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A Libertadores de 1999, o maior sonho realizado no Palestra

21 mai 2010 - 10h21
(atualizado às 14h10)
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Diego Garcia

O Palmeiras faz no próximo sábado seu último jogo no Estádio Palestra Itália antes do fechamento, da reforma e da ampliação do local para construção de uma arena, visando o centenário do clube em 2014. Como o projeto ficará pronto apenas em 2012, nada de jogos no estádio enquanto isso. O torcedor sentirá saudades do gramado que foi palco de inúmeras vitórias e conquistas palmeirenses, dentre elas a maior da história do clube: o título da Copa Libertadores de 1999.

Pela terceira vez o clube alviverde chegava à decisão desse torneio - já havia chegado em 61 e em 68, sendo derrotado por Peñarol e Estudiantes, respectivamente - e essa poderia ser uma oportunidade única de conquistar o título mais importante da existência palmeirense. "Nós todos que estávamos envolvidos naquela noite sabíamos que a oportunidade era nossa, no nosso estádio, com nossos torcedores, com a possibilidade de entrarmos para a história deste clube", afirmou Luiz Felipe Scolari, o então treinador do Palmeiras.

O time paulista acabou a competição invicto jogando dentro de seu estádio. Foram cinco jogos, três vitórias e dois empates. Na decisão, uma derrota no jogo de ida na Colômbia por 1 a 0 obrigava a equipe alviverde a vencer por dois gols de diferença para se sagrar campeã. A vitória por um gol levaria a decisão para a disputa de pênaltis.

O primeiro tempo terminou empatado sem gols e os nervos estavam à flor da pele entre os torcedores. No vestiário palmeirense, tudo continuava calmo. O elenco transpirava confiança. "Conversamos no vestiário quase que as mesmas coisas que tínhamos falado antes do inicio do jogo, com algumas correções do que já tinha sido jogado nos 45 minutos iniciais, dar confiança aos atletas e que todos se dedicassem ainda mais para obter aquela conquista", afirmou Felipão.

As emoções ficaram reservadas para a segunda etapa. Evair fez de pênalti o primeiro e logo depois o empate colombiano, também em uma penalidade. O título era do time de Cali até os 31min da segunda etapa, quando apareceu Oséas e colocou o clube brasileiro novamente na frente.

"O meu gol me lembro que ficamos na frente e logo em seguida o Junior Baiano fez aquele pênalti. Mas nós tínhamos a convicção na vitória, pois sabíamos que a equipe do Palmeiras era muito forte. Tínhamos um lado direito com o Arce e um esquerdo com o Júnior muito poderosos e eu sabia da sua característica de cruzar as bolas ou de vez em quando bater cruzado para o meio. Foi muito emocionante", declarou o ex-jogador.

No fim da partida, Evair foi expulso. Mosquera já havia sido pelo lado do Deportivo, mas o brasileiro seria um dos batedores na disputa de pênaltis. "Foi uma sensação de muito alívio quando acabou e nós vencemos, ainda mais para mim, que fiz o gol e depois fui expulso, foi uma sensação de muito alívio, de muita emoção e alegria", disse o ex-atacante sobre a partida.

Com o 2 a 1, a decisão do campeão continental foi levada às penalidades. O Deportivo Cali saiu na frente depois que Zinho desperdiçou a primeira cobrança palmeirense e Dudamel converteu para os colombianos. "Depois de ter batido contra o Corinthians e marcado a confiança era tão grande que até me coloquei à disposição para bater o primeiro pênalti. Quando perdi, pensei que a história, a busca do título mais importante, tudo tinha ido por água abaixo. Aí fica aquela sensação. Se perdesse, ficaria marcado pela perda do pênalti. Toda a trajetória da Libertadores e tudo que eu fiz no Palmeiras não podia terminar daquela forma", expressou o ex-meia da equipe palmeirense e da Seleção.

Depois disso, Júnior Baiano, Roque Júnior e Rogério confirmaram suas cobranças. Bedoya errou para os colombianos e o resultado parcial era de 3 a 3. Faltava a última, do avançado Euller. "Eu estava bem confiante, treinei bastante cobranças de pênalti e isso foi extremamente importante para fazer o gol", afirmou o jogador, que era conhecido como "o filho do vento".

Zapata errou o último chute do time de Cali e o Palmeiras, pela primeira vez na sua história, conquistava o título continental mais importante de todos. "Para nós foi uma coisa muito marcante porque ficamos na história do Palmeiras para sempre. Nunca na história o clube tinha sido campeão da Libertadores e nós conseguimos esse feito, foi um motivo de muito orgulho pra mim", afirmou Oséas. "Naquele momento a única sensação era de correr para todos os lados, abraçar a todos, comemorar, agradecer e viver intensamente aquele momento", lembrou o técnico Scolari, que tinha conquistado esse mesmo campeonato pelo Grêmio em 1995.

O meio-campista Alex foi outro que lembrou com saudade daquele dia mágico na história do clube e destacou a importância do Palestra Itália na conquista. "Me lembro do dia todo! Era uma expectativa enorme por parte de todos os palmeirenses. Sabíamos que o clube já tinha decidido a Libertadores e não venceu. Sabíamos que éramos fortes e tínhamos uma boa chance de entrar para a história do clube e do futebol sul-americano", disse o ex-camisa 10 palmeirense na época e atualmente no Fenerbahce da Turquia.

A Libertadores não era apenas desejo palmeirense. O Corinthians tem nesse troféu o seu maior sonho e é um feito que até hoje não conseguiu conquistar. E, para completar o valor da conquista alviverde, os corintianos haviam sido eliminados pelo próprio Palmeiras nas quartas de final de 1999 - feito que se repetiu na semi de 2000 -, o que contribuiu para acirrar essa rivalidade mais do que nunca. Era a "cereja do bolo" para a torcida palmeirense comemorar ainda mais o maior título dos até então 85 anos de vida palmeirenses.

"Foi uma sensação maravilhosa, indescritível poder conquistar o título diante da nossa torcida. Teve um sabor especial sim ter eliminado o Corinthians na campanha do título, pois foi diante do nosso maior rival e eliminamos ele de uma competição que todos sabem que o Corinthians quer muito. Essa obsessão corintiana pela Libertadores com certeza ainda deu um gostinho melhor pois a imprensa e a torcida enalteceram o nosso feito", finalizou o eterno ídolo do time alviverde Evair, que ajudou a eliminar o arqui-rival alvinegro nos pênaltis.

Confira a campanha do Palmeiras campeão da Libertadores de 1999 e os jogos no Palestra Itália:

1ª Fase

27/02/1999 - Palmeiras 1 x 0 Corinthians - Estádio do Morumbi - São Paulo

03/03/1999 - Cerro Porteño (PAR) 2 x 5 Palmeiras - Estádio Defensores del Chaco - Assunção (PAR)

05/03/1999 - Olímpia (PAR) 4 x 2 Palmeiras - Estádio Defensores del Chaco -Assunção (PAR)

12/03/1999 - Palmeiras 1 x 1 Olímpia (PAR) - Palestra Itália - São Paulo

Zapata desperdiça o pênalti final e Marcos comemora na noite mais gloriosa da história do Palestra Itália
Zapata desperdiça o pênalti final e Marcos comemora na noite mais gloriosa da história do Palestra Itália
Foto: Gazeta Press

17/03/1999 - Corinthians 2 x 1 Palmeiras - Estádio do Morumbi - São Paulo

07/04/1999 - Palmeiras 2 x 1 Cerro Porteño (PAR) - Palestra Itália - São Paulo

Oitavas de Final14/04/1999 - Palmeiras 1 x 1 Vasco da Gama - Palestra Itália - São Paulo

21/04/1999 - Vasco da Gama 2 x 4 Palmeiras - Estádio São Januário - Rio de Janeiro

Quartas de Final

05/05/1999 - Palmeiras 2 x 0 - Corinthians - Estádio do Morumbi - São Paulo

12/05/1999 - Corinthians (2) 2 x 0 (4) Palmeiras - Estádio do Morumbi - São Paulo

Semi Final

19/05/1999 - River Plate (ARG) 1 x 0 Palmeiras - Estádio Defensores Del Chaco - Buenos Aires (ARG)

26/05/1999 - Palmeiras 3 x 0 River Plate (ARG) - Palestra Itália - São Paulo

Final

19/05/1999 - Deportivo Cali (COL) 1 x 0 Palmeiras - Estádio Olímpico Pascual Guerrero - Cali (COL)

26/05/1999 - Palmeiras (4) 2 x 1 (3) Deportivo Cali (COL) - Palestra Itália - São Paulo

FICHA TÉCNICA

Palmeiras 2 x 1 Deportivo Cali (4 a 3 nos pênaltis)

Gols

Palmeiras:

Evair (pênalti) aos 20min e Oséas aos 31min do 2º tempo.

Deportivo Cali: Zapata, aos 30min do 2º tempo.

Palmeiras:

Marcos; Arce (Evair), Júnior Baiano, Roque Júnior, Júnior, Rogério, César Sampaio, Alex (Euller), Zinho, Oséas e Paulo Nunes. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Deportivo Cali

Rafael Dudamel; John Wilmer Pérez (Herman Gaviria), Andrés Mosquera, Mario Yepez, Gerardo Bedoya, Martín Zapata, Alexander Viveros, Arley Betancourt, Mayer Candelo (Freddy Hurtado), Geovanny Córdoba (Manuel Valencia)e Victor Bonilla. Técnico: José Hernández.

Cartões vermelhos

Palmeiras:

Evair (49min do 2º tempo)

Deportivo Cali: Mosquera (34min do 2º tempo)

Árbitro

Ubaldo Aquino (Paraguai)

Local

Palestra Itália, São Paulo (SP)

Público

32 mil pessoas

Fonte: Especial para Terra
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