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Sumô ganha espaço no Brasil, País amante das artes marciais

25 jul 2012 - 15h34
(atualizado às 16h23)
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Em um clube esportivo de São Paulo, o público grita por seus favoritos, enquanto, na arena, atletas corpulentos se enfrentam em rápidos combates que trazem de volta ao Brasil, país apaixonado pelas artes marciais, o milenar sumô dos guerreiros do Japão.

Na terra do samba e do futebol, que abriga a maior população de origem japonesa fora do arquipélago, milhões praticam de forma profissional ou amadora artes marciais como o judô, o karatê e o taekwondo, mas também a capoeira, uma mistura de dança e luta que nasceu entre os escravos africanos no Brasil.

De todas as artes marciais, o sumô é possivelmente a menos difundida, com cerca de mil entusiastas. No entanto, o esporte não para de crescer desde que chegou ao Brasil com os primeiros imigrantes japoneses.

"Adoro o sumô. Comecei com o judô e, algum tempo depois, mudei. É uma arte marcial interessante, dinâmica, explosiva, imprevisível, em que é preciso tomar decisões muito rapidamente", descreve Luciana Watanabe, de 27 anos, neta de japoneses que pratica o sumô há mais de dez anos.

Campeã nacional na categoria peso leve - menos de 65 quilos - e terceira do mundo, Luciana garante que "esta luta te ensina a resolver os problemas de frente, em muito pouco tempo".

"É disso que eu mais gosto", disse, enquanto se prepara para lutar no 17º Campeonato Sul-americano de Sumô, disputado no último fim de semana em São Paulo, junto a um torneio nacional que tem mais de 50 anos de edições.O local é tomado pelos gritos do público. Na arena, os títulos do corpo a corpo são definidos enquanto os sérios árbitros, vestidos roupas escuras e chinelos, observam atentamente os combates.

-- Uma paixão de multidões -- Nem todos os participantes deste torneio amador, que conta com delegações da Argentina, Brasil, Paraguai e Venezuela, correspondem à imagem que se tem dos lutadores de sumô, que, no Japão, onde está a única liga profissional, devem obedecer a requisitos de tamanho e peso.

Aqui, as competências de homens e mulheres estão divididas em três categorias --peso leve, médio e pesado-- além do peso "absoluto", em que competem todos os participantes.

"Geralmente, os maiores ganham, porque o peso ajuda bastante, mas isso não é tudo", comentou Yugo Fukushima, um brasileiro neto de japoneses que encoraja seus alunos de um canto da quadra.

O treinamento dos "sumotoris" é centrado, sobretudo, no desenvolvimento da força e, mais tarde, em técnicas de puxões, empurrões e lançamentos necessárias para enfrentar os adversários dentro do círculo de argila de aproximadamente quatro metros de diâmetro onde ocorrem as disputas.

O primeiro lutador a tocar o solo com outra parte do corpo que não seja a sola dos pés ou que pise fora do círculo está desclassificado. Antes da luta, os competidores se cumprimentam para demonstrar que não têm armas e jogam sal no chão para espantar os maus espíritos.

No Brasil, além da tradicional faixa, os lutadores usam um traje de banho."É muito rápido, tem muita adrenalina, eu adoro", disse João Victor, um adolescente magro de 16 anos sem parentes japoneses. O jovem pratica sumô em uma escola no município de Capão Bonito, no interior de São Paulo, região com forte presença nipônica.

De acordo com dados oficiais, há em torno de 1,8 milhão de brasileiros de origem japonesa, pouco menos de 1% da população total do país.Há 2,5 milhões de praticantes de judô no Brasil, mais de um milhão de estilos diferentes de kung fu e cerca de 500.000 de karatê, segundo as confederações nacionais dessas modalidades.

Estilos próprios de jiu-jitsu também têm sido desenvolvidos nas 156 escolas em todo o país, além do surgimento de muitos praticantes de kendô em cerca de 40 academias.

Nos Jogos Olímpicos de Londres, que começam na sexta-feira, o Brasil participará pela oitava vez consecutiva no judô, com 14 atletas. O país já tem duas medalhas de ouro, três de prata e 10 de bronze na competição.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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