PUBLICIDADE

O dia em que me aventurei na "bocha no gelo"

15 ago 2010 - 10h49
(atualizado às 11h23)
Compartilhar

Emanuel Colombari
Direto de São Paulo

Este de camiseta verde sou eu. A loira ao meu lado é Linn Githmark, capitã da equipe de curling da Noruega. Ela foi a escolhida para divulgar o esporte no Brasil e para ser instrutora da pista da modalidade aberta nesta sexta-feira em São Paulo. E além disso, Linn teve a árdua missão de me ensinar a praticar curling, esporte que virou febre no começo do ano durante a realização da Olimpíada de Inverno, em Vancouver - evento com transmissão exclusiva do Terra.

Encontrei Linn por volta das 14h da sexta-feira no Shopping Eldorado, em São Paulo. Depois de alguns minutos de espera, pude conversar com a simpática skipper, que falou de sua família e de sua carreira. Pouco tempo mais tarde, como combinado, ela levou este repórter - que não é nada além de mediano em 90% dos esportes que pratica - à pista de gelo.

O rinque montado tem 20 metros de comprimento, metade de uma pista oficial. O argumento foi lembrado pela simpática Linn quando eu perguntei, de brincadeira, se haveria alguma chance de eu vencê-la em minha estreia. "O rinque oficial tem 40 metros. Não estou acostumada, então pode ser que você me vença", disse a norueguesa, modesta.

Enchi-me de confiança. Na entrada, coloquei uma espécie de sapatilha no pé esquerdo. "Você é destro, então precisa deslizar com o pé esquerdo", me explicou. Já no gelo, percebi como o sapato fazia diferença: quase caí nos primeiros metros de caminhada. Percebi ali que não seria o novo Kevin Martin.

Sem muito equilíbrio, atravessei a pista com uma espécie de patinação - o pé de sapatilha deslizava, enquanto o pé de tênis dava impulso. Linn elogiou a iniciativa e depois me explicou: na hora do arremesso, meu pé direito ficaria apoiado em um suporte, enquanto eu sustentaria meu corpo no pé esquerdo, o da sapatilha. Assim, empurraria meu corpo para escorregar com a pedra. Assim foi feito.

Logo no começo, Linn me mostrou com excelência como fazer. Na pista que desconhecia, jogou sua pedra praticamente no centro do alvo, natural como quem bebe um copo d'água. "Sua vez", me disse, enquanto me ajudava a segurar a "vassoura" com a qual os outros jogadores atuam. "Encaixe o pé e empurre; depois, você pode esticar a perna direita ou dobrá-la. Faça como preferir."

Fiz. E na pista de 20 metros, minha primeira pedra sequer chegou à metade do caminho. Detalhe: o skipper pode deslizar com a própria pedra por até dez metros segundo as regras. Convenhamos, fui um fracasso. E mesmo com aquele arremesso, Linn elogiou meu equilíbrio e me deu uma segunda pedra. Com o mesmo equilíbrio, minha segunda pedra ficou pouca coisa à frente da primeira, que chegou aos 10m.

Meu desempenho só melhorou mesmo no terceiro arremesso. Aí, mais acostumado com os 19 kg que eu segurava, joguei um pouco mais de força no meu impulso de perna e na mão que solta a pedra. Ela foi reta, chegou ao alvo, tirou a pedra de Linn e ficou praticamente no centro. Era quase um milagre.

Linn elogiou o feito. "Muito bem! Você é o melhor que eu vi até agora - ainda que eu não tenha visto os outros", brincou a norueguesa, enquanto me cumprimentava. Comemorei, escorreguei e quase caí. Terminava ali o primeiro end de curling da minha vida. E o melhor: além de acertar um arremesso, não caí sozinho no gelo.

O jogo oficial, além da pista diferente, tem dez ends, com quatro integrantes em cada um dos times. Nós não jogamos com os sweepers - aqueles que varrem o caminho da pedra enquanto o capitão grita. De quebra, Linn precisou apenas de uma pedra para fazer o que eu fiz em três - com mais duas, ela certamente me venceria com facilidade. Mas no fim das contas, quando eu perceber que não sou exatamente um craque no futebol, posso me consolar pensando que meu futuro talvez fosse o curling.

OK, vamos com calma...

Curling no Brasil

O Brasil tem uma equipe de curling. No início deste ano, Celso Kossaka, Marcelo Mello, Cesar Santos e Luis Augusto Silva participaram de uma melhor de cinco contra os Estados Unidos, em confronto que valia uma vaga no Mundial da modalidade, em abril. Porém, diante da experiência americana, o time brasileiro perdeu os três primeiros jogos da disputa, com placares de 10 a 3, 8 a 1 e 8 a 2.

Em São Paulo, a pista está montada no Shopping Eldorado, onde funciona entre os dias 13 e 22 de agosto, das 10h às 22h. A organização reserva horários, mas apenas pessoalmente e para o mesmo dia. As entradas são gratuitas para mulheres e custam R$ 10 reais para homens. Toda a renda será duplicada e revertida para a Associação de Apoio à Dermatite Atópica (AADA), administrada pelo Hospital das Clínicas de São Paulo.

Aprenda com o Terra a jogar "bocha no gelo":
Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade