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Milan deixa 'Guardiolismo' de lado ao apostar no técnico Mihajlovic

16 jun 2015 - 17h36
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Ao apostar em Pep Guardiola para comandar o time após a saída de Frank Rijkaard, o Barcelona não tinha ideia de que criaria uma tendência mundial. Revelado em La Masia, o técnico guardava as raízes catalães e seguiu por muito tempo no clube até se aventurar no futebol italiano. Por esta ligação tão profunda com o Barça, voltou para treinar a equipe B e logo foi campeão da Terceirona, quando foi alçado para o time principal.

Mihajlovi
Mihajlovi
Foto: AFP / Andrej Isakovic

Diante deste cenário, muitos clubes tradicionais da Europa resolveram 'copiar' o modelo blaugrana. Mas a eficácia de Guardiola no Barcelona, onde ganhou tudo o que disputou e foi quase uma máquina de vencer, não foi repetida nos rivais.

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- Milan anuncia novo técnico em substituição a Filippo Inzaghi

O Milan tentou reproduzir a fórmula de sucesso do gigante da Catalunha e não obteve sucesso. Muito pelo contrário. Amargou fracassos históricos e poucos títulos no período. O primeiro a ser testado no comando do Rossonero foi o brasileiro Leonardo, muito identificado com o time de San Siro, em 2009.

- Tudo nasceu por culpa de Pep Guardiola. Na Europa, verificou-se um fenômeno do Guardiolismo. O treinador, superjovem, com menos de 40 anos, sem experiência, mas com muita identificação com o clube. Fez o Barcelona B jogar muito bem, ganhou a Terceira Divisão e menos de um ano depois foi alçado a técnico do time principal. Pegou a base de Rijkaard, tinha Messi e Iniesta e foi melhor que o holandês. Ganhou tudo. Apostou no tiki-taka, e a Europa passou a copiar o modelo - disse Massino Franchi, jornalista do "Tuttosport".

Guardiola revolucionou o futebol no Barcelona e no mundo (Foto: Arquivo LANCE!)

O Rossonero, por sua vez, testou em seguida Massimiliano Allegri, que foi o único a dar uma sobrevida ao clube. Conseguiu um Campeonato Italiano e uma Supercopa da Itália no período em que comandou o time, de 2010 a 2014. No cenário europeu, foi apenas coadjuvante, não passando das oitavas de final da Liga dos Campeões.

Contudo, ao contrário do que ocorria com o Barcelona, o Milan estava em grave crise financeira e não podia competir em igualdade de condições com os gigantes do futebol europeu. Para piorar, a Itália passava por uma crise econômica, institucional e moral, devido aos escândalos de corrupção e até de orgias com menores de idade do até então primeiro ministro Silvio Berlusconi. O bilionário, por sua vez, é proprietário do Rossonero, que também sentiu o golpe.

- Pela primeira vez na história do Milan com Berlusconi, dois superjogadores foram vendidos na mesma janela de transferências: Ibrahimovic e Thiago Silva, melhor centroavante e o melhor zagueiro do mundo. Esse era o sinal claro de que a situação no Milan estava preocupante. Depois, só se via jogadores saindo, diminuição dos salários... O Milan já não tinha mais força no mercado - explicou Massimo Franchi.

Seedorf foi outra aposta errada da diretoria do Milan (Foto: Marco Bertorello/AFP)

Sem dinheiro, outras apostas equivocadas, com base na filosofia do Barcelona de Guardiola, foram lançadas na fogueira. Primeiro, Clarence Seedorf, multicampeão como jogador pelo Milan. O holandês ainda era jogador e atuava pelo Botafogo quando recebeu o convite para se aposentar e assumir o Rossonero. Ficou apenas 22 jogos no comando e saiu queimado.

Inzaghi, ex-treinador das categorias de base, foi chamado para comandar o Milan na temporada 2014/2015. Os resultados, mais uma vez, foram desastrosos: nenhum título e a modesta décima colocação no Campeonato Italiano, o que deixa o Milan fora das competições europeias.

Inzaghi deixou o Milan após campanha desastrosa (Foto: Giuseppe Cacace/AFP)

CHEGADA DE MIHAJLOVIC E INÍCIO DE NOVA ERA

A contratação de Sinisa Mihajlovic promete ser uma mudança de mentalidade no Milan. Ele não era a primeira opção para comandar o clube, que pensava na experiência de Carlo Ancelotti, recém-demitido do Real Madrid - o treinador recusou por querer descansar. Mas o sérvio não se enquadra no modelo copiado do Barcelona.

Mihajlovic não tem identificação alguma com o Milan. Muito pelo contrário. Ele tem passagem como jogador pela Inter de Milão, eterna rival. O Rossonero será o quinto time que o treinador comanda (Bologna, Catania, Fiorentina e Sampdoria foram os outros), além da passagem pela seleção da Sérvia.

- Ele tem mais experiência, é uma fenômeno diferente. Diferente de Seedorf, que não tinha experiência, e Inzaghi, que só treinou a base do Milan. Mihajlovic gosta de tocar a bola, ataca muito, joga no 4-3-3. Pode até perder a partida, mas gosta de jogar para frente. Não joga fechado, nada de contragolpe. O time dele tem personalidade. Mihajlovic tinha várias propostas, é um bom treinador - disse o jornalista do "Tuttosport".

Mihajlovic teve passagens pela Fiorentina e Sampdoria (Foto: Arquivo LANCE!)

Além do mais, os cofres do Milan estão novamente cheios. O bilionário Bee Taechaubol adquiriu 48% das ações do clube por quase 500 milhões de euros (R$ 1,74 bilhão) e novas perspectivas de contratações já surgem no horizonte. Jackson Martínez, artilheiro do Campeonato Português pelo Porto, está quase certo. Ibrahimovic é outro jogador ventilado na imprensa italiana.

- Uma equipe como o Milan não pode ficar em décimo. Ficar em quinto já é um desastre total. A crise já passou um pouco, o Furacão já deixou um pouco o presidente Silvio Berlusconi. A Itália também está melhor economicamente. Tudo conspira para um time melhor na próxima temporada - confiou o jornalista.

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