Palmeiras não aceita rescisão e visa reverter prejuízo com Valdivia
- João Henrique Marques
- Direto de São Paulo
O Palmeiras investiu pesado em Valdivia, reconhece que o retorno técnico foi abaixo do esperado e aceita a tentativa de reverter o prejuízo com a provável negociação do hoje insatisfeito jogador. No entanto, o clube luta para demover o chileno da ideia de deixar o País após o sequestro relâmpago sofrido na semana passada, e já deu o recado de que a rescisão contratual sem pagamento de multa não será aceita. O objetivo é negociar o atleta por valores próximos aos R$ 14 milhões pagos em agosto de 2010.
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"É muito difícil abrirmos mão do pagamento de multa. Se o Valdivia quiser mesmo sair, a situação será passada aos departamentos jurídico e financeiro do clube", mandou o recado o atual gerente de futebol do Palmeiras, César Sampaio.
O Palmeiras ainda carrega a dívida com o Banco Banif, responsável por conceder empréstimo para a contratação de Valdivia. Entre o pagamento de juros e correções, o valor pode chegar até a R$ 36 milhões caso não seja quitado antes do prazo estipulado, em janeiro de 2016. A verba da venda do chileno seria destinada prioritariamente ao pagamento da dívida bancária.
Outros cálculos também são feitos no clube. Com salário de R$ 400 mil mensais e contrato até o fim de julho de 2015, o Palmeiras vai economizar cerca de R$ 15 milhões com a saída do jogador. O alto custo é colocado como argumento por dirigentes contrários à manutenção de Valdivia.
Mesmo considerando a possibilidade de permanência do chileno, a diretoria do Palmeiras teme desvalorizar consideravelmente Valdivia no mercado. A espera é de que clubes estrangeiros apareçam interessados em investir pesado na contratação.
"Não existem propostas, e nós estamos trabalhando para reverter o quadro emocional dele, tentar recuperá-lo. Se não der, precisaremos calcular a contrapartida", avisou Sampaio.
A multa rescisória de Valdivia para clubes do exterior está estipulada em cerca de R$ 100 milhões. O Palmeiras, dono de 54% dos direitos econômicos do meia - os outros 46% estão divididos entre empresário e investidor -, também trabalha com a possibilidade de um empréstimo do jogador desde que o clube interessado na aquisição arque integralmente com o salário e pague alto pelo acordo.
Entenda o caso:
Valdivia foi vítima de um sequestro relâmpago na noite da quinta-feira, dia 7 de junho, na Avenida Sumaré, na zona Oeste de São Paulo. O jogador foi rendido por dois homens armados e ficou durante quase três horas como refém até ser libertado na frente da Academia de Futebol, na Avenida Marquês de São Vicente. O chileno não sofreu ferimentos e teve R$ 1 mil roubados (máximo permitido para saques em caixas eletrônicos no horário).
No momento do sequestro, Valdivia estava acompanhado da mulher, Daniela Aránguiz, que ficou impressionada com o acontecimento e pediu para retornar ao Chile. O camisa 10 foi dispensado da partida de sábado (dia 9) contra o Atlético-MG, no Estádio do Pacaembu, e autorizado a viajar a Santiago na manhã da sexta. O meio-campista havia dito que se reapresentaria na segunda (11).
Em entrevista à emissora chilena TVN, porém, Daniela disse que havia sofrido uma tentativa de agressão sexual dos sequestradores e frisou que não regressaria a São Paulo. "Quando ficamos sozinhos, ele (sequestrador) tentou me tocar. Eu não posso voltar ao Brasil. Tínhamos uma vida, compramos um apartamento, mas eu e meus filhos não vamos voltar", assegurou.
Ciente dos problemas, o Palmeiras admitiu alongar o prazo para que Valdivia se reapresentasse. Gerente de futebol da equipe alviverde, César Sampaio declarou que o meia estava "bem abalado" com o ocorrido e que era necessário "respeitar o lado humano e dar o apoio necessário". O dirigente afirmou que o camisa 10 deveria retornar "quando estivesse bem" e "com a cabeça no clube".
Valdivia, aliás, não se reapresentou na data inicialmente marcada e faltou ao treinamento realizado na manhã de 11 de junho. O meia, porém, embarcou na companhia do pai (e sem a mulher) em Santiago a caminho do Brasil para se reapresentar ao Palmeiras. Contudo, o volante Claudio Valdivia, irmão mais novo do palmeirense, informou que o atleta está disposto a deixar o Palestra Itália.
"A ideia é voltar ao Brasil para conversar com os dirigentes e chegar a um acordo. O Jorge não está bem e viajará nosso pai com ele, para que veja o assunto do contrato. Talvez seja possível ver uma cláusula para deixar (o Palmeiras) e jogar em outro país. Ele quer estar com a família e não conseguirá isso lá (no Brasil)", disse Claudio Valdivia, que chegou a defender o Palmeiras B durante a primeira passagem do meia chileno pelo clube.