Técnico da Seleção Brasileira de ciclismo é demitido após denunciar doping
31 out2012 - 16h01
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A crise ética que abalou o ciclismo mundial após o caso Lance Armstrong teve seus reflexos também aqui no Brasil. Técnico da Seleção de ciclismo de estrada, Antonio Carlos Silvestre foi desligado de suas funções após acusar atletas da Seleção de competirem dopados quando representam seus clubes.
A denúncia foi feita durante a edição do último domingo do programa Fantástico, da Rede Globo. Na ocasião, Silvestre questionou a queda de rendimento que os atletas sofrem quando vão para a Seleção, afirmando que isso aconteceria porque nos clubes eles competem dopados.
"Eu estou falando como técnico da Seleção Brasileira, de atletas que vivem um período fantástico nos clubes e quando vêm para a Seleção para a correr fora, o rendimento cai. Mas cai por quê? Porque deixou de treinar? Não, muito pelo contrário. Quando vêm para a Seleção, ficam 15, 20 dias treinando. Treinam mais e quando chegam nos eventos internacionais e não... e baixam. Certo? Então, você diz o que? Por quê? É doping!", acusou o ex-treinador no programa televisivo.
Em comunicado oficial emitido nesta quarta-feira, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) confirmou o afastamento do técnico.
Confira a íntegra do comunicado
A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) vem, por meio desta nota, informar que, em respeito aos atletas brasileiros e por acreditar e confiar em um esporte limpo ficou decidido o desligamento do Sr. Antonio Carlos Silvestre do cargo de Técnico da Seleção Brasileira de Ciclismo de Estrada.O afastamento imediato aconteceu logo após as suas declarações infundadas expostas durante o programa "Fantástico", da Rede Globo, exibido neste domingo.
Maior vencedor da história da Volta da França, Lance Armstrong perdeu todos os sete títulos conquistados entre 1999 e 2005 no evento. Presidente da União de Ciclismo Internacional (UCI), Pat McQuaid confirmou a decisão em 22 de outubro, seguindo a recomendação da Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos), que divulgou um dossiê de mais de mil páginas contendo evidências de que o americano se dopou durante a carreira. Relembre os sete títulos que Armstrong perdeu:
Foto: Getty Images
O primeiro título do americano viria em 1999, no dia 25 de julho, correndo pela equipe US Postal Service
Foto: Getty Images
Em 2000, o segundo título; no mesmo ano publica o livro It's Not About the Bike, em que explica seu regresso à competição após superar um câncer, além de ser bronze nos Jogos Olímpicos; em novembro, é divulgada uma investigação aberta na França por causa de uma acusação anônima sobre doping de sua equipe na competição
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Em 2001, não só vence na França como também na Suíça
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Com o quarto título, em 2002, se junta a Jaques Anquetil, Bernard Hinault, Merckx Eddy e Miguel Indurain no grupo de tetracampeões da competição
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Um ano depois vence na França novamente e se iguala ao espanhol Miguel Indurain como pentacampeão
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Armstrong entra definitivamente para a história em 2004, quando se torna o único hexacampeão da Volta da França; semanas antes do início da competição, o atleta é acusado de doping em livro escrito por David Walsh e Pierre Ballester; Mike Ardenson, ex-assistente de Armstrong, alega que encontrou substâncias ilegais no quarto do atleta e o ajudou a fugir de exâmes surpresa, sendo acusado de extorção posteriormente
Foto: Getty Images
Armstrong se aposenta no esporte em 2005, mas antes se consagra heptacampeão na França; o diário francês L'Equipe informa que há novas provas de doping em seis amostras de urina do atleta, supostamente tiradas em 1999