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'Peço que o Rio faça Jogos acessíveis ao mundo', diz lenda do vôlei de praia

10 out 2015 - 09h11
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O Rio de Janeiro terá a honra de receber durante os Jogos Olímpicos de 2016 aquela que é considerada a maior atleta do vôlei de praia de todos os tempos. Pelo menos, ela própria não tem a menor dúvida de sua presença na Cidade Maravilhosa.

Kerri Walsh
Kerri Walsh
Foto: ivulgação / FIVB

Aos 37 anos, Kerri Walsh ainda precisa se classificar para o evento ao lado da parceira April Ross, e tudo em meio a uma luta contra dois deslocamentos recentes no ombro direito. O primeiro aconteceu em maio deste ano, no Grand Slam de Moscou (RUS). Em julho, o problema se repetiu no Major Series de Gstaad (SUI).

Apesar da infelicidade em um momento-chave na corrida olímpica, a maior rival da brasileira Larissa esbanja confiança e não dá sinais de que já planeja a vida de aposentada do esporte. Ela até brinca que nunca vai deixar de ser uma atleta.

A dupla precisará figurar entre as 15 melhores no ranking olímpico da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) até o dia 23 de junho de 2016, bem como se garantir entre as duas mais bem colocadas dos Estados Unidos. Hoje, Walsh e Ross ocupam a 18ª colocação mundialmente e formam a parceria número três do país, atrás de Lauren Fendrick/Brooke Sweat e Emily Day/Jennifer Kessy.

Se carimbar a vaga ao Rio, a americana de Santa Clara disputará sua quinta Olimpíada. Além dos ouros em Atenas (GRE), em 2004, Pequim (CHN), em 2008, e Londres (ING), em 2012 ainda competiu em Sydney (AUS), em 2000, mas nas quadras.

Ao falar da cidade-sede da Rio-2016, Walsh é só sorrisos. Afinal, foi na capital fluminense que a jogadora conquistou seu primeiro Campeonato Mundial, em 2003, com Misty May. Aos organizadores da Olimpíada, ela pede apenas que realizem Jogos acessíveis ao mundo inteiro.

Em entrevista ao LANCE! por e-mail, Walsh falou sobre suas expectativas para o ano que vem e revelou até mesmo um afago de Larissa durante sua recuperação. Confira:

LANCE!: Você tem a chance de se classificar para a sua quinta edição de Jogos Olímpicos. Se conseguir o objetivo, o que acha que será diferente agora?

Kerri Walsh: Quando eu e Ross nos classificarmos, não vai ter muita diferença para mim. A maior mudança será entrar nas partidas do ano que vem com a experiência de quatro Olimpíadas nas costas e, é claro, por disputar essa competição com uma nova parceira. Esse fator fará com que seja um evento ainda mais especial.

L!: Qual é o seu nível de confiança para obter uma medalha de ouro nos Jogos do Rio e o que acha que precisa fazer para conseguir?

K.W.: Estou extremamente confiante na nossa capacidade de ganhar o ouro! Temos todas as ferramentas necessárias para alcançar este objetivo e mantermos a evolução de nosso conjunto. Será crucial que nós continuemos afinando o nosso ritmo em grandes competições e, é claro, que foquemos em vencer os jogos mais importantes, no mais alto nível, o que naturalmente nós iremos encontrar nos Jogos Olímpicos.

L!: Acredita que sua imagem como uma atleta três vezes campeã olímpica e três vezes campeã mundial ajudou a fazer do vôlei de praia um esporte de maior expressão nos Estados Unidos?

É claro! Estou muito orgulhosa e honrada de ser um espelho para o meu esporte. Misty (May) e eu trabalhamos juntas em um grande momento para o vôlei de praia, e acho que aproveitamos a oportunidade. O esporte vem crescendo tanto desde que começamos a nossa parceria! Mas, mesmo assim, vejo que ele ainda está muito longe de onde nós gostaríamos que ele estivesse.

L!: O fato de ser uma atleta tão premiada em toda a carreira mudou quem você era?

Eu não coloco muito valor em prêmios. O que me inspira é ganhar. Tenho uma vida abençoada, porque fui capaz de perseguir meus sonhos. Eu tenho uma vida ótima por isso, e os prêmios não têm sido importantes.

Se garantirem vaga, Walsh e Ross disputarão a primeira Olimpíada juntas (Foto: Divulgação/FIVB)

L!: Como foi a sua adaptação da quadra para o vôlei de praia após os Jogos Olímpicos de Sydney, e por que você escolheu fazer essa mudança?

Eu mudei, porque eu estava pronta mentalmente para uma mudança. Joguei na quadra por 12 anos e achei que era hora de mudar. Foi uma transição muito humilhante e frustrante, mas uma vez que tomei a decisão de não voltar atrás, me vi diante de um desafio incrível e inspirador que trouxe muitas bênçãos na minha vida. Além disso, quando alguém como Misty May-Treanor te convida para ser sua dupla, você ganha importância (risos).

L!: Hoje, você diria que os Jogos Olímpicos do Rio serão os últimos de sua carreira?

Para ser honesta, hoje não tenho a menor idéia se serão os últimos.

L!: Quando deixar de ser atleta, qual é seu maior plano? Você considera se tornar treinadora?

Eu sempre vou ser uma atleta de alguma forma, e meu plano é sempre crescer em todos os aspectos da vida. Treinar equipes é uma possibilidade para o futuro, mas vamos ver.

L!: Quando você veio ao Rio de Janeiro para o evento-teste da Rio-2016, em setembro deste ano, o que você mais gostou e o que mais te decepcionou?

Eu adorei brincar na Praia de Copacabana! Foi uma enorme oportunidade para April e eu conhecermos o palco dos Jogos Olímpicos um ano antes. A única coisa que não gostei foi o nosso resultado.

(Nota da redação: A dupla perdeu nas oitavas de final para as compatriotas Summer e Carico).

L!: Se você pudesse fazer um pedido para os organizadores dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro para que o evento seja o melhor possível, qual seria?

Pediria que eles fizessem os Jogos Olímpicos mais acessíveis possíveis para ao mundo inteiro. Que os fãs dos outros países e suas famílias sejam bem atendidos nas arenas e possam torcer pelos seus compatriotas.

Walsh esteve no Rio em setembro para a etapa do Rio do Circuito Mundial (Foto: Divulgação/FIVB)

L!: O que você pode falar sobre a Larissa, que sempre foi uma de suas maiores rivais? Você tem em suas memórias um jogo marcante contra ela ou se lembra de alguma coisa marcante que ela te disse?

Eu sempre gostei de competir contra a Larissa ao longo dos anos. Sem dúvida, ela tem sido uma das melhores do mundo por um bom tempo. Tenho muitas boas memórias de partidas contra ela e não poderia escolher apenas uma. Quando nós a enfrentamos na final do Grand Slam de Long Beach este ano (Larissa e Talita venceram por 2 a 0), logo após a decisão ela veio me der um abraço e expressou seu respeito pela forma como April e eu competimos, apesar da minha lesão no ombro. Foi muito gentil da parte dela. É ótimo ser reconhecida por seus pares. É algo que realmente aprecio e não ignoro.

L!: Você é treinada pelo Márcio Sicoli, que é brasileiro. O fato de conviver com ele fez de você uma pessoa um pouco brasileira? O que você mais gosta no Brasil?

Eu aprecio o que Márcio trouxe de mais positivo para o meu jogo e o da minha companheira de equipe. Ele é um treinador muito bem planejado e um homem pensativo. Sua paixão pelo vôlei de praia é, em grande parte, devido à paixão que o Brasil tem para este esporte. Eu adoro quando ele fala português para nós e o toque brasileiro que tem para a vida. Eu realmente aprecio o homem que ele é e como ele nos desafia todos os dias.

L!: Como você concilia a carreira do atleta com os seus três filhos e a família (Walsh é casada com o ex-jogador de vôlei de praia Casey Jennings)? Eles às vezes te pedem para parar de jogar, para que tenha mais tempo com eles?

Minha família é uma grande parte do meu sucesso e uma inspiração por trás para que eu continue jogando. É claro que todos nós ficamos tristes quando minha agenda nos deixa longe uns dos outros, mas o tempo que estamos juntos é um tempo de qualidade, e entendemos que este é o meu trabalho. Eu amo meu trabalho e todos nós amamos o estilo de vida que ele nos permite. Nós fazemos tudo como uma equipe, e lidamos com a parte boa e a ruim sempre juntos. Digo que o equilíbrio entre a maternidade e a minha carreira não é, e nem vai ser, sempre tão perfeito. Mas esse é um desafio que eu adoro.

COM A PALAVRA

Larissa

Atleta do vôlei de praia

Rivalidade me ajudou a querer mais

Walsh foi importantíssima em minha carreira. Ela me ajudou a querer sempre mais. Eu e minhas parceiras sempre desejávamos ganhar dela e enfrentá-la na época que jogava com a May, pois isso significava para nós mantermos um nível alto de excelência, buscarmos o nosso melhor. Elas eram o time a ser batido durante muito tempo. Aos poucos, Juliana e eu passamos a ser referência. Walsh e May fazem parte da minha história. Juntas, formaram uma equipe muito forte. E até mesmo hoje, se voltassem a jogar juntas, eu acredito que seriam uma dupla favorita.

QUEM É ELA

Nome

Kerri Walsh Jennings

Nascimento

15/8/1978, em Santa Clara (EUA)

Altura e peso

1,91m e 71kg

Prêmios individuais

Quatro vezes eleita a melhor bloqueadora do mundo, entre 2005 e 2008; três vezes a melhor atacante do mundo (2005 a 2007).

Principais conquistas

Tricampeã olímpica, nas edições de Atenas (GRE), em 2004, Pequim (CHN), em 2008, e Londres (ING), em 2012; quarta colocada em Sydney (AUS), em 2000, com a seleção americana de vôlei de quadra; tricampeã mundial, em 2003, no Rio de Janeiro, em 2005, em Berlim (ALE), e em 2009, em Gstaad (SUI), além de medalhista de prata em 2011, em Roma (ITA).

NÚMEROS

21

É o número de partidas que

Walsh e May disputaram e

venceram em três Jogos

Olímpicos.

3

É o número de filhos de Kerri

Walsh: Joseph Michael, de 6

anos, Sundance Thomas,

5, e Scout Margery,

2.

1

É o número de sets perdidos

por Kerri Walsh em

Olimpíadas, ao lado da

ex-parceira Misty

May.

35

É a média de idade da dupla

Kerri Walsh/April Ross. A

primeira tem 37 anos, e a

segunda está com

33.

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