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Mascotes da Olimpíada de Londres são mais tecnológicos que carinhosos

20 mai 2010 - 14h52
(atualizado em 7/5/2012 às 09h47)
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Ken Belson

Há décadas, os mascotes olímpicos vem sendo animais alegres que ostentem alguma conexão para com o país anfitrião, como por exemplo a águia Sam, nos jogos de Los Angeles, em 1984, e o cachorrinho Waldi, um dachshund, mascote da Olimpíada de Munique, em 1972. O suporte ideal para mostrar o quanto eles são fofos eram os bonecos de pelúcia.

O Comitê Organizador da Olimpíada de Londres, que está montando os jogos de 2012, decidiu adotar uma nova abordagem, talvez mais apropriada ao nosso mundo digitalizado e à evolução na maneira pela qual as crianças se comunicam, hoje em dia. Na última quarta-feira, o comitê revelou Wenlock e Mandeville, os mascotes dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paraolímpicos de 2012.

Os personagens não tem nada de fofo ou carinhoso; são metálicos, grandalhões e não têm sexo aparente. Os dois estão equipados cada qual com um só olho (na verdade, uma câmera), com uma luz em suas cabeças que simboliza os táxis de Londres, e ostentam braceletes que representam os cinco aneis olímpicos. Suas formas indefinidas e aerodinâmicas os fazem parecer versões em modo ficção científica de Gumby.

Mas os organizadores dos jogos de Londres criaram os mascotes tomando por base 18 meses de entrevistas com crianças, ao longo do processo criativo. Eles dizem que as crianças se sentem mais confortáveis do que muitos adultos na companhia de personagens inanimados e virtuais, que servem como veículo para narrar uma história, real ou imaginada.

"A única coisa que nossas pesquisas com crianças revelaram de maneira incontestável é que elas não estavam em busca de um brinquedo fofinho ou de algo humano, mas sim de algo que tivesse raízes em uma boa história", disse Sebastian Coe, o presidente do comitê organizador, em entrevista por telefone. "Não estou dizendo que estamos desenvolvendo alguma forma sofisticada de arte, com isso; o objetivo é a diversão", afirmou.

Para acompanhar esse tema digital, Wenlock e Mandeville existirão como personagens virtuais em páginas do Facebook e Twitter. As crianças poderão criar narrativas próprias para os personagens. Se um dos usuários do sistema apresentar um dos personagens virtualmente a, por exemplo, um dos membros da tropa de guardas da rainha, sua cabeça se transformará em um quepe de pele de urso, e seu corpo surgirá vestido em uniforme.

Dessa forma, os personagens são mais que bonecos estáticos ou imagens alegres de animais afixadas a todo tipo imaginável de mercadoria (ainda que o número de mercadorias à venda seja imenso): representam mascotes camaleônicos e capazes de múltiplas tarefas.

"A expectativa das crianças hoje em dia é interagir e criar coisas por conta própria", disse Grant Hunter, diretor de criação da Iris London, a agência contratada para conceber Wenlock e Mandeville. "As possibilidades são infinitas", afirmou.

Os adultos de certa geração podem se surpreender com o desenho do mascote, mas é bastante provável que apreciem os antecedentes criados para eles. Wenlock usa o nome de Much Wenlock, a cidade britânica que sediou um torneio esportivo de verão que inspirou o barão Pierre de Coubertin, o criador dos Jogos Olímpicos da era moderna. Mandeville é homenagem a Stoke Mandeville, a cidade em que foram realizados os jogos precursores das atuais Paraolimpíadas, em 1948.

Que os designers tenham conseguido vincular a longa história olímpica do Reino Unido aos mais recentes personagens digitais é uma realização de ordem olímpica, disseram designers.

"A biologia e a tecnologia estão se combinando", disse Edward O¿Hara, vice-presidente de criação da SME, uma agência que desenvolve logotipos para equipes esportivas estudantis e profissionais. "Certamente não seguiram o mesmo modelo de passados mascotes, mas estão acompanhando bem, em termos conceituais, aquilo que atrai a juventude atual", completou.

Tradução de Paulo Migliacci

Wenlock e Mandeville são os mascotes dos Jogos Olímpicos de Londres
Wenlock e Mandeville são os mascotes dos Jogos Olímpicos de Londres
Foto: AP
The New York Times
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