PUBLICIDADE

Novo ministro do Esporte de Dilma enfurece grupo de atletas

29 dez 2014 - 15h16
(atualizado às 16h10)
Compartilhar
Exibir comentários

Dilma Rousseff, presidente eleita do Brasil para o segundo mandato, decepcionou alguns setores com o anúncio dos novos ministros na última semana. Um deles é o esportivo. A nomeação do deputado George Hilton (PRB-MG) para a pasta causou grande decepção, exaltada em manifesto divulgado pelo grupo Atletas Pelo Brasil, que conta com vários nomes importantes brasileiros aposentados ou em atividade. O movimento vê a escolha como uma "barganha política".

"Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado na barganha política. Não se trata de decidir quem seria a melhor pessoa para ocupar o cargo, mas qual partido o terá de acordo com as alianças e que decidirá a seu bel-prazer quem o representará. Nem mesmo uma familiaridade com o tema é observada, o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos", afirma o grupo. 

Ana Moser, William Machado e Raí fazem parte da diretoria do grupo Atletas pelo Brasil
Ana Moser, William Machado e Raí fazem parte da diretoria do grupo Atletas pelo Brasil
Foto: Reprodução

George Hilton substituirá Aldo Rebelo, que foi deslocado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. O novo representante máximo do Esporte brasileiro, que estará no cargo durante a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, tem experiência quase nula no mundo esportivo: é "radialista, apresentador de televisão, teólogo e animador".

Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, ele é próximo do bispo Edir Macedo e não tem projetos relacionados ao esporte em sua trajetória - ainda já foi flagrado com malas de dinheiro em um aeroporto em 2005, fato que causou a expulsão do PFL (atual DEM).

Crítico ferrenho do novo ministro, o Atletas pelo Brasil conta com diversos nomes conhecidos do mundo esportivo, seja em atividade ou não. Até mesmo Dunga, atual treinador da Seleção, está entre os membros.

Fazem parte da diretoria do movimento os ex-jogadores Ana Moser (vôlei), Raí (futebol, ex-São Paulo) e William Machado (futebol, ex-Corinthians). Além deles, Bernardinho, Cafu, Kaká, Daniel Alves, Deco, Fernando Meligeni, Giovanni Gávio, Gustavo Borges, Hortência, Lars e Torben Grael, Paulo André, Rogério Ceni e Rubens Barrichello são alguns dos outros vários membros

Os atletas pedem ainda, em carta, que comemorações de vitórias de atletas brasileiros sejam modificadas daqui para frente. É costume que atletas nacionais que se destaquem em alguma modalidade posem com autoridades após a vitória. No entanto, o grupo vê que a responsabilidade dos triunfos é muito mais dos próprios atletas do que de autoridades, que preferem fazer "politicagem". 

"Nós, atletas, não podemos mais ser usados simplesmente para fotos conjuntas em momentos de vitória nacional. Vamos ser francos, essas conquistas são muitas vezes obtidas a despeito da política esportiva, da legislação e da condução nacional do esporte. E, em alguns casos, encontrando até forças contrárias a dificultar o caminho. Se os governantes querem estar ao lado das vitórias, devem tomar consciência da sua enorme responsabilidade nas derrotas", detona o movimento. 

Veja a nota completa do movimento: 

O Esporte brasileiro está decepcionado

A Atletas pelo Brasil vem manifestar publicamente seu desapontamento com a forma de nomeação do atual Ministério do Esporte.

Somos uma organização não governamental que trabalha pela melhoria da política esportiva no Brasil. Desde 2009, trabalhamos para influenciar as decisões governamentais a fim de que haja uma legislação mais moderna, uma alocação de recursos mais eficiente, uma melhor gestão e transparência no esporte e para que o País possa pensar no esporte como fator estratégico para o desenvolvimento humano e social com importante impacto na saúde, educação e planejamento urbano.

Como diz nossa missão, queremos “melhorar o esporte para melhorar o País”. Acreditamos piamente nisto. Somos uma associação de mais de 60 atletas de relevância para o esporte.

Tivemos, junto com muitos outros, importância no passado, e continuamos tendo no presente. E, muito mais do que isso, queremos ajudar a construir um País com espirito olímpico. Desejamos uma política esportiva (educacional, de participação e de alto rendimento) que nos orgulhe e que mostre um caminho diferente, que aponte para o Esporte que o Brasil merece.

Temos trabalhado na seara política pois acreditamos na participação ativa da sociedade para as mudanças do País. No esporte, só teremos resultados expressivos e de longo prazo caso ele seja administrado com responsabilidade por nossos governantes e legisladores.

Exigimos muito mais respeito e cuidado com tudo que envolve o tema Esporte no Brasil. O que está muito longe de acontecer quando constatamos os critérios, ou a falta deles, que foram usados para a escolha do novo ministro.

Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado na barganha política. Não se trata de decidir quem seria a melhor pessoa para ocupar o cargo, mas qual partido o terá de acordo com as alianças e que decidirá a seu bel-prazer quem o representará. Nem mesmo uma familiaridade com o tema é observada, o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos.

A nomeação com critério unicamente político, na maior parte das vezes, traz consigo o aumento da ineficiência de gestão, descontinuidade da política, reinício de convencimentos e processos e tudo isso com custo aos cofres públicos.

Às vésperas das Olimpíadas, a Presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral.

E nós, atletas, não podemos mais ser mais usados simplesmente para fotos conjuntas em momentos de vitória nacional. Vamos ser francos, essas conquistas são muitas vezes obtidas a despeito da política esportiva, da legislação e da condução nacional do esporte. E, em alguns casos, encontrando até forças contrárias a dificultar o caminho. Se os governantes querem estar ao lado das vitórias, devem tomar consciência da sua enorme responsabilidade nas derrotas.

Mesmo assim, seguimos em frente pois acreditamos em um País melhor, mas reiteramos aqui hoje que, como cidadãos e cidadãs brasileiros, nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor.

Nós da Atletas pelo Brasil continuaremos prontos para ajudar, contribuir e dialogar com todos que desejam deixar um lindo legado esportivo para o País.

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade