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Love cita vaidade no Verdão em 2009 e diz: 'No Corinthians todos se dão bem'

25 set 2015 - 06h14
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Na 28ª rodada do Brasileirão de 2009, o Palmeiras liderava o campeonato com cinco pontos de vantagem sobre o segundo colocado São Paulo, mesma diferença que o Corinthians tem agora, também a 11 jogos do fim da competição, para o Atlético-MG. Em comum entre os arquirrivais, um centroavante: Vagner Love.

Contudo, para o jogador, as semelhanças param por aí. Love confia que o final alvinegro pode ser muito mais feliz do que foi o alviverde, que terminou aquele ano em quinto lugar – o Flamengo foi campeão - e nem sequer classificou para a Libertadores. E a explicação para o otimismo está no ambiente do elenco do Timão, bem melhor do que o de seis anos atrás.

– Em 2009, tínhamos uma vantagem boa, mas havia aspectos difíceis, um pouco de vaidade no clube, coisa que o Corinthians não tem no vestiário. Todo mundo se dá bem, quer o mesmo objetivo e ninguém aqui quer aparecer mais do que ninguém – afirmou o camisa 99, alfinetando o elenco de líderes como Marcos, Cleiton Xavier e Diego Souza.

A união e o bom clima atuais fazem com que Love já se entenda "no olhar" com Jadson, Renato Augusto e outros companheiros de equipe, segundo suas próprias palavras. Em entrevista ao LANCE!, o atacante disse estar finalmente readaptado ao futebol brasileiro, apontou o Corinthians como o melhor time que já jogou e revelou o maior sonho: ganhar um título de expressão. Veja:

Após quase um ano, como vê sua adaptação ao Corinthians?

Hoje, me sinto adaptado ao estilo de jogo do Corinthians, o jeito que o centroavante tem de jogar aqui. No começo, a readaptação foi bem difícil, mas hoje me sinto adaptado. Claro que a gente tem de sempre melhorar, eu penso dessa forma, nunca está bom, sempre quero buscar algo a mais e melhorar. É o que tento, a cada jogo fazer algo diferente para ter uma sequência boa, fazer gols e crescer.

O clube se adaptou a você?

O Corinthians estava há dois anos jogando com o mesmo jogador (Guerrero) de um estilo e eu tenho um estilo bem diferente do dele. Para ter o entrosamento, foi difícil, mas hoje no olhar já consigo me entender com Elias, Renato, Jadson, coisa que antes não acontecia. Agora me movimento e eles já sabem como eu quero a bola.

Você já defendeu grandes clubes. A pressão aqui é diferente?

No Corinthians, tudo é maior, tudo é diferente, a cobrança é maior, o jogador tem de estar sempre bem. Se você faz um jogo mal, mesmo tendo ido bem antes, não adianta, você tem de sempre procurar algo a mais e fazer o melhor. Se não vai bem, a torcida olha diferente, começa a cobrar e isso afeta o psicológico. Aí, no próximo jogo, você já não consegue fazer as coisas certas porque sabe que a torcida vai pegar no pé.

Acha que o seu psicológico atrapalha?

Não é nem questão de um nervosismo, é aquela coisa: se errar uma bola, a torcida vai vaiar. Você fica preocupado com isso. Não é aquela coisa "estou nervoso, não vou conseguir jogar". Até porque já tive jogos importantes na minha carreira. É lógico que tem o friozinho na barriga mas, quando começa o jogo, tudo passa. No Corinthians, não, se a torcida desconfia, isso atrapalha muito.

Por isso, o ideal é procurar fazer mais o simples, mesmo?

Sim! Tem lance que você pode ir para cima, tentar o drible, dar uma finalização, mas aí não faz por esse detalhe da torcida estar pegando no seu pé. Graças a Deus, eu consegui passar por cima disso. Lógico que ainda existe um pouco de desconfiança de alguns torcedores, mas não é nada que me abale. Eu sei do meu potencial, vou continuar mostrando.

Love comemora gol sobre o Palmeiras (Foto: Daniel Augusto Jr)

Um título ajudaria você a acabar com a desconfiança?

Vamos ver no futuro, descobrirei isso quando acabar a temporada.

O que você não gosta no futebol?

Concentração ficou uma coisa chata hoje em dia. Antes não era, você ia, tinha aquela resenha, bata-papo, ninguém ficava no telefone, na internet, porque não tinha isso... Hoje em dia cada um está com seu telefone, iPad, acabou a resenha (risos).

Quais sonhos ainda tem?

Quero ser campeão brasileiro, é um sonho que tenho desde moleque, de conquistar um título de grande expressão no Brasil. Vejo que estou bem perto de conquistar. Um dos maiores sonhos que tenho é conquistar um título de expressão.

A vaidade do Palmeiras de 2009 não existe no Corinthians?

Hoje não vejo isso nesse grupo. Todo mundo está consciente do que tem de fazer, está bem preparado psicologicamente, ciente do que tem que fazer em campo. O Tite nos pede as coisas e a gente procura fazer porque sabe que isso vai dar resultado, estamos num caminho muito muito, esse é o certo.

Esse Corinthians está com aquela cara de campeão?

A gente quer ser campeão, vê que o Corinthians tem condição de chegar. Sai um jogador, entra outro e dá conta do recado, essa é a cara do Corinthians hoje, o grupo! O Tite tem trabalhado bem os jogadores, os treinamentos são pegados, a gente compete lealmente nos treinos. Isso nos dá muita força.

Aos 31 anos de idade, quais cuidados você leva no dia a dia?

Sono, alimentação, procurar trabalhar bem... A gente tem um departamento médico que, em termos de estrutura, é muito bom. Procuro fazer o que os profissionais pedem porque será bom hoje e no futuro para mim.

Antes era assim?

Não ligava muito para me cuidar, alimentação, sono... Era aquela coisa: era novo, então chegava e as coisas davam certo. Chega um momento que você fala "Pera aí". Você é um atleta, depende do seu corpo. Hoje, vejo o momento certo de parar, o dia que posso tomar uma cerveja, curtir um samba, e sei a hora de descansar para estar com meu corpo bem para fazer aquilo que gosto de fazer e sabendo da disputa que tem

em campo dali a alguns dias.

Muita gente fala que o Brasil carece de um "9" hoje em dia...

Tem Ricardo Oliveira, artilheiro do campeonato, legítimo camisa 9, tem Fred, Guerrero, que não é brasileiro mas estava em fase muito boa... Luis Fabiano... Tem "9’s" bons, que ainda dão muito resultado, mas é claro que com o futebol moderno tem que se adequar ao que a competição pede e fazer o que as pessoas esperam. No futebol moderno, um atacante que fica parado dificilmente consegue jogar.

Você ainda sonha com a Seleção?

A partir do momento que estiver bem, fazendo gols, claro que a gente espera a oportunidade. O Elias, o Renato, o Gil estão de parabéns. Hoje em dia tem muitos jogadores bons na posição deles. Eles vinham fazendo papel muito importante no Corinthians e já mereciam estar na Seleção Brasileira.

Qual é o melhor time pelo qual já jogou?

Cito hoje o Corinthians. Um dos melhores. Por ter jogado muito tempo na Rússia... O Flamengo de 2010 era muito bom também. São dois: o Flamengo de 2010 e o Corinthians.

Love em ação pelo Palmeiras, em 2003 (Foto: Arquivo LANCE!)

China: Facilidade demasiada

Por cerca de um ano e meio, Love defendeu o Shandong Luneng, da China, e aumentou sua fortuna, com salário de cerca de R$ 1 milhão por mês. No entanto, o próprio admitiu que a parte técnica ficou de lado e, ao mesmo tempo, a motivação diminuiu.

– Lá (China) não é tão competitivo. Às vezes, você vai jogar com um time mediano para pequeno e não tem aquela competitividade. Com 30 minutos, já está 2 a 0 e você acaba relaxando, não tem marcação que dificulta fazer jogadas, domina bola sem marcador... Aqui, é totalmente diferente! Você domina a bola e já tem dois, três caras em cima de você. Tem que competir o tempo todo, os jogos são em alto nível, então tem de estar bem fisicamente para lidar com isso. Lá não precisava se preocupar tanto para ir para uma partida – disse o jogador, revelando o seu pensamento:

– "Ah, tem jogo hoje? Vamos lá, vamos jogar e em uma bola eu vou driblar alguém, fazer o gol e vai ficar por isso mesmo" (risos). Aqui, não. Futebol brasileiro é muito diferente do chinês – completou.

Apesar da pouca competitividade, ele afirmou que não se arrepende de ter atuado na China e que aconselharia jogadores dispostos a fazer o “pé de meia”.

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