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Musa do curling "herda" talento e quer superar pais com ouro

14 ago 2010 - 11h53
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Emanuel Colombari

Linn Githmark é norueguesa, jogadora de curling e com marcas de respeito no esporte. Porém, pelos próximos dias, a atleta, 27 anos, será instrutora da modalidade no Brasil. Foi ela a escolhida para promover e ensinar seu esporte, em pista montada em um shopping de São Paulo, após iniciativa de uma empresa de cosméticos que trouxe a instalação - até então inédita - ao país.

Capitã da Noruega, Linn conversou com o Terra e contou a respeito de seu começo no esporte, aos 9 anos. Ao longo de sua carreira, participou de nada menos que oito edições do Campeonato Mundial juvenil de curling - começou em 1997, aos 15 anos, e foi a todos os torneios até 2004. No último ano, na cidade canadense de Trois-Rivières, foi a skipper na final contra as canadenses, vencida pelas norueguesas por 9 a 6.

"No mesmo ano, ganhei a prata no Campeonato Mundial (o ouro ficou com o Canadá) e o bronze no Campeonato Europeu. Ainda sou a única que ganhou três medalhas em campeonatos mundiais - juvenil e adulto - no mesmo ano", lembrou Linn, que se mudou para a China em 2006, de onde voltou em 2009.

Durante sua passagem de três anos pela Ásia, Linn não defendeu a seleção norueguesa, e sua principal ligação com o esporte foi a participação em um calendário de divulgação. Resultado: a equipe ficou de fora da Olimpíada de Inverno de 2010, disputada em Vancouver. Por isso, ela mesma não esconde que sua meta é participar da competição em 2014, nos Jogos Olímpicos de Sochi, na Rússia.

"Somos muitos times. Quando decidi ir para a China, meu time não jogou. Outro time disputou a classificação e perdeu tudo. Foi péssimo! Tive que voltar para no ano passado e nos classificamos para o Mundial (disputado em março, no Canadá) e para o Europeu (realizado em dezembro, na Escócia). Agora vamos tentar a Olimpíada, então não vou para a China de novo", responde Linn, rindo. "Temos um novo time, e vamos nos reunir para tentar nos classificar para a Olimpíada de 2014, na Rússia", completou.

O curling surgiu na vida de Linn de forma natural. Sua mãe foi medalha de bronze da modalidade na Olimpíada de Inverno de 1988, em Calgary. Quatro anos depois, na cidade francesa de Albertville, o pai foi medalha de prata, perdendo a final para a Suíça por 7 a 6. "Eu queria jogar curling, mas disseram que eu não podia. Então decidi jogar", brinca Linn, fazendo-se de rebelde.

A norueguesa ainda projeta superar o desempenho dos pais caso consiga sua vaga em 2014. "Meu pai venceu a prata, e minha mãe venceu a bronze. Então vou tentar o ouro", riu a capitã, única da família a herdar o hábito. "Tenho um irmão, mas ele nunca jogou curling na vida. Ele escala. Nunca esteve no gelo", acrescenta.

A escolha para ser capitã de suas equipes veio naturalmente, já no início de carreira. Ao contrário de esportes como o futebol, o próprio jogador pode escolher ser o capitão (ou skipper) do curling. Sua função será fazer o arremesso da pedra, além de orientar os outros três integrantes do time que irão varrer a pedra em direção ao centro do alvo do outro lado do rinque.

"Quando você é jovem, tenta todas as posições - o primeiro, o segundo, o terceiro... Eventualmente, algumas pessoas gostam de fazer o lado tático. Acho muito divertido. Gosto de ajudar meu time. As pessoas que não falam muito podem ser sweepers, por exemplo", diz a comunicativa Linn, tradutora formada.

Com "outra" profissão, Linn lembra que o curling não é uma forma de sobrevivência mesmo em um país frio como a Noruega. A curler, com fluência em chinês e inglês, sobrevive também em trabalhos com publicidade em uma empresa de relações públicas. "Se sua casa é pequena e você não tem um carro, você pode viver do curling", brinca. "Talvez se você não tiver família ou viver na rua, pode até ser que você viva do curling", completa, no mesmo tom de humor quase permanente.

E se não é forma de sobreviência, tampouco é unanimidade entre os noruegueses. "Cross-country é mais um esporte nacional, mas todos conhecem e experimentam o curling. Acho que não vai demorar para que se torne um esporte grande lá. As pessoas gostam do curling. Temos bons jogadores de xadrez também na Noruega e acho que podemos adaptar essa tática ao jogo", diz Linn.

Se para seus compatriotas o curling não é unânime, para ela a modalidade é uma paixão. "Assisto curling o tempo todo. Temos sites que passam curling na internet, então podemos ver jogos o ano todo", diz a bem humorada atleta, lidando com o assédio de seus primeiros dias no Brasil como professora de seu esporte.

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Fonte: Terra
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