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Boxe

Alexis Vastine, o sonho do ouro olímpico frustrado

10 mar 2015 - 17h33
(atualizado às 17h33)
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Suas lágrimas nas Olimpíadas de Pequim-2008 e Londres-2012 emocionaram a França. Na segunda-feira, Alexis Vastine fez o país chorar novamente quando morreu aos 28 anos, num acidente de helicóptero, na Argentina.

"Sua última meta era ser campeão olímpico e ele se preparava para os Jogos do Rio-2016", declarou à AFP Brahim Asloum, único boxeador francês a ter conquistado o ouro olímpico (em Sydney-2000) e o título mundial no profissional.

"Depois da derrota de 2012, em Londres, Alexis viveu um período de depressão e sofreu repetidas lesões. Em muitos momentos, ele cogitou encerrar a carreira", acrescentou Asloum, hoje dirigente da federação francesa de boxe.

Em Londres, Vastine ficou fora do pódio ao ser eliminado nas quartas de final da categoria até 69 kg pelo ucraniano Taras Shelestiuk, em decisão controversa dos juízes.

Quatro anos antes, em Pequim, Alexis conquistou o bronze, mas a medalha veio com sabor amargo, depois de mais uma decisão polêmica nas semifinais.

"Não pensava que isso fosse acontecer uma segunda vez. É uma grande injustiça, estou de saco cheio", desabafou o pugilista na zona mista depois da desilusão de Londres.

"Posso falar isso claramente, isso é pura política, não esporte", que precisou esperar longos minutos antes de conter o choro para poder falar com a imprensa.

Inconformado com a decisão dos árbitros, Vastine tinha dado um grande soco num canto do ringue, sob aplausos do público britânico, para o qual o francês era o justo vencedor.

"A decisão inicial foi confirmada. Pesadelo", publicou o francês no Facebook, depois do seu recurso oficial ser rejeitado. "Estou como nojo, é como um nocaute, duas vezes seguidas, de forma flagrante", lamentou.

Muito além do esporte, toda a família Vastine também sofreu duas tragédias seguidas, sofrendo danos irreparáveis num intervalo muito curto de tempo.

Três meses antes da morte de Alexis, seus pais perderam a irmã caçula, Célie, num acidente de carro, com apenas 21 anos de idade.

Numa homenagem realizada por sua cidade natal de Pont-Audemer, no noroeste da França, o pai não conseguiu falar uma palavra sequer. Seu irmão Adriani, também boxeador, também estava paralisado pela emoção: "Alexis era um cara do bem, era meu irmão", disse apenas o campeão europeu de boxe de 2011, antes de se derramar em lágrimas.

Vice-campeão europeu amador em Moscou, em 2010, eliminado duas vezes nas oitavas de final do Mundial (2009 e 2011), Alexis, peso meio-médio ligeiro de estilo elegante se sagrou tetracampeão mundial militar em 2008, 2010, 2011, 2014.

Na Argentina, ele participava das gravações de um reality show de sobrevivência para a televisão francesa.

Seu técnico, Thierry Gautier, confirmou à AFP que Alexis ainda sonhava com o ouro olímpico. "Ele voltou a treinar para estar bem fisicamente para o programa, mas também tinha na mira os Jogos militares. Ele estava se preparando discretamente para o grande retorno em 2016, no Rio de Janeiro".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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