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MMA

E agora, Jon Jones? O saldo do doping e o futuro do campeão

8 jan 2015 - 08h12
(atualizado às 08h15)
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O mundo do MMA sofreu um nocaute na noite de terça-feira, quando foi noticiado que o multicampeão do UFC Jon Jones havia sido flagrado em um exame antidoping. O lutador americano admitiu que foi pego em um teste surpresa com o principal componente da cocaína e revelou que se internou em uma clínica de reabilitação a drogas.

A revelação foi um duro golpe para o esporte, já que Jon Jones não só é considerado o melhor lutador de MMA do momento como, para muitos, ele teria ultrapassado as maiores lendas da modalidade e se tornado o maior da história.

Depois da queda de Anderson Silva, Jones assumiu o posto de queridinho da entidade, além de ser o único atleta a ter o patrocínio do próprio UFC. E não é para menos. Desde 2008 na competição, o campeão dos meio-pesados fez 16 lutas, ganhou 15 e perdeu apenas uma por ter desferido uma cotovelada ilegal.

Apesar de receber o apoio de grandes personalidades do esporte, o lutador recebeu críticas de alguns colegas que passaram por situação parecida e agora tem uma interrogação sobre os próximos meses de sua brilhante carreira. E agora? Jones perderá seus patrocínios? Ele será afastado? Quem fica com o cinturão? O Terra tenta responder essas perguntas a seguir...

Foto: Reprodução

Julgamentos

Jon Jones foi muito mais apoiado do que criticado após sua bombástica revelação. Não apenas pelas pessoas mais importantes do UFC, mas também por seu principal patrocinador e também fornecedor oficial de materiais esportivos da organização. Se teve a antiga parceria rompida após briga com Daniel Cormier em Las Vegas, a sua nova patrocinadora, Reebok, anunciou que manterá seu contrato e o apoiará durante todo o processo.

“Nós elogiamos as medidas tomadas por Jon para resolver esse problema e vamos apoiá-lo no que for possível. O status de relacionamento de Jon com a Reebok não mudou”, disse por meio de nota oficial enviada ao site norte-americano MMA Junkie.

Dana White, chefão do UFC, seguiu a mesma linha da patrocinadora e acredita que Jon Jones “vai sair dessa como o campeão que é”. “Estou orgulhoso pelo fato de o Jon Jones ter tomado a decisão de entrar em um Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos. Estou confiante de que ele vai consegui sair da reabilitação como o campeão que realmente é”, afirmou o mandatário.

Daniel Cormier, última vítima de Jones, tinha tudo para criticar o campeão dos meio-pesados e exigir alguma providência quanto ao cinturão, mas preferiu tratar a situação como um legítimo cavalheiro e desejou sorte ao rival da categoria.

Quem não encarou a notícia de forma tão compreensiva foi o ex-lutador do UFC Matt Riddle. Demitido há dois anos depois de ser flagrado duas vezes por uso de maconha, o americano esbravejou contra Dana White e acusou a organização de proteger alguns lutadores mesmo após uso de drogas mais pesadas.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação/Reebok

Adeus cinturão?

Foto: Victor Decolongon / Getty Images

Diferente de Matt Riddle e Nick Diaz, futuro adversário de Anderson Silva que também já foi afastado por uso de maconha, Jon Jones, por enquanto, não será suspenso do UFC e nem perderá seu cinturão dos meio-pesados. A grande diferença para esses casos é que os flagrantes foram feitos em momentos distintos. Os dois primeiros foram pegos no final de semana de suas respectivas lutas, enquanto “Bones” estava fora do período de competição.  Como a cocaína, uma droga social, não é considerada pela Wada (Agência Mundial Antidoping) uma substância ilegal fora desse período, Jones teve permitida a sua participação no UFC 182 - já que a consumiu cerca de um mês antes de entrar no octógono. A agência diz que o uso de cocaína não ajuda na performance de um atleta – assim, o teste positivo não irá alterar o resultado da luta de Jones contra Daniel Cormier e nem o fará perder futuramente o título do UFC.

Mas então por que o "por enquanto" na explicação acima? Simplesmente porque tanto Jones quanto Cormier foram testados por duas vezes no período de competição no local do evento: um exame de urina pouco antes da luta, e um exame de sangue e urina logo depois, mas os resultados ainda não foram divulgados. Se a substância aparecer, o lutador poderá ser punido e até mesmo banido do UFC.

Falha administrativa?

<p>Jon Jones foi pego no período fora da competição</p>
Jon Jones foi pego no período fora da competição
Foto: Steve Marcus / Getty Images

Uma informação intrigou os fãs do MMA nesta quarta-feira. O diretor executivo da Comissão Atlética de Nevada, Bob Bennett, revelou ao site MMA Fighting que o exame em que foi submetido Jon Jones foi uma “falha administrativa” e confirmou que o caso será revisto em uma reunião futura a ser realizada pela entidade.

Bennett afirmou que o exame realizado foi uma “anomalia”. Segundo ele, a entidade não deveria ter requisitado o exame para drogas recreativas naquela data, já que o lutador não estava no chamado "período de competição" e, portanto, não poderia ser punido. “Aquilo foi uma anomalia que será abordada no dia 12 de janeiro. Não foi algo solicitado pela Comissão de Nevada. Aquilo parece ter sido uma falha administrativa”. O diretor também revelou que Jones foi testado e aprovado em um novo teste realizado duas semanas depois, apesar de que, na ocasião, o protocolo comum foi seguido – houve testes somente para substâncias como esteroides anabolizantes, e não para drogas recreativas.

Retorno ao octógono

<p>Jon Jones teve trabalho para bater Daniel Cormier</p>
Jon Jones teve trabalho para bater Daniel Cormier
Foto: John Locher / AP

Essa é, sem dúvida, a principal pergunta na cabeça dos fãs não só do lutador, mas de todo o mundo do MMA, e com certeza a mais difícil de ser respondida. Até o momento, o UFC apenas declarou apoio ao lutador, apesar de se dizer “decepcionado” com o fato. Sobre um possível retorno do campeão, nenhuma pista.

Nos últimos três anos, Jon Jones fez duas lutas por temporada. Pensando dessa maneira, ele teria 2015 inteiro para se recuperar, voltar ao octógono e manter sua média. Não existe um tempo específico para esse tipo de tratamento e dependerá muito do nível que está o problema. Como as informações são escassas, é muito difícil dizer como será daqui para frente.

Caso o tratamento demore mais que o esperado, uma possibilidade, que já foi adotada em outras categorias, é colocar em jogo um cinturão interino. Foi assim que Renan Barão iniciou seu reinado nos galos e é dessa forma que Fabrício Werdum começa a brilhar nos pesados.

Se o problema ficar gravíssimo e, por um acaso, Jon Jones não conseguir voltar a lutar, deve ser colocada em prática a mesma decisão de quando George St. Pierre se afastou do UFC. Como o canadense ainda era o detentor do cinturão, Dana White escolheu dois lutadores para definir quem seria o novo campeão dos meio-médios. Na época, Johny Hendricks ficou com o título.

Fonte: Terra
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