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Jogos Inverno 2010

Mau desempenho em Vancouver gera crise no esporte russo

19 fev 2010 - 21h37
(atualizado às 22h23)
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MICHAEL SCHWIRTZ
A Olímpiada nem chegou na metade, mas a Rússia parece estar sofrendo de um ataque de pânico coletivo devido ao desempenho medíocre de seus atletas.

"Atletas olímpicos russos perdem superioridade histórica" foi a manchete de primeira página do influente jornal Kommersant, na quinta-feira. Alguns políticos e comentaristas estão pedindo a demissão do ministro dos Esportes e do chefe do Comitê Olímpico Russo.

Embora ainda haja oportunidades de ganhar medalhas, os russos conquistaram apenas três nos primeiros cinco dias; na mesma época da Olimpíada de Inverno de 2006, eles já haviam ganhado nove.

O favoritismo russo não teve êxito no biatlo e a equipe de hóquei feminina foi esmagada duas vezes em uma pontuação combinada de 1 ponto a favor e 18 contra. (é melhor nem mencionar os resultados da patinação artística de duplas.)

Uma das poucas modalidades em que os russos ainda podem ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Vancouver, afirma o tabloide de grande circulação Moskovsky Komsomolets, é a invenção de desculpas. Os atletas culparam as condições do tempo, as instalações esportivas e até a umidade por seus erros.

Depois que grupos aborígenes australianos acusaram a dupla russa (Oksana Domnina e Maxim Shabalin) de patinação artística de zombar dos aborígines, Valentin Piseev, presidente da Federação Russa de Patinação Artística, sugeriu que a dupla estava sendo alvo de um complô internacional para forçá-los a alterar sua apresentação.

"Acho que essa é uma estratégia bem executada contra nossos atletas", Piseev disse a uma TV russa em Vancouver.

Na Rússia, competições esportivas internacionais - particularmente a Olimpíada de Inverno, neste país gelado - são consideradas umas das últimas arenas internacionais de destaque em que o país pode exibir sua força.

A ansiedade tem aumentado porque a Rússia irá sediar os próximos Jogos de Inverno no resort de Sochi, no Mar Negro, em 2014.

Os problemas dos atletas russos, no entanto, parecem ter começado muito antes de Vancouver.

A poderosa máquina esportiva da União Soviética entrou em declínio após o colapso do país em 1991. Treinadores e atletas deixaram a Rússia ou se tornaram cidadãos de países recém-independentes. A infraestrutura se tornou precária.

A Rússia continuou sendo uma grande competidora internacional nos anos 1990, embora dependesse em grande parte de atletas que haviam sido treinados na União Soviética, disse em entrevista Oleg Chikiris, colunista do jornal Sovetsky Sport. Os atletas que chegaram à maioridade após o colapso soviético, no entanto, tiveram menos vantagens, ele disse.

"Aqueles com mais de 20 anos hoje", ele disse, "podem ser chamados de geração perdida".

Nos anos recentes, o governo tem injetado grandes quantias de dinheiro para consertar o estrago, mas, como os primeiros resultados em Vancouver mostram, o esforço ainda não compensou.

"A condição dos esportes russos hoje amarga e ofende todos os cidadãos russos", disse Igor V. Lebedev, líder parlamentar dos Democratas Liberais, um partido nacionalista de oposição.

"Nossos atletas renunciaram suas posições em todos os esportes", ele disse em nota, acrescentando que as autoridades que supervisionam o desenvolvimento atlético no país deveriam ser demitidas.

O partido governista Rússia Unida, liderado pelo primeiro-ministro Vladimir Putin, divulgou um comunicado na quinta-feira sugerindo que poderia haver repercussões para autoridades esportivas se os atletas russos continuassem tendo um desempenho medíocre em Vancouver.

"Qualquer coisa abaixo do quarto lugar para a nossa equipe vai certamente ser um fracasso, incluindo para aqueles que supervisionam os esportes em nosso país", disse Boris Gryzlov, líder do partido Rússia Unida e presidente do parlamento. (Na quinta-feira de manhã, a Rússia estava em 11º lugar na contagem de medalhas.)

Dois russos, Nikita Kriukov e Aleksandr Panzhinsky, ganharam o ouro e a prata no sprint do esqui cross-country na quarta-feira, mas o clima continua sombrio.

Quase toda a esperança que resta está sobre a forte equipe masculina de hóquei da Rússia, que é favorita a uma medalha. Na sexta-feira, outro favorito, a superestrela da patinação artística Yevgeny Plushenko, levou a prata enquanto Evan Lysacek se tornou o primeiro americano a ganhar o ouro na patinação artística masculina desde 1988.

Enquanto isso, atletas e técnicos continuam se explicando. Anton Shipulin culpou às más condições do tempo por ter terminado em 30º lugar no biatlo de 10 km. Irina Gashennikova, goleira do time de hóquei feminino da Rússia, reclamou da alta umidade do ringue, dizendo que isso havia sido em parte responsável pelas derrotas da equipe.

E Albert Demchenko, que competiu no luge, disse que o percurso, encurtado após a morte de Nodar Kumaritashvili, da Géorgia, beneficiou os competidores mais leves.

Já Yuko Kavaguti e Aleksandr Smirnov, a primeira dupla russa que não conseguiu uma medalha na patinação artística de duplas em 46 anos, não tiveram nenhuma desculpa.

"Parece que naquele momento eles não tiveram condições de completar a rotina planejada", Tamara Moskvina, treinadora da dupla, disse ao jornal Novye Izvestia esta semana.

Ou como o jornal Kommersant colocou em uma manchete esta semana: "Fim da Era de Ouro".

Amy Traduções

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O Terra transmite ao vivo a competição em 15 canais simultâneos de vídeo. Além disso, os usuários têm a possibilidade de assistir novamente a todo o conteúdo a qualquer momento. Todo o acesso é gratuito.

Uma equipe de 60 profissionais está encarregada de fazer a cobertura direto de Vancouver e dos estúdios do Terra, em São Paulo, no Brasil, com as últimas notícias, fotos, curiosidades, resultados e bastidores da competição.

A equipe conta com a participação do repórter especialista em esportes radicais Formiga - com 20 anos de experiência em modalidades de neve -, e o pentacampeão mundial de skate Sandro Dias, que comenta a competição em seu blog no Terra.

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