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Medalhista olímpica expõe rixa entre clubes e teme pelo futuro do vôlei

23 out 2015 - 15h44
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Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (AUS), em 2000, com a Seleção Brasileira, a oposto Elisângela lamenta o momento do vôlei brasileiro. E não é só pela falta de um time para disputar a próxima Superliga, antes planejada para ser a última de sua carreira. Na avaliação da veterana, uma rixa entre os clubes do país e o sempre polêmico sistema de ranqueamento impedem que jogadoras consagradas no esporte tenham um final de carreira decente.

Elisângela reforça o Vôlei Nestlé no Paulista
Elisângela reforça o Vôlei Nestlé no Paulista
Foto: Rafael Zito / ZDL

A atacante recebeu proposta para jogar o torneio pelo Vôlei Nestlé, equipe que defende apenas no Campeonato Paulista e pela qual pode ser campeã estadual neste domingo, contra o Sesi-SP (o Nestlé tem 1 a 0). Mas as regras da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) impedem que um time ultrapasse 43 pontos. Cada atleta tem uma pontuação, e o limite visa evitar a alta concentração de estrelas no mesmo clube.

– Aconteceu comigo e vai acontecer com outras. O ranqueamento tem de acabar, senão fica muito fácil, cada um vê o seu. Pelo poder econômico dos times hoje, não são todos que conseguem contratar. Se ficar assim, o que será do esporte, ainda mais na situação econômica do país hoje? Os clubes nao pensam nas jogadoras, só neles mesmos – disse, em entrevista ao LANCE!.

Para conseguir assinar o contrato, a oposto, que tem pontuação três, enviou uma carta aos clubes para que permitissem a redução. Ela alega que não teve mais nenhuma outra proposta e que, sem poder defender o Osasco, terá de se aposentar contra a vontade. Dos 12 participantes da Superliga, nove não viram problema no pedido. Mas Dentil/Praia Clube, Pinheiros e Sesi-SP se posicionaram contra. A CBV só acataria caso todos fossem a favor.

– Por que eu não posso jogar? Por que desempregar uma jogadora, sendo que, neste caso, eu era a terceira opção no time (a primeira é a belga Lise Van Hecke, e a segunda é Ivna). São regras, mas é facil jogarem a conta na CBV. Como um Rexona-Ades, hoje o principal rival do Osasco, vota a favor, assim como o Minas, com um técnico como o Paulo Coco (assistente de Zé Roberto da Seleção Feminina), e Praia, Pinheiros e Sesi votam não? – questionou a atleta.

Elisângela acredita que seu caso pode servir para que discussões futuras levem a uma revisão das regras. Ela lembra que a ponteira Jaqueline já teve problema por causa do ranking. O mesmo acontece com a ponteira Érika, que tentou disputar a Superliga pelo Minas, mas não conseguiu. Questionada sobre o que teria motivado a negação dos três citados, a jogadora contou que a situação é apenas um exemplo de como as decisões são tomadas a partir do interesse dos times.

– Eu joguei no Sesi-SP e nunca tive problema nenhum com o Talmo (técnico do time, que foi contra a redução dos pontos de Elisângela). Talvez o problema maior dele seja com o Osasco. Não vejo outra possibilidade. No Pinheiros, soube que o Wagão (técnico) foi contra. O Praia queria ter diminuído a pontuação das jogadoras mais velhas para ficarem com a Sassá (hoje líbero do Brasília), mas não puderam. Então, agora votam contra. Só que a Sassá tinha mercado, está empregada. A minha situação é diferente  – defendeu-se.

Descrente com a possibilidade de uma reviravolta, Elisângela pensa em dar sequência ao seu negócio em parceria com o amigo e lateral-direito do Bayern de Munique Rafinha. Eles têm uma escolinha de vôlei e futebol na cidade de Londrina, onde nasceram. A CBV não parece disposta a interceder, ainda que a maioria tenha sido favorável ao pedido da atacante, que defendeu o Terracap/Brasília Vôlei nas duas últimas temporadas. 

"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) esclarece que as regras de ranking dos atletas para a Superliga seguem critérios estabelecidos pelos clubes disputantes da competição, visando ao equilíbrio. Segundo a decisão, tomada unanimemente pelos clubes em reunião realizada em 1 de abril de 2015, em São Paulo, as regras de ranking são válidas para as edições 2015/16 e 2016/17", disse a entidade, em nota oficial.

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