Show sertanejo e academia famosa levam KLB à estreia no MMA
- José Edgar de Matos
Esqueça o palco, as músicas românticas e os gritos histéricos das fãs. A partir do dia 16 de dezembro, o grupo KLB transmitirá uma imagem completamente diferente para o público. Pelo menos a letra B da sigla. Recuperado de um acidente automobilístico, Bruno Finato Scornavacca, 28 anos, enfim realizará o sonho de estrear como lutador profissional de MMA. O palco será a tradicional casa de shows Via Funchal, em São Paulo. No evento Fair Fight, o músico debutará na modalidade contra Diego Ramones.
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Sob a desconfiança de já estrear dentro do esporte com fama, Bruno levou adiante a vontade de subir no octógono somente após oito longos anos de treinamento. Entretanto, a história que será confirmada no próximo dia 16 por pouco não foi interrompida. Afastado dos treinos, o músico retomou o desejo agora prestes a ser realizado depois de um encontro inusitado em um show da dupla sertaneja Bruno e Marrone.
"O Bruno começou a treinar com o Macaco (Jorge Patino), que foi para os Estados Unidos. Com a ida, ele ficou sem treinar. Mas, em um show do Bruno e Marrone, estava com o Felipe Sertanejo e o encontrei. Ele, fã de luta, disse que queria voltar a treinar e retornou já com a equipe profissional. Treinou com o Sertanejo, com o Charles do Bronx (lutadores do UFC) e está pronto", contou ao Terra Diego Lima, treinador principal do músico.
"Foi uma baita coincidência. Estávamos no mesmo camarote: eu, o Sertanejo e o Bruno. Aí começamos a trocar ideia e ele disse que era fã do Sertanejo. O Felipe, por outro lado, gosta para caramba de KLB. Assim, o Sertanejo fã dele, o Bruno fã da luta do Sertanejo, foi rápido. Ele veio na academia e ficou a amizade. Até hoje é assim: fazemos churrasco no final de semana e saímos na mão durante a semana", brincou o treinador.
O encontro casual em um show sertanejo resultou no retorno de Bruno para a academia Chute Boxe, uma das mais famosas da história do MMA. Responsável por revelar nomes como Wanderlei Silva, Murilo Ninja, Maurício Shogun e Anderson Silva, a equipe de origem curitibana teve papel fundamental para o músico do KLB colocar os palcos a um segundo plano em virtude das luvas e do octógono.
"Eles estão com planos alternativos (grupo). O irmão (Kiko) foi candidato na eleição e ele treinou muito nesses tempos com vontade de defender a equipe, vestir a camisa da Chute Boxe. Ouvimos eventos juntos e fechamos para estrear em dezembro, data que ele se viu pronto para lutar. E será do jeito que ele quer, no Via Funchal, uma casa de show, que ele tá acostumado", comemorou o treinador, negando qualquer espírito "aventureiro" de Bruno no mundo do MMA.
"Ele já treina há oito anos. Realmente ele está pronto, está num ritmo acelerado. A gente viu que estava pronto e fomos atrás do evento. Antes de pensar em estrear, ele treinou com o Sertanejo e com o Charles do Bronx no camp deles para o UFC. Vestiu a camisa mesmo", orgulha-se Diego Lima.
Como "filho" da Chute Boxe, Bruno possui o muay-thai como principal estilo de luta, assim como Wanderlei Silva, Shogun e Anderson Silva. "Grandes lutadores se formaram aqui assim, e com o Bruno não seria diferente: é base de muay-thai. Ele faz jiu-jitsu, faz wrestling, afinal estrará no MMA. Mas, com ocorreu os outros, com o Bruno não será diferente: ele sempre procurará o nocaute."
Prestes a pisar pela primeira vez profissionalmente em um octógono, Bruno terá pela frente um adversário muito mais experiente. Segundo Diego Lima, Ramones possui quatro lutas profissionais - o site especializado Sherdog, referência em cartéis de MMA, computa apenas uma derrota para Leandro Silva, em dezembro do ano passado. Apesar desta desvantagem, o treinador vê o KLB preparado: "ele é da trocação e não é faixa preta de jiu-jitsu, como o Bruno. Um cara que tentará nocautear, como o Bruno também. Os dois vão cair para dentro."
Tutor de Bruno e responsável por preparar o músico para o combate, Diego Lima vê um futuro positivo para o membro do KLB nas lutas, e até compara o pupilo a um dos grandes nomes do MMA brasileiro para afastar o status de "aventureiro" do mais novo atleta da modalidade no País. "Poderia compara-lo ao Murilo Ninja...o Murilo Ninja da época do Pride. O Bruno, assim como ele, sai pegando com uma sequência forte. Ele gosta muito de lutar e vai levar paralelamente com a música. O MMA será um hobby-profissão", completou.
