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OPINIÃO: Necessidade de ídolos - Um "Ai, Jesus"

2 set 2015 - 08h11
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"Caiu uma lágrima", confessou Gabriel quando marcou o primeiro gol como profissional no ASA, de Arapiraca, que entrou pela segunda vez, na história do Palmeiras. Humilde e pressionado pela expectativa gerada, declarou que não queria errar mais.

Até o jogo contra o Cruzeiro, Gabriel não havia convencido em nenhuma partida do time. E a torcida, carente de ídolos, arriscava frustrar-se. Quando, de costas, tocou para Barrios marcar, a esperança voltou. Ao tocar para Egídio, correr para a área com a confiança dos grandes artilheiros e pegar de primeira, no segundo gol, o coração acelerou-se.

No instante em que, ao invés de chutar contra o goleiro, como fazem 90% dos comuns, ignorando a lei da física, ele cortou habilmente sem perder o controle e finalizou, calmo, de esquerda, a sensação foi de que os três reis magos já tinham visto uma estrela e estavam a caminho.

A primeira entrevista de Gabriel, após o nascimento do profissional, foi humilde e tranquila. A segunda, depois dos dois gols contra o Joinville, graças a Deus, também. Sempre referenciada na mãe-ídolo que o mantém com os pés na terra.

Agora é preciso tranquilidade. Para conter a pressão da mídia e de parte dos torcedores, querendo endeusá-lo. Ele não é Neymar nem Pelé. O deslumbre é o risco.

Some-se ao seu futebol o imenso desejo palmeirense de ter um ídolo de ataque que faça gols. Alimentado pela carência e impaciência de quem teve muitos e vive um período desértico.  Acelerar sua canonização é o perigo. Gabriel vai oscilar, errar. Tem que ser cuidado.

O futebol vive de ídolos. O ser humano necessita de ídolos. Eles são referências. Servem como exemplo inspirando outros jovens a crescerem na vida. Porém, são mais do que isso. Ídolos movem o torcedor tirando-o do sofá com cerveja, levam-no ao estádio, vendem camisas e conquistam a criançada.

Ídolos fazem sonhar. Afinal, a vida não é o passado nem o presente neste mundo da ansiedade. A vida é o que imaginamos para o futuro.  "A Vida é sonho", já dizia Calderón de La Barca. Estamos carentes de sonhos. Ídolos fazem acreditar que o mundo poderá ser melhor.

"Ai, Jesus" é uma expressão antiga que significa "o predileto, o querido". Está lá no hino do Flamengo. Gabriel Jesus é o predileto não só da torcida palmeirense. As sobrancelhas arqueadas em circunflexo, quando fala, um ar natural de menino carente torna-o simpático a todos, como Marcos. Se não for superestimado e não se deslumbrar, pode ser uma verde esperança de que o nosso futebol seja melhor. Estamos precisando disso.

A CRISE CHEGOU?

Nunca se viu o Allianz Parque tão vazio. Maneira de dizer. 28.907 contra média de 33.787. Os números de todos os programas de "sócio-torcedor" enganam. Cerca de 60% nunca foram ao estádio, associam-se por pertencimento e/ou descontos. De 10% a 13,5%, considerando o que é publicado pelos clubes, são os mesmos que, em rodízio, sustentam os respectivos programas, comparecendo a mais de 60% dos jogos. Com os ingressos nos preços em que estão, embora haja descontos, está duro de pagá-los. Os clubes precisam adaptar-se aos novos tempos. A procura deve diminuir. É hora de ajustar a oferta pelo valor do ingresso. Para manter os estádios cheios. O futebol não está livre da crise.

EUTRÓPIO

Vinicius Eutrópio, técnico da Chapecoense, deu boa entrevista à TV. Ponderado, consciente do que está acontecendo no Brasil e no mundo, mostrou total noção do funcionamento de um time que luta para ficar na zona nem (G4) – nem (Z4). E ele com potencial para voos mais altos. Junta-se a Eduardo Batista, Roger Machado, Doriva e Milton Mendes. Uma nova geração que merece a chance para nos tirar da mesmice e da obrigação de os grandes se prenderem a medalhões pagando salários absurdos diante das receitas que têm.

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