Rivalidade fria! Nobre e Modesto combinam até "cachacinha"
A primeira final entre os dois rivais em 56 anos é motivo para clima quente entre Santos e Palmeiras? Não para os presidentes Paulo Nobre e Modesto Roma Júnior. Ao lado do governador Geraldo Alckmin para um evento contra o racismo no Palácio dos Bandeirantes na última sexta-feira, os dois dirigentes esbanjaram intimidade às vésperas da final do Campeonato Paulista, combinando até tomar uma "cachacinha" depois das partidas.
A dupla passou todo o evento trocando brincadeiras e agrados. O clima motivou a pergunta sobre se eles gostariam de sentar em uma mesa, beber uma cerveja e conversar sobre o jogo. Modesto preferiu vinho, mas o presidente do Palmeiras escolheu dar mais opções para o visitante do próximo domingo.
"Você é meu visitante, eu tomo o que você quiser. Cerveja ou vinho, não tem problema. Ou uma cachacinha", brincou Nobre.
O clima amistoso pode ser reflexo do tempo em que as duas equipes ficaram sem se enfrentar em uma decisão de campeonato. A última vez em que Palmeiras e Santos decidiram uma taça em confronto direto foi no Supercampeonato Paulista de 1959, vencido pelo Palmeiras.
Nobre também mantinha uma relação de amizade com Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, mas isso não evitou confrontos como no Campeonato Brasileiro do ano passado, quando houve a tentativa de barrar a torcida corintiana no Allianz Parque. Já em relação a Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo, Nobre sequer cita o nome do dirigente tricolor quando o menciona em entrevistas, desde a ida de Alan Kardec para o rival.
Quem mais brincou no Palácio dos Bandeirantes foi Modesto. Sempre descontraído, o mandatário santista chegou a "agradecer" ao rival pela insinuação errada de que as rendas dos dois jogos seriam divididas. Elas na verdade ficarão com os clubes mandantes de cada partida.
"Paulo, vai me dar o dinheiro? Obrigado, Paulo! Eu propus, mas ele não concordou, que a renda fosse do visitante", brincou o dirigente, para logo depois elogiar o Allianz Parque. "A renda do Palmeiras é do Palmeiras, fruto da belíssima arena que construíram, fruto de um trabalho muito bem feito. O Santos ainda não tem, mas terá no futuro. Temos que respeitar a belíssima casa que o Palmeiras tem", completou.
Palmeiras e Santos ainda na tem em comum um incomodo com a TV Globo. As duas equipes tiveram apenas clássicos transmitidos ao vivo pela emissora em 2015. A direção santista ficou revoltada durante as quartas de final do Paulista, quando a Globo preferiu passar um filme em vez da partida contra o XV de Piracicaba, apesar de o jogo ter sido realizado no tradicional horário de transmissão, domingo à tarde. Já o Palmeiras comentou publicamente que um dos objetivos do programa de sócio-torcedor é ser menos dependente do dinheiro da TV - e da Globo, por tabela.
Um último motivo para o clima de paz entre os dois presidentes também é a pequena surpresa em serem os protagonistas da decisão do Paulista. Tanto o Santos, que perdeu jogadores importantes e sofre com problemas financeiros, quanto o Palmeiras, quase rebaixado em 2014 e com 20 jogadores novos, eram vistos como inferiores a São Paulo e Corinthians antes do início do torneio.
"Eu e o Paulo marcamos o encontro na segunda-feira passada na Federação. Não foi, Paulo? Nós sabíamos que íamos para a final, tínhamos confiança disso", afirmou Modesto.
E no campo? Modesto jogou o favoritismo para o Palmeiras, mas Nobre preferiu contemporizar. "Claro que o Santos jogando na Vila tem a força de jogar em casa. O Palmeiras jogar no Allianz Parque tem a força de jogar em casa. Não tenho dúvida nenhuma que serão dois grandes jogos. Sem favorito", disse o palmeirense.
A única certeza é que a amizade entre os dois mandatários continuará, não importa quem levantará a taça. "Que sejam ótimos dois jogos, vamos jantar juntos nós dois, independente de resultados", concluiu Nobre.
