UCI confirma que 7 Voltas da França vencidas por Armstrong não terão dono
26 out2012 - 13h23
(atualizado às 13h34)
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As sete edições da Volta da França vencidas por Lance Armstrong entre 1999 e 2005 ficarão sem herdeiros. A União de Ciclismo Internacional (UCI) anunciou nesta sexta-feira o veredicto sobre os eventos e decidiu não designar nenhum novo campeão para substituir o americano, que foi banido do esporte e perdeu o heptacampeonato devido a um escândalo de doping.
"O comitê diretor decidiu não outorgar os triunfos a outros ciclistas nem modificar as classificações de todas as edições em questão", explicou a UCI em comunicado divulgado nesta sexta.
Assim, as edições de 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005 da prova mais tradicional do ciclismo mundial ficarão na história como sem ganhador definido. Há duas semanas, o diretor da Volta da França, Christian Prudhomme, já havia defendido a tomada dessa atitude.
Armstrong, que com o heptacampeonato era o recordista de conquistas do evento, perdeu todos os sete títulos na última segunda-feira, quando a UCI anunciou a decisão, seguindo as recomendações da Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos).
No último dia 10, a Usada divulgou um dossiê de mais de mil páginas para o qual 26 pessoas, incluindo 15 ciclistas ou ex-ciclistas, forneceram material, reconhecendo o doping na antiga equipe de Armstrong, a US Postal Service.
O americano, 41 anos, deixou o ciclismo em 2005 e retornou ao esporte em 2009, despedindo-se novamente no início do ano passado. Ele sempre se definiu inocente e ressaltou que em toda a carreira nunca testou positivo em um exame antidoping, mas disse em 23 de agosto que não iria mais se defender das acusações da Usada, afirmando considerar injusto o modo como a entidade dirigia o processo relacionado ao assunto.
Devido à grande repercussão do dossiê divulgado pela agência, muitos patrocinadores como a empresa de material esportivo Nike, a fabricante de bicicletas Trek, a companhia cervejeira Anheuser-Busch InBev e a fabricante de óculos de sol Oakley anunciaram o fim da relação comercial com Armstrong. Todas, porém, mantiveram o apoio à Livestrong, fundação criada pelo ex-ciclista em 1997 que arrecadou aproximadamente US$ 500 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) desde então para auxiliar pacientes com câncer.
Armstrong superou um câncer no testículo em 1996 antes de se destacar no esporte. Ele anunciou no último dia 17 que deixaria a presidência da fundação após cinco anos. Na ocasião, informou que a decisão havia sido tomada para ajudar a limitar os danos causados pelas acusações de doping.
Na última segunda-feira a União de Ciclismo Internacional (UCI) baniu Lance Armstrong do esporte pelo resto da vida. O atleta, que venceu a Volta da França entre 1999 e 2005, perdeu seus sete títulos, em um esquema considerado o "mais sofisticado, profissional e bem sucedido programa de doping que o esporte já viu". O jornal espanhol El Mundo listou outros dez casos de atletas que receberam punições exemplares por escândalos. Confira:
Foto: Getty Images
O ciclista espanhol Alberto Contador testou positivo para a substância clembuterol na Volta da França de 2010. Apesar da ínfima quantidade detectada, 5 picogramas, o atleta perdeu os títulos daquela competição e também do Giro da Itália do ano seguinte. Sua suspensão encerrou em 6 de agosto deste ano
Foto: Getty Images
A velocista americana Marion Jones perdeu as cincos medalhas que conquistou nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, depois de reconhecer que havia competido dopada. Foi obrigada a devolver seus três ouros e dois bronzes da Olimpíada, bem como todos os prêmios conquistados a partir daquele ano. Foi condenada ainda a seis meses de prisão e dois anos de liberdade condicional
Foto: Getty Images
O fundista marroquino Rashid Ramzi, campeão da prova dos 1.500 m nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, teve sua medalha cassada cerca de um ano mais tarde por uso da substância dopante eritropoietina
Foto: Getty Images
Em um dos casos mais famosos de doping no esporte, o velocista canadense Ben Johnson derrotou Carl Lewis na final dos 100 m rasos dos Jogos Olímpicos de Seul 1988, tornando-se campeão por 48 horas. Após ser flagrado pelo uso da substância estanozolol, perdeu sua medalha, os recordes e sua reputação. Em 1993 testou positivo para esteroides e então suspenso do esporte pelo resto da vida
Foto: Getty Images
O ciclista americano Floyd Landis, campeão da Volta da França de 2006, deu positivo para testosterona em um exame realizado na 17ª etapa. O atleta perdeu sua vitória um ano mais tarde e, recentemente, foi um dos delatores do caso Armstrong
Foto: Getty Images
Esquiador hispano-alemão, Johann Mühlegg testou positivo para a substância darbepoetina nos Jogos Olímpicos de Inverno de Salt Lake City 2002. Perdeu as três medalhas de ouro conquistadas nas provas de 50 km, 30 km estilo livre e 10 km de perseguição, sendo desqualificado e excluído dos Jogos
Foto: Getty Images
Escândalos de arbitragem são recorrentes na Série A italiana. Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio foram acusados de comprar juízes, sendo apontado o então presidente do time de Turim, Luciano Moggi, como cabeça do esquema. Sua equipe perdeu os títulos de 2004 e 2005 e foi rebaixada para a segunda divisão, enquanto os demais perderam pontos na competição do ano seguinte
Foto: Getty Images
Em 2004 o ciclista britânico David Millar confessou ter se dopado e, por consequência, perdeu sua medalha de ouro conquistada no Mundial de Hamilton. O atleta cumpriu sua punição, voltou a competir e, quatro anos após o retorno, conquistou uma etapa da Volta da França e a medalha de prata em um Mundial
Foto: Getty Images
Time vencedor no início da década de 1990, o Olympique de Marselha foi forçado a jogar a segunda divisão por dois anos, teve retirado seu título francês de 93, que seria seu 5º consecutivo, e ainda não pôde participar do Mundial de Clubes, devido a um escândalo envolvendo seu presidente. Posteriormente o alemão Rudi Völler, então um dos astros da equipe, admitiu que 13 atletas estavam dopados da final da Liga contra o Milan
Foto: Getty Images
Mais um caso de doping no ciclismo aconteceu em 2005 com o espanhol Roberto Heras, que testou positivo na penúltima etapa da Volta da Espanha daquele ano. A contraprova confirmou o resultado e o atleta foi punido, perdendo o título. Em 2011 sua apelação foi aprovada pela justiça, anulando os resultados dos exames