ONG formada por atletas lança manifesto contra demolições no Rio
A Organização Não Governamental (ONG) Atletas Pela Cidadania divulgou nesta sexta-feira um manifesto criticando o fechamento e as futuras demolições do Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de Lamare, na cidade do Rio de Janeiro.
As instalações irão ao chão por causa das obras no Complexo do Maracanã visando à Copa do Mundo de Futebol, no ano que vem.
A ONG é formada por atletas e ex-competidores bastante conhecidos do público, como Raí, Bernardinho, Gustavo Borges, Rubens Barrichello, Joaquim Cruz, entre outros. No total, são 56 associados das mais diversas modalidades, como futebol, basquete, vôlei, natação, vela, atletismo e outras.
Na próxima semana, a entidade prometeu conceder uma entrevista coletiva à imprensa para falar sobre o assunto e para buscar uma solução do problema com as autoridades.
Confira abaixo a nota na íntegra divulgada pela Atletas pela Cidadania no site oficial da ONG:
"Nós, atletas e ex-atletas brasileiros e representantes da organização Atletas pela Cidadania, nos manifestamos contrariamente ao fechamento do Parque Aquático Julio Delamare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros, ambos no complexo do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Durante décadas, o Julio Delamare e o Célio de Barros se notabilizaram como dois dos maiores templos do esporte no país, recebendo grande parte das principais competições de atletismo, natação, saltos ornamentais, nado sincronizado e polo aquático. Alguns dos maiores atletas de nossa história olímpica se formaram e se consagraram no complexo esportivo do Maracanã.
Até o início deste ano, mais de duas centenas de atletas de alto rendimento ainda realizavam seus treinamentos no local, batalhando diariamente por índices para as principais competições de suas modalidades e categorias. Além disso, o Célio de Barros e o Julio Delamare foram espaços utilizados gratuitamente por cerca de 15 mil pessoas que se beneficiavam de projetos sociais de iniciação ao esporte e de tratamentos de problemas de saúde por meio de atividades físicas.
A prática do esporte pela população de uma nação, além de inúmeros benefícios na educação, saúde e construção de valores, resulta em descoberta e formação de atletas de alto rendimento. E esses campeões, por sua vez, são resultado da valorização e da infraestrutura do esporte na mesma nação. E hoje a realidade é triste. Não há planejamento de longo prazo e valorização do esporte, mas tão somente das construções e investimentos em infraestrutura. E em relação aos esportistas, a situação fica ainda pior. Apesar de destaque em suas modalidades, de terem passado por todas as dimensões do esporte, muitos se destacando em outras áreas como empresários, gestores e em outras atividades de sucesso, nunca são consultados ou sequer ouvidos, apesar de tentarem apresentar propostas com a disposição de colocar seu tempo à disposição do país.
Por isso, hoje nos manifestamos. Pois entendemos que a demolição destes equipamentos esportivos para a construção de estacionamentos e centros comerciais sem nenhuma justificativa plausível ou qualquer negociação com os representantes esportivos e os próprios atletas retrata uma política de nossa nação no esporte que contraria o discurso da construção de um legado transparente e positivo para todos.
Gostaríamos que o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura Municipal revissem suas intenções e chamamos o Ministério dos Esportes e a Presidência da República para se manifestarem sobre o caso. Estamos dispostos a conversar em conjunto, sugerir ideias e propor soluções para que nosso país saia vitorioso antes mesmo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos começarem. O Brasil tem um potencial incrível e poderíamos aproveitar ao máximo o verdadeiro espírito olímpico para multiplicar os valores do esporte.
Reconhecemos o Complexo do Maracanã como um espaço que sempre serviu ao Esporte, à Saúde, à Cultura, à Educação e ao Lazer da população do Rio de Janeiro e acreditamos que essa vocação deve ser mantida e ampliada. Por tudo isso, gostaríamos de reiterar nosso pedido para que as autoridades revejam a ideia de demolição desses centros tão importantes para o nosso país."
