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Sem reconhecimento, "Mundial" do Palmeiras completa 60 anos

22 jul 2011 - 07h40
(atualizado às 07h42)
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Felipe Held

Fernanda Russo Filomeno

Time campeão do Palmeiras era formado por Fábio Crippa, Luiz Villa, Juvenal, Salvador, Dema, Rodrigues, Ponce de Leon, Túlio, Liminha, Jair Rosa Pinto e Lima
Time campeão do Palmeiras era formado por Fábio Crippa, Luiz Villa, Juvenal, Salvador, Dema, Rodrigues, Ponce de Leon, Túlio, Liminha, Jair Rosa Pinto e Lima
Foto: Gazeta Press

Há exatos 60 anos o futebol brasileiro conquistava seu primeiro título de caráter mundial: em 22 de julho de 1951, no Estádio do Maracanã, o Palmeiras segurou um empate por 2 a 2 com a Juventus, da Itália, e garantiu o troféu da primeira edição da Copa Rio. O torneio, disputado em solo nacional, reuniu as melhores equipes do planeta na época, mas nunca foi homologado pela Fifa como o primeiro Mundial de Clubes - o reconhecimento "bateu na trave" em 2007.

Após o Brasil perder a final da Copa do Mundo para o Uruguai, em 1950, em pleno Maracanã, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF), com a intenção de não esfriar a paixão dos torcedores brasileiros pelo esporte e aproveitar o sucesso técnico e financeiro da Copa, criou o Torneiro Internacional de Clubes Campeões. A competição, que depois ficou conhecida como Taça Rio, reuniu os campeões nacionais da América do Sul e da Europa. Apenas Áustria e Itália não enviaram os seus campeões, ainda que tenham mandado representantes.

Austria Viena (Áustria), Estrela Vermelha (antiga Iugoslávia), Juventus (Itália), Nacional (Uruguai), Olympique de Nice (França), Sporting Lisboa (Portugal), Palmeiras e Vasco da Gama participaram do torneio, que foi disputado nos Estádios do Pacaembu e do Maracanã.

Embora o público da época tenha considerado o Palmeiras como campeão mundial, a Fifa nunca homologou tal título. Recentemente, o clube enviou à entidade um dossiê comprovando a Taça Rio como o primeiro Mundial de futebol. Em março de 2007, 56 anos depois da conquista, um fax da entidade que rege o futebol teria sido enviado ao Palestra Itália ratificando o pedido alviverde.

A ameaça de que outros clubes tentassem transformar outras conquistas em títulos mundiais, porém, fez com que a Fifa repensasse a decisão e adiasse a homologação. No final daquele ano, a entidade recusou os argumentos palmeirenses e manteve o Mundial de Clubes de 2000 como o primeiro torneio de tal escalão, e o arquirrival Corinthians como o vencedor.

Nada, porém, que tire do palmeirense mais apaixonado, saudosista e orgulhoso a sensação de que a equipe alviverde já conquistou o mundo em um passado distante. Especialmente dado o grau de dificuldade da Taça Rio.

Durante o torneio, todos apontavam o Vasco como o principal favorito ao título. E por isso mesmo houve uma surpresa geral quando o Palmeiras eliminou o time carioca na semifinal, vencendo o primeiro jogo por 2 a 1 e empatando o segundo por 0 a 0. Para se ter ideia de quanto o Vasco era temido pelos rivais, o técnico do Áustria Viena chegou a chamar o time carioca de "máquina de jogar futebol".

O elenco campeão da Taça Rio era formado pelos goleiros Oberdan e Fábio Crippa, pelos zagueiros Salvador, José Sarno, Juvenal e Waldemar Fiúme, pelos meias Aquiles, Canhotinho, Dema, Jair da Rosa Pinto, Lima, Luiz Villa, Rodrigues, Richard e Túlio, e pelos atacantes Liminha e Ponce de Léon. O time era treinado por Ventura Cambon.

O torneio

Os participantes do torneio foram divididos em dois grupos, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Fizeram parte da chave fluminense o Vasco da Gama (campeão carioca de 1950), o Sporting Lisboa (campeão português da temporada 1950/1951), o Nacional de Montevidéu (campeão uruguaio de 1950 e representante do país vencedor da Copa do Mundo anterior) e o Áustria Viena (campeão austríaco da temporada 1949/1950) - o Rapid, que havia vencido a edição anterior imediata do Austríaco, ficou fora.

Já o grupo paulista foi composta por Palmeiras (campeão estadual de 1950 e do torneio Rio-São Paulo de 1951), Olympique de Nice (campeão francês da temporada 1950/1951), Estrela Vermelha (campeão iugoslavo de 1951) e Juventus - o Milan, então campeão italiano, não disputou o torneio.

Após os times do mesmo grupo jogarem entre si, as duas melhores equipes de cada grupo se classificaram para a próxima fase. A Juventus encarou o Austria Viena em dois jogos, empatando o primeiro por 3 a 3 e vencendo o segundo por 3 a 1, garantindo assim, a classificação para a final.

A outra semifinal foi disputada entre Vasco da Gama e Palmeiras. O time paulista venceu o carioca por 2 a 1 e arrancou um empate por 0 a 0 na segunda partida.

Para decidir o campeão, foram realizadas duas partidas. Palmeiras e Juventus se enfrentaram no Pacaembu no dia 18 de julho de 1951, e o time brasileiro venceu por 1 a 0 - apagando o trauma da goleada por 4 a 0 sofrida na fase de grupos. No jogo de volta, realizado no Estádio do Maracanã, diante de mais de 100 mil pessoas, os times empataram por 2 a 2. Assim, o Palmeiras sagrou-se o primeiro campeão mundial interclubes.

Em São Paulo, a equipe teria sido recebida por mais de um milhão de pessoas e saudadas aos gritos de "campeão do mundo".

Confira a ficha técnica da final:

Palmeiras 2 x 2 Juventus

Gols

Palmeiras:
Rodrigues e Liminha

Juventus:
Praest e Boniperti.

Palmeiras: Fábio Crippa, Luiz Villa, Juvenal, Salvador, Dema, Rodrigues, Ponce de Leon, Túlio, Liminha, Jair da Rosa Pinto e Lima. Técnico: Ventura Cambon

Juventus: Viola, Bertucelli, Manente, Mari Jacomo, Parola, Bizzoto, Muccinelli, Karl Hansen, Bonipertti, John Hansen, Praest. Técnico: Carver

Árbitro
Gaby Tordjman (França)

Renda/público:
Cr$ 2.783.190,00/100.093 pessoas (82.892 pagantes)

Local
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)


Fonte: Terra
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