do estádio, com 143 gols.

– Recebo essa data com alegria, com orgulho. 50 anos é uma data marcante. É um local que foi decisivo na minha carreira. Se não fosse o Mineirão, o Cruzeiro não teria o time que teve. Foi uma coincidência um time que nasceu e, ao mesmo tempo, por conta do Mineirão, ganhou notoriedade, foi mais visto. Com o Cruzeiro e o Mineirão, pude jogar pela Seleção Brasileira, ser campeão do mundo (em 1970). É um fato marcante na minha carreira e, além disso, eu joguei, tive a chance de jogar em um time de grandes craques que era aquele Cruzeiro. O Mineirão é muito importante na minha vida – destacou Tostão, em entrevista ao LANCE!.

Tostão é um dos vários ex-atletas que vivenciaram os primeiros momentos do então "Estádio Minas Gerais" naquele 5 de setembro de 1965, no amistoso do selecionado de Minas Gerais, do qual fazia parte, contra o River Plate, time base da seleção argentina. Momentos que jamais serão esquecidos.

– Meu primeiro fato marcante do Mineirão é a inauguração. Antes de inaugurar o Mineirão, em 65, eu tinha 18 anos, estava iniciando a minha carreira. Era um jogador desconhecido no cenário nacional. Inclusive, quando começaram os treinos da seleção mineira para a festa da inauguração, no jogo contra o River Plate, eu era reserva no início dos treinos. Tinham jogadores já consagrados em Minas Gerais na minha posição. Tinha o Silvestre, o Jair Bala... Jogadores ídolos em Minas Gerais. Eu estava começando a minha carreira – disse o ídolo cruzeirense, para completar:

Ganhei a titularidade nos treinos e fui titular no jogo contra o River Plate, que a Seleção mineira ganhou de 1 a 0 (gol do então aleticano Buglê). No ano seguinte, eu fui convocado para a Seleção e nunca mais deixei de ser convocado. Tem essa lembrança da inauguração.

Com o Mineirão, o futebol de Minas Gerais ganhou força, deixou de ser secundário. Esquadrões montados por Atlético e Cruzeiro marcaram época. Tostão sabe a importância do estádio para o desenvolvimento do futebol local.

– Ele (Mineirão) foi decisivo e importantíssimo para que Cruzeiro e Atlético-MG passassem a ser times do Brasil, a serem conhecidos no país, não apenas times grandes só de Minas Gerais. Antes do Mineirão, o futebol mineiro era secundário. Até 1966 não se colocava jogador de clube mineiro na Seleção Brasileira. Fui o primeiro, na Copa de 66. Depois, em 70, ainda teve Piazza, Dario e Fontana. O Cruzeiro passou a ser um time conhecido fora do Brasil. Foi campeão da Taça Brasil contra o Santos, sem dúvida o melhor time do mundo na época – recordou o ex-meia-atacante.

Tostão, como não poderia ser diferente, sempre lembra de um jogo em especial quando o assunto é memória no Mineirão atuando pelo Cruzeiro, time pelo qual é o maior artilheiro, com 245 gols em 383 jogos. O 6 a 2 imposto sobre o Santos, então o melhor time do mundo é para sempre será inesquecível.

– O Cruzeiro teve cinco anos com um timaço, time que foi pentacampeão mineiro (1965, 66, 67, 68 e 69) e foi campeão da Taça Brasil. O jogo com o Santos, no Mineirão, é um jogo inesquecível. Foi o primeiro jogo da decisão da Taça Brasil-66, hoje já reconhecida como Campeonato Brasileiro. O Santos era o melhor time do mundo, era o que hoje é o Barcelona, o Real Madrid. Então você imagina... O Cruzeiro era um time de garotos que estavam começando. Foi uma vitória estrondosa, por 6 a 2. Parecido até com o 7 a 1 da Copa. Acabou o primeiro tempo e também estava 5 a 0, como no Alemanha e Brasil. Isso para um time desconhecido no Brasil, ganhar do Santos de Pelé, com Pelé em campo, com todos os craques em campo... Jogando pelo Cruzeiro foi o momento mais grandioso que eu tive no estádio – destacou Tostão.

PARCERIA MINEIRÃO-TOSTÃO RENDEU MUITOS FRUTOS...

Maior goleador da história do Cruzeiro, segundo a mais marcar no Mineirão e dono de quatro artilharias de Campeonato Mineiro, nas edições de 1965, 1966, 1967 e 1968. Mesmo não tendo como maior especialidade a "obrigação" de marcar gols, Tostão foi muito íntimo da bola na rede. E o Mineirão, naturalmente, fez a diferença para o humilde Tostão ao longo de sua carreira.

– Jogava ao lado de Dirceu Lopes, Piazza, Evaldo, Natal, Raul... Era um timaço. Os jogos do Cruzeiro... a maioria era 4 a 0, 5 a 0, 6 a 1. E todo mundo fazia gol. O Cruzeiro não tinha um artilheiro. O Cruzeiro tinha vários artilheiros. Eu era um meia ofensivo, um meia de ligação. O centroavante era o Evaldo. Mas eu vinha de trás e fazia muitos gols. A minha maior qualidade, apesar de eu ser o maior artilheiro do Cruzeiro e o segundo maior do Mineirão, a minha grande qualidade era o passe, a distribuição de jogadas. Mas, claro, a dupla Mineirão-Tostão era boa – destacou uma das lendas vivas do aniversariante Mineirão.

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