Diogo Silva "volta para buraco" e vê presença em 2016 em risco
9 ago2012 - 20h34
(atualizado às 20h45)
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Allan Farina
Direto de Londres
Diogo Silva realizou uma ótima campanha nos Jogos Olímpicos de Londres, mas bateu na trave pela segunda vez quando a medalha estava próxima. O brasileiro do taekwondo, além das dificuldades durante a competição, teve grandes problemas no ciclo olímpico, incluindo mudanças de cidade, clube e até um período de treinamentos dentro do exército. Depois da dura eliminação na decisão pelo bronze nesta quinta-feira, ele se sentiu de volta ao buraco, desabafou e disse não saber se irá ao Rio de Janeiro em 2016.
"Eu acho que preciso estar com uma saúde psicológica muito grande para fazer 2016. Fui um dos atletas demitidos do São Caetano quando mandaram todo mundo embora. Fiquei 2010 sem clube. Mudei três vezes de cidade em quatro anos. Fiquei para o Pré-Olímpico treinando com mais três atletas no centro da Urca dentro do Exército. Passei quase dois meses dando regime militar", relatou o brasileiro, 4º colocado em Londres e Atenas.
Com duas Olimpíadas no currículo, Diogo vai avaliar se o esforço necessário para a preparação aos Jogos do Rio valerá à pena. "Um ciclo olímpico com tantos desafios e você ser rei só em seis meses. Não sei se tenho estômago para isso de novo. Eu vou descansar, rever. Se tiver que ser, vai ser".
Com uma metáfora, o brasileiro explicou a sensação de cair mais uma vez tão próximo da consagração olímpica, mas mostrou determinação para reagir e tentar voltar ao topo no esporte. "A gente sabe que sem medalha olímpica você volta para o buraco de novo. Vou voltar para o meu buraco e cavar para sair no céu de novo. É a única coisa que tenho que fazer".
Com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro se aproximando, Diogo Silva criticou a centralização do poder na organização do evento. O brasileiro também cutucou a discreta representatividade do Brasil dentro do taekwondo mundial, já que o País tem pouca importância na política do esporte e não chega nem a fornecer árbitros para competições internacionais.
"Acho que o Brasil precisa de uma reformulação, já que temos os Jogos Olímpicos em casa. Para ser potência, temos que conversar mais. Ter mais pessoas e informações para fazermos isso juntos. Só alguns membros tomando decisões acho que não é mais o ideal. Tem que ter nossa gente também porque é o nosso cara que resolve lá dentro", afirmou.
Nesta quinta-feira, o brasileiro Diogo Silva alcançou a semifinal da categoria até 68kg do taekwondo e encarou o iraniano Mohammad Bagheri Motamed, que eliminou o afegão Rohullah Nikpah, bronze em Pequim. Contudo, o paulista não resistiu e sucumbiu no desempate (45 a 17), após igualdade por 5 a 5, dando adeus ao ouro e indo disputar agora o terceiro lugar com o britânico Martin Stamper
Foto: Bruno Santos / Terra
O primeiro round foi equilibrado, mas o brasileiro sofreu uma queda que por pouco não lhe rendeu uma lesão. Após se recuperar, Diogo seguiu com o combate, que permanecia amarrado
Foto: Bruno Santos / Terra
A etapa inicial terminou com empate por 0 a 0, com ambos os atletas se estudando bastante e sem conseguir encaixar golpes certeiros
Foto: Bruno Santos / Terra
A segunda etapa contou com vantagem do iraniano, que contou com dois vacilos do brasileiro e recebeu dois pontos da arbitragem. Motamed demonstrava mais tranquilidade, e sabia administrar a diferença obtida ao longo do round. Assim, ganhou por 2 a 0 e foi à parcial final precisando apenas controlar a luta
Foto: Bruno Santos / Terra
O iraniano ampliou a vantagem no início do terceiro round, Diogo sofreu mais advertências e, quando encaminhava para uma derrota por 5 a 1, acertou um chute espetacular na cabeça do rival que empatou o duelo a seis segundos do fim
Foto: Bruno Santos / Terra
Em uma decisão emocionante, o brasileiro foi derrotado por decisão dos árbitros
Foto: AFP
Mas, no golden score, a igualdade seguiu e, no desempate, Diogo perdeu por 45 a 17
Foto: Bruno Santos / Terra
Quarto colocado em Atenas 2004, Diogo Silva teve uma nova oportunidade para disputar uma medalha olímpica
Foto: Bruno Santos / Terra
Nesta quinta-feira, o brasileiro venceu o jordaniano Mohammad Abulibdeh por 7 a 5 e garantiu passagem para a semifinal do torneio válido pela categoria até 68 kg dos Jogos Olímpicos de Londres
Foto: AFP
Diogo Silva foi o primeiro medalhista de ouro do Brasil nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em 2007
Foto: Bruno Santos / Terra
O semblante tranquilo e focado de Diogo Silva refletiram a postura do brasileiro no combate
Foto: Bruno Santos / Terra
Mesmo depois de sofrer 1 a 0 do atleta adversário e receber um golpe nas partes íntimas (que valeu uma punição ao jordaniano), o brasileiro assumiu o controle do combate e começou a pontuar, investindo em contra-ataques
Foto: Bruno Santos / Terra
O representante nacional conseguiu abrir 5 a 1 e tranquilizar o combate durante o último round
Foto: Bruno Santos / Terra
A grande vantagem, contudo, diminuiu rapidamente. O jordaniano, segundo a arbitragem, atingiu Diogo Silva com um chute alto, atingindo o competidor nacional na cabeça. Tal ação rendeu três pontos ao atleta, que diminuiu abruptamente a diferença no marcador nos últimos segundos do duelo pelas quartas de final
Foto: Bruno Santos / Terra
Com pouco tempo, o jordaniano buscou uma blitz que revertesse o marcador contra o brasileiro. Bem focado e tranquilo no combate, apesar da pressão final, Diogo Silva respondeu com eficientes contra-ataques e obteve a vitória por 7 a 5
Foto: Bruno Santos / Terra
Mais cedo, o brasileiro ganhou do uzbeque Dmitriy Kim na primeira rodada
Foto: Bruno Santos / Terra
Quarto colocado nos Jogos de Atenas, em 2004, o brasileiro Diogo Silva estreou com vitória na Olimpíada de Londres
Foto: Bruno Santos / Terra
Na briga por um lugar na semifinal, o paulista enfrentou Mohammad Abulibdeh, da Jordânia, e venceu
Foto: Bruno Santos / Terra
Na manhã desta quinta-feira, o representante nacional do taekwondo venceu o uzbeque Dimitriy Kim por 3 a 2, no Golden Score, com direito a um belo chute giratório no período de desempate, e avançou às quartas de final da categoria até 68 kg
Foto: Bruno Santos / Terra
Variando a base, o lutador brasileiro bloqueou as ações do uzbeque e conseguiu trabalhar no contra-ataque
Foto: Bruno Santos / Terra
Contudo, diante de um rival que também conteve suas ações, o brasileiro não pontuou durante a parcial inicial, e o placar se manteve zerado depois de dois minutos de combate
Foto: Bruno Santos / Terra
Depois de uma parcial truncada, ambos os atletas se soltaram durante o segundo round. O brasileiro, trabalhando no contra-ataque novamente, abriu o placar; contudo, no golpe executado para fazer 1 a 0, Diogo Silva saiu da zona de combate e recebeu uma punição. A diferença no marcador diminuiu o ritmo do competidor nacional, que, pressionado pelo uzbeque, recuou e recebeu outro castigo, sofrendo a igualdade
Foto: Bruno Santos / Terra
No final do segundo round, o uzbeque novamente cresceu no combate e abriu 2 a 1, pressionando Diogo para a decisiva parcial
Foto: Bruno Santos / Terra
Experiente, o brasileiro não caiu no jogo do adversário e conseguiu forçar a realização do Golden Score. Em outro contra-ataque, o atleta encaixou outro golpe no asiático e empatou por 2 a 2. Decisão no tempo extra
Foto: Bruno Santos / Terra
No Golden Score, Diogo Silva aproveitou uma rara abertura na guarda do adversário para sacramentar a vitória. O brasileiro encaixou um chute giratório no tronco do adversário e decretou a classificação para as quartas de final do torneio olímpico de taekwondo