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Luciano do Valle narrava com o coração, não com o ego

19 abr 2014 - 18h47
(atualizado às 20h07)
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Luciano do Valle (centro) morreu após passar mal em viagem de avião
Luciano do Valle (centro) morreu após passar mal em viagem de avião
Foto: Bruno Santos / Terra

A 54 dias de começar, a Copa do Mundo no Brasil sofreu um desfalque irreparável. Perdemos um craque da voz. Um gênio da locução. Um divulgador dos esportes. Um entusiasta do País. Luciano do Valle narrava com a alma e o coração. O ego era deixado de lado. Não forçava carisma, não se fazia de melhor amigo dos ídolos, não tentava competir em popularidade com quem estava em campo, na pista ou no ringue. Tinha a capacidade de transformar uma apática partida de futebol num espetáculo interessantíssimo. Era um artista da emoção.

Luciano do Valle foi um visionário. A partir do futebol, abriu espaço para que outros esportes fossem valorizados na TV, especialmente os olímpicos. Narrou de vôlei a esgrima, de boxe a sinuca, de basquete a automobilismo. Com isso, contribuiu para a profissionalização e a evolução de modalidades até então desprezadas. Trabalhou em várias emissoras, mas seu maior feito aconteceu na Band. Transformou a emissora no 'Canal do Esporte'. Serviu de inspiração para a maioria dos locutores em atividade. Desafiou jornalistas diplomados ao defender que ex-atletas atuassem como comentaristas na TV. Fora do ar, apoiou jovens esportistas e investiu em times. Tinha espírito de técnico e coração de torcedor. 

Dono de sensibilidade ímpar, não narrava o óbvio. Ressaltava os detalhes imperceptíveis, valorizava os pequenos gestos, interpretava com sabedoria cada chute, cada saque, cada cesta, cada ronco do motor, cada nocaute, cada vitória, cada derrota. Com isso, criou gerações de fãs e era unanimidade entre os colegas de profissão, que o chamavam carinhosamente de 'Bolacha'. O seu inconfundível grito de vitória ecoará por muito tempo na memória de quem ama o esporte. Luciano do Valle será lembrado como um grande campeão da vida. Ele partiu pouco antes de viver o sonho de narrar uma Copa no Brasil. De alguma maneira, 200 milhões de brasileiros realizarão isso por ele.

Fonte: Terra
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