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Ex-diretores culpam time medíocre e falta de pulso por crise palmeirense

15 out 2012 - 20h06
(atualizado às 20h19)
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José Edgar de Matos

Em um espaço de dez anos, o torcedor palmeirense volta a viver o pesadelo mais temido para um grande clube brasileiro: a proximidade do rebaixamento. No ano de 2002, o destino foi a Série B. Agora, somente uma recuperação inesperada salvará o time da queda. Na visão de dois nomes que passaram pela alta cúpula alviverde, o calvário vivido pela equipe é visto como consequência do atual trabalho da diretoria, presidida por Arnaldo Tirone e com participação influente do vice Roberto Frizzo.

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"Gostaria de saber o que acontece com o Palmeiras. Houve um pouco de falta de pulso dos dirigentes atuais. Na hora em que deveriam tomar as medidas certas, não tomaram, e chegamos a esta conclusão", afirmou ao Terra Salvador Hugo Palaia, presidente interino do clube de Palestra Itália no ano de 2010, após licença médica de Luiz Gonzaga Belluzzo, e membro da diretoria desde a década de 70.

Derrotado pelo Náutico no último domingo por 1 a 0, o Palmeiras possui uma missão complicadíssima para evitar o segundo rebaixamento à Série B em dez anos. Com somente 26 pontos no Campeonato Brasileiro, o time comandado por Gilson Kleina precisará tirar uma desvantagem de nove em relação ao Bahia, próximo adversário, nesta quarta, às 19h30 (de Brasília), em Salvador, para sair da zona mais indesejada da tabela de classificação.

Diretor do departamento financeiro palmeirense no ano do primeiro rebaixamento da equipe, sob presidência de Mustafá Contursi, Palaia defende a diretoria do ano de 2002, e vê uma postura passiva em relação aos problemas vividos, como diferenças políticas que resultaram em até agressões físicas entre conselheiros na sede do clube.

"A diferença do Palmeiras de hoje para o de 2002 é que atualmente o time é medíocre e de salários multimilionários, com caixa em vermelho de R$ 200 milhões. Temos dívida de pagamento de antecipado até 2017. Falta comando administrativo, de gente que conhece o que é o Palmeiras", disse Palaia, que reclama dos altos investimentos.

"Temos um time medíocre com salários bilionários. No tempo do Mustafá, ele deixou R$ 50 milhões no caixa e não passou a vergonha que estamos passando, de cadeiradas, essas coisas. Não deixou a dívida propensa para a segunda divisão. Vamos ter que pagar a dúvida até 2017. Coitado de quem assumir a presidência do Palmeiras", conclui Palaia, atual membro do Conselho Deliberativo da equipe.

A situação palmeirense se torna ainda mais inacreditável em virtude do início de ano. Embora sempre tenha convivido com questionamentos, o atual elenco alcançou o título da Copa do Brasil, encerrando um jejum de 12 anos sem conquistas nacionais na elite - Copa dos Campeões, em 2000, fora a última. Fora estas duas oportunidades, o tradicional time da capital levantou a taça somente na Série B, em 2003, e no Paulista, em 2008.

O título da Copa do Brasil, na visão de Wladimir Pescarmona, também membro do Conselho Deliberativo e diretor de futebol na rápida gestão de Palaia, acomodou a atual diretoria em relação ao planejamento para o restante da temporada de 2012.

"O time está nessa situação porque achou que os problemas estavam solucionados depois do título da Copa do Brasil. Lembro de uma declaração do Frizzo, que disse que o Palmeiras ia recuperar naturalmente. Se naquela época o Palmeiras tivesse contratado três jogadores de ponta, preparando o time para a Libertadores, não estaria nessa situação. A diretoria achou que solucionou tudo com o título da Copa do Brasil", disse ao Terra.

"A culpa aí tem que cair sobre a diretoria, comissão técnica antiga e os jogadores. Todos têm um papel de culpa. O time vem perdendo desde lá atrás. Com a desculpa da Copa do Brasil, foi-se tampando o Sol com a peneira. Campeão, achou que as coisas iriam se resolver do dia para a noite. A comissão técnica que saiu tem parcela, a diretoria que trouxe jogadores de 'segunda linha' também e os atletas, que aceitaram a situação e não conseguiram reverter", criticou o conselheiro, que viu a saída do então técnico Luiz Felipe Scolari como "tardia".

"O Felipão tinha que sair na Copa do Brasil. Se ganhasse o título, como ganhou, daríamos uma estátua, falaríamos 'muito obrigado' e o tiraríamos. Percebíamos que não havia diálogo entre ele e o elenco. Aquela confusão de plantar notícia irritou os jogadores. Ele saiu tarde. A situação estaria até pior com ele. Não tem o que fazer, perderam o bonde", lamentou.

Apesar da péssima situação na tabela, Pescarmona ainda crê que o time tem "tempo" para evitar a queda e se recusa a apontar as disputas políticas como culpadas pela situação vivida pelo clube.

"Eles terão que fazer um trabalho muito forte. Pode ter certeza que a situação de hoje não é por causa de briga interna, porque fizemos um pacto para não discutir mais política, não falar em eleição, deixamos a diretoria à vontade. Pena que eles acharam que estava tudo bem", concluiu.

Procurada pela reportagem do Terra para responder às críticas, a atual diretoria do Palmeiras preferiu manter o foco no clube. O vice-presidente Roberto Frizzo afirmou que "a preocupação é outra, e não política" e que a cúpula alviverde trabalha apenas em tirar o "time da situação que atualmente vive" no Campeonato Brasileiro.

Salvador Hugo Palaia vê o atual time palmeirense como "medíocre e com salários multimilionários"
Salvador Hugo Palaia vê o atual time palmeirense como "medíocre e com salários multimilionários"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Fonte: Terra
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