Caro, criticado e de graça no São Paulo: Wesley vira "mico"
Encerra-se nesta sexta-feira, 27 de fevereiro, o contrato de Wesley com o Palmeiras. E motivos não faltam para qualificar a passagem do meio-campista como uma das piores da história do clube no custo-benefício. Exagero? Talvez. Mas levando em conta as circunstâncias nas quais o jogador chegou à equipe, o rendimento em campo e especialmente o retorno financeiro, fica difícil classificar a situação de outra maneira que não um "mico" alviverde.
"Vaquinha" fracassada, lesão grave logo de cara, fiador do negócio acusando calote, pré-contrato assinado com o rival São Paulo... Foi uma sequência de erros e confusões que culmina agora com a saída do jogador odiado pela torcida e sem render um centavo sequer aos cofres palmeirenses. Relembre o enredo todo e opine: o que define a estadia de três anos de Wesley no Palmeiras?
A "vaquinha" que virou fiasco
O Palmeiras "pagou mico" com Wesley antes mesmo de fechar com o jogador. Com a ajuda de uma empresa, a gestão do ex-presidente Arnaldo Tirone lançou em 2012 uma campanha na internet para arrecadar dinheiro dos torcedores – o objetivo era alcançar os R$ 21 milhões que o clube julgava serem necessários para comprar o meio-campista do Werder Bremen. A realidade, porém, foi bem diferente: conseguiu juntar só R$ 678 mil, ou 3,2% do valor pretendido. Fato curioso: a socialite Val Marchiori foi a maior doadora da campanha, contribuindo com R$ 25 mil.
Financiamento complicado e acusações de calote
A solução do Palmeiras para contratar Wesley foi recorrer a um parceiro – no caso, a empresa do presidente do Criciúma, Antenor Angeloni, que foi o avalista da negociação estipulada em 6 milhões de euros (à época, pouco mais de R$ 13 milhões). O pagamento foi parcelado em três anos, mas no ano passado Angeloni foi a público reclamar que o Palmeiras ainda não tinha desembolsado nenhum centavo para quitar a dívida com o Werder Bremen. O cartola catarinense ainda criticou a diretoria alviverde e disse que "cometeu um erro" ao querer ser fiador de um clube de futebol.
Chegou, treinou e... lesionou
Wesley já chegou ao Palmeiras sob desconfiança da torcida por ter custado caro e por sua contratação ter dado tanto trabalho. Seria necessário um rendimento de alto nível imediato para conter os ânimos e as críticas. Mas o oposto aconteceu: cerca de duas semanas depois de ser oficializado, o meio-campista se contundiu gravemente em derrota para o Guarani. Uma pancada no começo do jogo rompeu os ligamentos de seu joelho direito e o afastou por seis meses dos gramados. Na mesma hora, aumentaram as provocações dos rivais e as preocupações dos palmeirenses.
Retorno com rebaixamento e críticas
Fora da conquista da Copa do Brasil de 2012, o jogador voltou da lesão enquanto o Palmeiras lutava para não cair no Campeonato Brasileiro e conseguiu disputar a reta final da competição. Porém, ainda longe da melhor forma física, não foi suficiente para impedir o segundo rebaixamento da história alviverde. Ganhando um dos maiores salários do elenco, ele foi considerado peça-chave para a campanha do ano seguinte. Mas o primeiro semestre de 2013 foi ruim – criticado pela torcida com adjetivos como "preguiçoso" e "fominha", ele não convenceu os palmeirenses de que sua contratação havia valido a pena.
Melhor fase na Série B...
O segundo semestre de 2013 foi a melhor fase de Wesley no Palmeiras. Após um trabalho específico para recuperar o equilíbrio muscular nas pernas, o jogador foi muito bem na disputa da Série B, sendo muitas vezes o termômetro do time no meio-campo. Fez até seu primeiro gol pela equipe em julho, e despertou o interesse do Atlético-MG, que havia acabado de vencer a Libertadores. Wesley ficou perto de sair do clube alviverde em ótima fase, mas sua trajetória em verde e branco se encerraria de maneira diferente.
...E quase outra queda
O Palmeiras iniciou 2014 com a esperança de manter a base e o embalo da Série B, mas o que aconteceu foi o inverso. Saíram nomes importantes como Henrique e Alan Kardec, Valdivia ficou largos períodos sem jogar, e alguns atletas caíram drasticamente de produção – casos, por exemplo, de Juninho, Leandro e o próprio Wesley. Novamente criticado pela "moleza" em campo, ele jogou mal o Brasileiro e viu o time escapar da degola só na última rodada, no sufoco. O bom futebol do ano anterior deu lugar a jogadas displicentes e pouca disposição.
Pulando o muro - e de graça
Para completar, em agosto ele já poderia assinar pré-contrato com outro clube – e o fez com o arquirrival São Paulo. A notícia vazou e despertou a ira dos palmeirenses, culminando em uma despedida melancólica de um jogador que deu um trabalho desproporcional para ser contratado, custou caro, rendeu bem menos que o esperado e agora sai de graça, pela porta dos fundos. Torcedores alviverdes fizeram até um site para comemorar a saída do meio-campista, encostado desde o início da temporada. Agora livre, resta a Wesley deixar para trás sua passagem alviverde e retomar a carreira no Morumbi.
E pela postagem desta sexta-feira no Instagram, o jogador está otimista: