"Decepções" em Londres, brasileiras comemoram bronze no Mundial de Judô
28 out2012 - 10h46
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Lindomar Assis
Direto de Salvador
O judô feminino não foi muito feliz nas Olimpíadas de Londres, disputada em julho. Com exceção de Sarah Menezes, que entrou para a história como a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha de ouro no judô nas Olimpíadas, as outras atletas não foram tão bem.
Mas Londres foi deixada para trás. No último sábado, as meninas do Brasil deram a volta por cima e conseguiram o bronze no Mundial de Judô por Equipes disputado em Salvador. Medalha inédita para o judô feminino. A conquista veio, mas elas admitem que não foi fácil superar os traumas de Londres para ganhar fôlego para a disputa do Mundial.
Uma das que mais sofreu foi Rafaela Silva (63kg). Vítima de racismo na internet por ter aplicado golpe irregular nas Olimpíadas, o que resultou na sua desclassificação, Rafaela diz ter sofrido muito para poder superar o trauma. "Fiquei muito chateada. Passei por momentos terríveis em minha vida, muito angustiada, triste. A Olimpíada é uma competição que todo mundo quer uma medalha, até porque só acontece de quatro em quatro anos, e quando não ganhamos ficamos chateadas", relembrou a judoca.
O sentimento de Érika Miranda (52kg) e Maria Portela (70kg) é semelhante ao da sua companheira de equipe. "Londres não foi o que nós esperávamos, mas o judô nos deus uma lição: quando você cai, você pode se levantar. Estou bem mais forte e hoje olho apenas para o Rio de Janeiro em 2016", afirmou decidida Miranda, eliminada em Londres nas oitavas de final na categoria dos meio-leves.
"Eu não estava pronta para conquistar uma medalha em Londres. Rio de Janeiro sim vai ser bom. Temos um projeto. Aprendi muito com a experiência de Londres. Levei um baque emocional, mas aprendi muito, cresci. Após a Olimpíada continuei trabalhando, me dedicando. Superei todas as dificuldades e hoje comemoro com minhas colegas essa medalha importante", festeja Maria Portela (70kg), eliminada na estreia das Olimpíadas 2012.
A saudita Wojdan Shaherkani, 16 anos, acabou derrotada por ippon na primeira rodada pela portorriquenha Melissa Mojica, mas protagonizou um dos momentos mais marcantes dos Jogos de Londres. Pela primeira vez na história das Olimpíadas, uma judoca da Arábia Saudita participou de uma eliminatória do judô, com direito ao uso do véu islâmico exigido para as mulheres
Foto: Getty Images
O Japão, país mais tradicional da modalidade, teve seu pior desempenho desde Seul 1988, conquistando apenas um ouro. Yoshie Ueno foi a responsável por salvar a honra japonesa. Por outro lado, a Rússia, que não conquistara nenhuma medalha em Pequim, há quatro anos, surpreendeu e subiu cinco vezes ao pódio, com três ouros, uma prata e um bronze
Foto: Getty Images
O francês Teddy Riner confirmou o favoritismo e deu sequência a sua invencibilidade de quase quatro anos na categoria dos pesos-pesados (acima de 100 kg) ao vencer o russo Alexander Mikhaylin e conquistar a medalha de ouro
Foto: Getty Images
Já Luciano Corrêa acabou eliminado nas oitavas de final do torneio de meio-pesados (até 100 kg), após sofrer três punições contra o holandês Henk Grol, segundo colocado do ranking mundial
Foto: Getty Images
O peso médio (até 90 kg) Tiago Camilo não conseguiu avançar para a final, o que o deixaria como o único judoca do mundo a subir no pódio em três categorias diferentes. Na disputa pelo bronze, ele perdeu para o grego Ilias Iliadis, número 1 do mundo e campeão olímpico em Atenas 2004
Foto: Getty Images
Leandro Guilheiro, um dos favoritos na categoria meio-médio (até 81 kg), acabou derrotado pelo japonês Takahiro Nakai na luta pela medalha de bronze
Foto: Getty Images
Por outro lado, outros judocas brasileiros não conseguiram a tão sonhada medalha. Rafaela Silva foi desclassificada da competição de peso leve (até 57 kg) nas oitavas de final por um golpe ilegal na luta contra a húngara Hedvig Karakas. Abalada após a eliminação, ela se desentendou com internautas que a criticaram no Twitter
Foto: Reuters
Mais conhecido como "Baby", Rafael Silva levou o bronze na categoria peso-pesado (acima de 100 kg) após uma maratona de lutas decididas no "golden score". O adversário na luta pelo bronze foi o sul-coreano Sung-Min Kim
Foto: Getty Images
Mayra Aguiar foi mais uma que conquistou o bronze. Na categoria meio-pesado (até 78 kg), ela venceu a holandesa Marhinde Verkek por ippon na disputa pelo terceiro lugar no pódio, após perder a semifinal para a americana Kayla Harrison
Foto: Getty Images
Felipe Kitadai acabou perdendo nas quartas de final da categoria ligeiro (até 60 kg) para o uzbeque Rishod Sobirov, mas recuperou-se e conquistou a medalha de bronze contra o italiano Elio Verde. Mais tarde, o brasileiro quebrou parte da medalha ao levá-la para o banho, mas conseguiu trocá-la por uma nova após pedir ao Comitê Olímpico Internacional (COI)
Foto: Getty Images
No primeiro dia de lutas, Sarah venceu a final da categoria ligeiro (até 48 kg) contra a romena Alina Dumitru, campeã há quatro anos em Pequim, por um wazari e um yuko de vantagem, conquistando a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos de Londres
Foto: Getty Images
Nos Jogos Olímpicos de Londres, o judô distribuiu, de 28 de julho a 3 de agosto, 56 medalhas entre os competidores. Destas, quatro terminaram nas mãos de atletas brasileiros, responsáveis pelo melhor desempenho do País na história. Sarah Menezes fez história como a primeira brasileira a subir ao degrau mais alto do pódio na modalidade