Delegado confirma imagem de Valdivia com criminoso durante sequestro
A polícia apresentou ao meio-campista Valdivia um vídeo com imagens do circuito interno de uma loja de autopeças, que foram gravadas no dia do sequestro relâmpago sofrido pelo jogador do Palmeiras. Segundo o delegado Marco Aurélio Batista, o chileno reconheceu o criminoso nas imagens, durante o depoimento da noite de segunda.
"Nós temos há alguns dias as imagens do mercado de autopeças. E foi confirmado pelo Valdivia quem era o marginal nas imagens. Estas informações trazidas já estão sendo trabalhadas em investigação a campo", afirmou o delegado, em entrevista à TV Globo.
Acompanhado de sua esposa, Daniela Aranguiz, Valdivia ficou em poder do bandido por cerca de três horas. Neste período, o jogador foi obrigado a sacar R$ 1 mil de um caixa eletrônico. Já na loja, o criminoso queria adquirir um aparelho de som, mas o limite do cartão do chileno não atingia o valor da compra.
Ao sair do estabelecimento, o meio-campista foi obrigado a revelar sua identidade ao bandido. "Talvez pelas pessoas terem reconhecido o Valdivia, no retorno para o carro, o marginal teria perguntado de forma mais incisiva: 'quem é você?'. E o jogador, temeroso pela vida, acabou falando", acrescentou.
Até o momento em que entrou na loja, o bandido ainda não tinha reconhecido o camisa 10 do Palmeiras.
Entenda o caso:
Valdivia foi vítima de um sequestro relâmpago na noite da quinta-feira, dia 7 de junho, na Avenida Sumaré, na zona Oeste de São Paulo. O jogador foi rendido por dois homens armados e ficou durante quase três horas como refém até ser libertado na frente da Academia de Futebol, na Avenida Marquês de São Vicente. O chileno não sofreu ferimentos e teve R$ 1 mil roubados (máximo permitido para saques em caixas eletrônicos no horário).
No momento do sequestro, Valdivia estava acompanhado da mulher, Daniela Aránguiz, que ficou impressionada com o acontecimento e pediu para retornar ao Chile. O camisa 10 foi dispensado da partida de sábado (dia 9) contra o Atlético-MG, no Estádio do Pacaembu, e autorizado a viajar a Santiago na manhã da sexta. O meio-campista havia dito que se reapresentaria na segunda (11).
Em entrevista à emissora chilena TVN, porém, Daniela disse que havia sofrido uma tentativa de agressão sexual dos sequestradores e frisou que não regressaria a São Paulo. "Quando ficamos sozinhos, ele (sequestrador) tentou me tocar. Eu não posso voltar ao Brasil. Tínhamos uma vida, compramos um apartamento, mas eu e meus filhos não vamos voltar", assegurou.
Ciente dos problemas, o Palmeiras admitiu alongar o prazo para que Valdivia se reapresentasse. Gerente de futebol da equipe alviverde, César Sampaio declarou que o meia estava "bem abalado" com o ocorrido e que era necessário "respeitar o lado humano e dar o apoio necessário". O dirigente afirmou que o camisa 10 deveria retornar "quando estivesse bem" e "com a cabeça no clube".
Valdivia, aliás, não se reapresentou na data inicialmente marcada e faltou ao treinamento realizado na manhã de 11 de junho. O meia, porém, embarcou na companhia do pai (e sem a mulher) em Santiago a caminho do Brasil para se reapresentar ao Palmeiras. Contudo, o volante Claudio Valdivia, irmão mais novo do palmeirense, informou que o atleta está disposto a deixar o Palestra Itália.
"A ideia é voltar ao Brasil para conversar com os dirigentes e chegar a um acordo. O Jorge não está bem e viajará nosso pai com ele, para que veja o assunto do contrato. Talvez seja possível ver uma cláusula para deixar (o Palmeiras) e jogar em outro país. Ele quer estar com a família e não conseguirá isso lá (no Brasil)", disse Claudio Valdivia, que chegou a defender o Palmeiras B durante a primeira passagem do meia chileno pelo clube.