Maratonista do Pan já correu atrás de caminhão de lixo
- Vagner Magalhães
- Direto de San Luis Potosí (México)
Aos 28 anos, o maratonista Solonei Rocha da Silva venceu a primeira prova de maratona no ano passado, ao ganhar a disputa em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A entrada no esporte se deu no ano anterior. Atual segundo colocado no ranking brasileiro, o atleta foi descoberto quando trabalhava como coletor de lixo na cidade natal, em Penápolis, interior de São Paulo. Na rotina diária, percorria cerca de 40 quarteirões, corria dos cachorros da vizinhança e erguia pesos significativos nas três horas diárias de serviço.
"Na mão direita você pega um saco de 10 kg e na mão esquerda você pega um de 5 kg. Então você trabalha desproporcionalmente. Você não vai levar uma quantidade exata nas duas mãos. Você é obrigado a trabalhar fazendo um grande esforço. Esse é o lado ruim da coleta de lixo. Você tem de fazer grandes esforços, tirando ter de correr de cachorro e tudo mais. Você você tem de se superar a cada dia de trabalho, porque você não sabe o que tem te esperando ali dentro do saco de lixo", diz.
Do antigo trabalho, ele diz que tem ótimas recordações e que, sem ele, talvez não estivesse competindo hoje com a equipe brasileira que disputará os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara a partir do próximo mês.
"Agradeço a oportunidade que eu tive de trabalhar como coletor. Hoje, graças a Deus, se eu estou correndo maratona, um pouco é por conta disso, por eu ter trabalhado algum tempo como coletor. Foi lá que eu consegui a resistência que eu tenho hoje. Só tenho boas lembranças da coleta de lixo. Hoje já estou sendo reconhecido nacionalmente com o meu trabalho dentro da maratona, representando o Brasil aqui nos Jogos Pan-Americanos. Para mim, está sendo muito gratificante", afirma.
Silva iniciou a preparação para competir na altitude, no mês passado, na Colômbia. Voltou ao Brasil por uma semana e chegou na quinta-feira a San Luís Potosí, para um período de aclimatação no Centro Desportivo La Loma.
"A preparação está sendo boa. Há uma semana a gente estava na Colômbia, fazendo trabalho de altitude, a 2.600 m. Agora a gente está aqui finalizando para chegar bem na prova", diz.
O atleta disse que os resultados foram rápidos para ele e que espera baixar o seu tempo em Guadalajara. "Vai fazer dois anos que eu estou na prova da maratona. Eu estreei em 2010, na maratona de Porto Alegre, e nesse ano de 2012 eu corri a Maratona de Santo Antônio, em Pádova, na Itália. Lá eu fiz 2h11min32. Hoje eu sou o segundo ranqueado na Confederação Brasileira de Atletismo. No ranking brasileiro de maratona, só estou atrás do Marílson (Gomes dos Santos)", concluiu.
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