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Orçamento de obras de infraestrutura da Olimpíada chega a R$24,1 bi

16 abr 2014 - 14h35
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O orçamento para as obras de infraestrutura dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro subiu a 24,1 bilhões de reais, um aumento de 7,6 bilhões de reais sobre o estimado na candidatura, apesar de a organização afirmar que não se pode comparar os valores uma vez que novas obras foram acrescentadas e que as cifras precisam ser atualizadas pela inflação.

O custo das obras de infraestrutura era estimado em cerca de 16,5 bilhões de reais na proposta de candidatura da cidade aos Jogos, em outubro de 2009, e inclui projetos de aeroporto, porto, mobilidade urbana e gestão ambiental, entre outras.

De acordo com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), a candidatura não previa, por exemplo, a execução da linha 4 do metrô, uma obra de 8 bilhões de reais. O prefeito argumenta ainda que os valores do dossiê de candidatura precisam ser atualizados pela inflação. O índice oficial de inflação do país, IPCA, acumulado no período foi de cerca de 30 por cento.

Por outro lado, alguns projetos das áreas de segurança, saúde e o próprio aeroporto Galeão, concedido à iniciativa privada neste ano, foram retirados da estimativa.

"É um pouco maior porque é legado. Em nenhum momento esteve drenagem da bacia da Praça da Bandeira, linha 4 do metrô. Se quiser se prender ao dossiê de campanha tem só um BRT (sigla em inglês para Bus Rapid Transit) ligando Barra a Zona Sul. Nós aproveitamos para poder fazer a linha 4 de metrô", disse Paes.

Até o momento, o custo total da Olimpíada do Rio chega a 36,7 bilhões de reais, mas ainda falta acrescentar os gastos com mais da metade das obras que serão realizadas exclusivamente para a Olimpíada.

Para tentar justificar o aumento de custo, o prefeito do Rio fez críticas às organizações dos Jogos de Londres-2012 e Pequim-2008. Ele destacou que, ao contrário dos Jogos da China e da Inglaterra, cerca de 60 por cento dos investimentos totais para a Olimpíada do Rio virão da iniciativa privada.

"Essa é a Olimpíada que mais arrecadou recursos privados. O que é mais importante para nós é o legado; ou seja, quanto mais subir o investimento para o legado, melhor", disse.

"Londres usou muito recurso público; o IBC (centro de transmissão) eles não sabem o que fazer; contrataram uma firma de segurança e às vésperas dos Jogos chamaram o Exército... o Ninho de Pássaro é um monumento ao desperdício do dinheiro público", completou, referindo-se ao estádio construído em Pequim.

"LEGADO"

Os 24,1 bilhões de reais do chamado "legado" dos Jogos Olímpicos serão financiados pelo poder público (57 por cento) e a iniciativa privada (43 por cento). O valor engloba 27 projetos.

"Aqui estão todos os compromissos da cidade do Rio do que melhora e impacta a cidade. Nesse aspecto do legado estamos em dia. Isso é fruto de parcerias", disse Paes na cerimônia de anúncio do orçamento.

Entre os 52 projetos exclusivamente voltados para os Jogos, que formam a chamada matriz de responsabilidade, somente 24 tiveram orçamento divulgado até o momento, somando 5,6 bilhões de reais. Separadamente, o orçamento do comitê organizador Rio-2016 é de 7 bilhões de reais.

Na quinta-feira está programada a publicação do edital de licitação do Parque Olímpico de Deodoro, palco de diversas modalidades nos Jogos e que ainda não saiu do papel.

Segundo o prefeito, a licitação será feita em dois lotes e cerca de 11 dos 28 projetos exclusivos para os Jogos serão resolvidos com essa licitação do Parque de Deodoro. As obras devem começar a partir do segundo semestre. "Ficamos sem gordura para queimar em Deodoro, não podemos errar nada ali. Mas ainda dá", disse Paes.

Na baía de Guanabara, outro gargalo dos Jogos, estão previstas poucas iniciativas para a despoluição. A sujeira do local é alvo de preocupação de atletas e federações internacionais.

O orçamento total da Olimpíada do Rio foi estimado no dossiê da candidatura carioca em 29 bilhões de reais na proposta apresentada ao Comitê Olímpico Internacional (COI) antes da escolha da cidade como sede. Em comparação, a Olimpíada de Londres teve custo total de cerca de 33,5 bilhões de reais (8,9 bilhões de libras).

A pouco mais de dois anos dos Jogos Olímpicos, o Rio foi cobrado pelo COI e pelas federações internacionais na semana passada para acelerar o ritmo dos preparativos, diante dos vários atrasos e problemas nos preparativos.

"Os estádios vão ficar prontos, mas não no luxo que alguns esperam; legado para nós não é o que se faz e depois é desmontado (arenas e equipamentos temporários). O importante é o que fica depois. O verdadeiro legado", afirmou o prefeito.

Outro impasse a ser enfrentado é a greve de operários no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Mesmo com a paralisação desde 3 de abril, Paes garante que o cronograma da obra está no prazo. "O Parque Olímpico está no prazo. A greve é um problema do consórcio que recebe em dia da prefeitura. Ali temos uma PPP (Parceria Público Privada). O atraso quem paga em caso de um aditivo é o empresário", finalizou.

Nesta quarta-feira, parte dos operários chegou a retornar ao canteiro de obras, mas foi convencida a não voltar aos trabalhos.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier e Pedro Fonseca)

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