Mordida de Suárez foi selvagem e pensada, diz psicanalista
A classificação do Uruguai às oitavas de final da Copa do Mundo ficou em segundo plano, mesmo com a vitória sobre a Itália por 1 a 0 nesta terça-feira, em Natal. O lance da mordida de Luis Suárez no ombro de Chiellini foi motivo de piada - com o atacante do Liverpool chamado de “vampiro” nas redes sociais - e também de crítica: a Fifa já abriu processo disciplinas e pode puni-lo.
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Esta não foi a primeira vez que o atleta se envolveu em lances polêmicos e por vezes agressivos, e o Terra ouviu o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg para compreender o comportamento de Suárez, que na Copa de 2010 também virou personagem do Uruguai por impedir um gol de Gana no último minuto da prorrogação colocando a mão na bola (Suárez foi expulso e o juiz marcou pênalti para o time africano, mas Asamoah Gyan perdeu. Na disputa de pênaltis, Uruguai garantiu vaga às semifinais).
“Foi uma tentativa de compensar corporalmente a adrenalina carreada nos membros inferiores”, explica Goldberg. Especialista em imagética, ele analisou o lance e explica que futebolistas depositam nas pernas e nos pés todo o movimento do esforço, e esta tensão implica no recalque, principalmente da voz e da boca: “por isso, toda vez que pode desrecalcar eles tentam discutir agressivamente com juiz, técnicos ou outros jogadores”.
A atitude de morder, e principalmente a reincidência do caso – quando jogava pelo Ajax, em 2010, Suárez mordeu um jogador do PSV, e ano passado, já pelo Liverpool, mordeu Ivanovic, do Chelsea – levam o psicanalista a acreditar que foi algo pensado, pela falta de controle psíquico.
“Fica claro que a mordida foi dolosa, com intenção, e não culposa. É algo que chamamos de preterintencionalidade. Ele estava a fim de morder, e por não conseguir se concentrar no futebol, usou a força na mandíbula, em um instinto selvagem. É antropofagia. Se ele pudesse, morderia mais vezes”.
Após a partida, e com toda a reclamação dos italianos, Suárez definiu o lance como “algo normal do jogo”, o que para Goldberg indica que o atleta fantasia uma realidade diferente, comparado até com uma atitude infantil, que distribui pontapés e mordidas sem explicações ou motivos.
A falta de controle de Suárez preocupa, e o atleta pode ficar bastante tempo afastado dos gramados. Mesmo com o árbitro da partida não marcando falta no lance ou aplicando cartão ao jogador, a punição pode ser de até dois anos. Na opinião de Goldberg, que estuda e discorre sobre o tema no livro Psicologia da agressividade ele deve receber uma punição com caráter educativo, caso contrário irá repetir. “No mínimo deve ser processado por lesão corporal, criminalmente e suspenso do esporte até que um teste psicológico prove que tem condições de controle da fase oral de personalidade perversa”, explica.