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Veja como Pelé conseguiu transformar o 'soccer' em um esporte popular

23 out 2015 - 06h30
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Se hoje o futebol é um dos esportes mais populares e praticados nos Estados Unidos, muito disso é por causa do Pelé, que defendeu o NY Cosmos na década de 1970. O eterno craque jogou pelo clube entre 1975 e 1977, e no período, colocou a modalidade no mapa americano, embora ainda ficasse bem atrás de futebol americano, beisebol e basquete. Porém, há quase 40 anos foi colocada a semente para o esporte que hoje cresce com muita força na terra do Tio Sam.

Pelé no Cosmos
Pelé no Cosmos
Foto: Arquivo Lance!

Pelé em ação pelo Cosmos (Foto: Arquivo LANCE!)

O futebol sempre existiu nos Estados Unidos. Ainda no século 19 o esporte era praticado, e embora tenha disputado jogos internacionais antes, a seleção foi oficialmente fundada em 1916, ou seja, já é quase centenária. Porém, sempre ficou na sombra de outras modalidades. Para os americanos, culturalmente, sempre foi difícil aceitar um esporte com poucos pontos, e mais, que pudesse terminar empatado. Para eles, era inaceitável ir ver o jogo e não ter um vencedor. Por isso, não crescia.

Carlos Alberto e Pelé, ex-jogadores do Cosmos, com Marcos Senna, atual jogador do time (Foto: Divulgação)

Até chegar Pelé. O Cosmos, clube da então recém-criada NASL, liga profissional da época, pertencia à Warner, gigante de comunicação, cinema, e outras áreas. Steve Ross, o seu carismático presidente, decidiu que o futebol deveria ser popular no país, e nada melhor do que convocar o principal astro para isso. Com poder financeiro, conseguiu convencer o craque a ser o embaixador de tudo isso. A história que ele fez é conhecida: gols, um título, e verdadeiras multidões indo atrás do craque. Estar em um jogo do time do Rei era mais concorrido do que uma estreia na Broadway. E ainda teve companhia de Carlos Alberto, Neskeens, Beckenbauer...

Evento em 2011 do Cosmos reuniu o Rei com Paul Scholes, ídolo do Manchester United (Foto: Arquivo LANCE!)

Quando Pelé se aposentou, em 1977, houve um período de baixa no futebol, como se as pessoas estivessem "viúvas" do brasileiro. O esporte ficou marcado como bom para a infância e forte apenas no feminino. Até o início da década de 1990, quando recomeçou o processo de crescimento do futebol no país. Graças à Copa do Mundo de 1994 e a criação da Major League Soccer.

Lembra dele? Alexi Lalas foi um dos primeiros astros da MLS (Foto: Portal Talksport)

A MLS seguiu os moldes dos grandes torneios de outros esportes, como NBA (basquete), NFL (futebol americano), MLB (beisebol), NHL (hóquei sobre o gelo), no sistema de franquias, separado por conferências, temporada regular e mata-mata. O projeto foi foi iniciado em 1993, e foi colocado em prática em 1996 com 10 clubes.

Timber Joey, o símbolo do Portland Timbers (Foto: Craig Mitchelldyer/Portland Timbers)

Aos poucos, a MLS foi se firmando, com dificuldades financeiras, mas foi crescendo "devagar e sempre". Até 2005, a liga tentava implementar algumas regras específicas, como a disputa do shootout (espécie de pênaltis, em que os jogadores dominavam a bola na intermediária e saíam na cara dos goleiros rivais) em casa de jogos empatados, uma tentativa de evitar as igualdades nas partidas, sempre impopulares no país. Mas neste ano resolveu aceitar as regras da International Board (IFAB).

Antes disso, outro ponto importante foi a final do torneio de 2002. O país ficou empolgado com o rendimento da seleção na Copa (caiu nas quartas de final), e mais de 60 mil pessoas viram o título do Los Angeles Galaxy em cima do New England Revolution. Tudo isso com o talento dos americanos em fazer espetáculo, como o Portland Timbers e sua tradição de cortar um pedaço de madeira e entregar ao autor de cada gol.

Beckham em sua despedida do LA Galaxy (Foto: Robyn Beck/AFP)

Por falar no LA Galaxy... O time da Califórnia foi essencial para a definição do futebol como esporte popular nos EUA. Contratou o astro David Beckham. Galã, casado com uma estrela pop (Victoria Beckham, ex-Spice Girls), e talentoso dentro das quatro linhas, era o perfil ideal para o público americano.

Kaká chega só no ano que vem, mas já carrega multidões em Orlando (Foto: Reprodução/ Twitter)

Becks ficou no Galaxy entre 2007 e 2012, e ao lado de outros jogadores importantes como Landon Donovan e Robbie Keane, ganhou a MLS duas vezes. Ao mesmo tempo, do outro lado do país, chegou Thierry Henry para o New York Red Bulls, e a Liga Americana começou a se solidificar. Hoje, o torneio tem uma das maiores taxas de ocupação do mundo em seus estádios, e é o oitavo no ranking de público. No ano que vem novos astros vão chegar: Kaká (Orlando City), David Villa e Lampard (ambos no New York City).

Público se empolgou com a Copa do Mundo de 2014 (Foto: AFP)

No meio deste ano, mais duas demonstrações da popularidade do futebol nos Estados Unidos. A primeira durante a Copa do Mundo. A seleção conseguiu passar de um grupo que tinha a Alemanha, que viria a ser campeã, e Portugal de Cristiano Ronaldo. Caiu nas oitavas de final contra a Bélgica, e depois da partida, até o presidente Barack Obama telefonou para o goleiro Tim Howard, destaque absoluto no jogo, para parabenizar a equipe. Mas o que acontecia no país que chamava a atenção. As praças de várias cidades ficaram lotadas para acompanhar os jogos.

Mais de 100 mil pessoas para o amistoso entre Manchester United e Real (Foto: Leon Halip/Getty Images/AFP)

Enquanto tudo isso acontecia nos últimos anos, os gigantes clubes europeus viram que poderiam faturar no país. Excursões foram feitas, e o auge aconteceu em agosto. Manchester United e Real Madrid se enfrentaram em Michigan para um público de quase 110 mil pessoas, um recorde de audiência no país. Tudo isso graças à sementinha colocada por Pelé ainda nos anos 1970.

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