Sarah Menezes relata "assédio terrível" após ouro olímpico
28 out2012 - 09h37
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Lindomar Assis
Direto de Salvador
Há exatos três meses, Sarah Menezes conquistava para o Brasil a primeira medalha de ouro de uma mulher judoca em Jogos Olímpicos. A partir daí, tudo mudou, já que ela foi obrigada a se preocupar com o assédio dos fãs, trabalhos, carreira e conterrâneos. Em Salvador para a disputa do Mundial de judô, a "garota-propaganda" reconhece que tem vivido bem diferente do que antes de conquistar o ouro.
"Agora está tudo mais diferente. É um assédio terrível, muito intenso. As pessoas sempre me reconhecem, tiram fotos. Mas isso não me incomoda não, acho bem legal", afirmou Sarah.
A sua vida não se resume apenas ao assédio dos fãs. O mercado também está de olho na judoca, que luta na categoria 52kg. "Já recebi vários convites para fazer palestras, participar de eventos para incentivar outros atletas. Sempre quando posso eu vou", disse.
Ela divide também o sucesso com os seus conterrâneos. A repercussão da medalha de outro foi tanta, que muitas crianças em seu Estado de origem, o Piauí, resolveram praticar judô após a sua conquista em Londres.
"Fico feliz por saber que muitas crianças, inclusive aqueles mais pobres, foram despertadas para o judô, que muda vidas. Além disso, a autoestima do povo de Piauí aumentou muito, depois da medalha. Isto é bom", festejou a judoca.
Sarah vive um dos melhores momentos da sua carreira. Ela afirma que sempre procura tomar cuidado com as suas decisões, até porque o foco em sua carreira no esporte é primordial.
"É preciso ter muito trabalho e concentração. Temos ainda muita coisa pela frente, então precisamos ter foco em nossos objetivos para tentarmos chegar mais longe e levar mais alegria para o nosso torcedor", assegurou.
Sarah entrou no tatame neste sábado pela primeira vez depois da Olimpíada de Londres. Ela ganhou a medalha de bronze por equipe, prêmio inédito para o judô feminino brasileiro. A disputa segue neste domingo na disputa por equipes entre os homens.
A saudita Wojdan Shaherkani, 16 anos, acabou derrotada por ippon na primeira rodada pela portorriquenha Melissa Mojica, mas protagonizou um dos momentos mais marcantes dos Jogos de Londres. Pela primeira vez na história das Olimpíadas, uma judoca da Arábia Saudita participou de uma eliminatória do judô, com direito ao uso do véu islâmico exigido para as mulheres
Foto: Getty Images
O Japão, país mais tradicional da modalidade, teve seu pior desempenho desde Seul 1988, conquistando apenas um ouro. Yoshie Ueno foi a responsável por salvar a honra japonesa. Por outro lado, a Rússia, que não conquistara nenhuma medalha em Pequim, há quatro anos, surpreendeu e subiu cinco vezes ao pódio, com três ouros, uma prata e um bronze
Foto: Getty Images
O francês Teddy Riner confirmou o favoritismo e deu sequência a sua invencibilidade de quase quatro anos na categoria dos pesos-pesados (acima de 100 kg) ao vencer o russo Alexander Mikhaylin e conquistar a medalha de ouro
Foto: Getty Images
Já Luciano Corrêa acabou eliminado nas oitavas de final do torneio de meio-pesados (até 100 kg), após sofrer três punições contra o holandês Henk Grol, segundo colocado do ranking mundial
Foto: Getty Images
O peso médio (até 90 kg) Tiago Camilo não conseguiu avançar para a final, o que o deixaria como o único judoca do mundo a subir no pódio em três categorias diferentes. Na disputa pelo bronze, ele perdeu para o grego Ilias Iliadis, número 1 do mundo e campeão olímpico em Atenas 2004
Foto: Getty Images
Leandro Guilheiro, um dos favoritos na categoria meio-médio (até 81 kg), acabou derrotado pelo japonês Takahiro Nakai na luta pela medalha de bronze
Foto: Getty Images
Por outro lado, outros judocas brasileiros não conseguiram a tão sonhada medalha. Rafaela Silva foi desclassificada da competição de peso leve (até 57 kg) nas oitavas de final por um golpe ilegal na luta contra a húngara Hedvig Karakas. Abalada após a eliminação, ela se desentendou com internautas que a criticaram no Twitter
Foto: Reuters
Mais conhecido como "Baby", Rafael Silva levou o bronze na categoria peso-pesado (acima de 100 kg) após uma maratona de lutas decididas no "golden score". O adversário na luta pelo bronze foi o sul-coreano Sung-Min Kim
Foto: Getty Images
Mayra Aguiar foi mais uma que conquistou o bronze. Na categoria meio-pesado (até 78 kg), ela venceu a holandesa Marhinde Verkek por ippon na disputa pelo terceiro lugar no pódio, após perder a semifinal para a americana Kayla Harrison
Foto: Getty Images
Felipe Kitadai acabou perdendo nas quartas de final da categoria ligeiro (até 60 kg) para o uzbeque Rishod Sobirov, mas recuperou-se e conquistou a medalha de bronze contra o italiano Elio Verde. Mais tarde, o brasileiro quebrou parte da medalha ao levá-la para o banho, mas conseguiu trocá-la por uma nova após pedir ao Comitê Olímpico Internacional (COI)
Foto: Getty Images
No primeiro dia de lutas, Sarah venceu a final da categoria ligeiro (até 48 kg) contra a romena Alina Dumitru, campeã há quatro anos em Pequim, por um wazari e um yuko de vantagem, conquistando a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos de Londres
Foto: Getty Images
Nos Jogos Olímpicos de Londres, o judô distribuiu, de 28 de julho a 3 de agosto, 56 medalhas entre os competidores. Destas, quatro terminaram nas mãos de atletas brasileiros, responsáveis pelo melhor desempenho do País na história. Sarah Menezes fez história como a primeira brasileira a subir ao degrau mais alto do pódio na modalidade