Para se sentir "relaxado", Hypólito leva até umidificador para Londres
26 jul2012 - 08h21
(atualizado às 08h42)
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Celso Paiva
Direto de Londres
Depois de viver uma frustração de ser o grande favorito em Pequim 2008 e acabar fora do pódio por conta de um tombo na exibição de solo, Diego Hypólito chega a Londres mais maduro e calejado com os erros que cometeu há quatro anos. Após o teste de pódio, realizado nesta quarta-feira, o ginasta se mostrou feliz com o que vem fazendo neste novo sonho olímpico e explicou que uma das diferenças para Pequim é o fato de ter criado um ambiente caseiro em Londres.
"Eu trouxe tudo que possa me ajudar aqui para descansar bem, trouxe travesseiro, cobertor, vaporizador, umidificador...Eu trouxe tudo que você possa imaginar para me deixar mais tranquilo para dormir bem. Trouxe bananas ressecadas, mel, barrinha de cereal, suplementações, leite de zero gordura. Tudo que tinha que trazer eu trouxe".
O atleta relembrou a decepção que viveu há quatro anos e tentou explicar onde errou naquela que foi sua grande chance de uma medalha de ouro olímpica. "O primeiro ciclo olímpico foi fácil, foi leve. Em 2005, eu fui campeão mundial. 2006 fui segundo. 2007 fui bicampeão mundial e eu tinha certeza que ia ser campeão olímpico. Mas aqui ninguém pode ter certeza de nada, todos têm chance. A Olimpíada é como um Campeonato Mundial, mas tem um brilho muito maior. Ela é a Olimpíada, o que todo atleta sonha. Eu esqueci disso. Achei que tinha que fazer tudo diferente. O ciclo é feito por momento".
Diego afirmou que a pressão que colocou em si mesmo na China o atrapalhou na competição. "Há quatro anos eu fiquei preso demais naquilo, me tranquei dentro do quarto e dei uma proporção gigante para minha participação. Eu quis fazer tudo diferente do que fazia. Não tem que tentar dar um brilho a mais. A Olimpíada, por si só, já é algo grandioso. Hoje chego muito mais relaxado", disse o ginasta brasileiro.
"Eu pretendo não dar passos muito largos. Essa recuperação foi muito boa, eu me dediquei e vi todas as coisas que pudessem ser benéficas. Não mudei muito a minha rotina. Eu trouxe tudo que eu tinha do Brasil para cá. Eu não fico muito dentro do quarto, fico na fisioterapia, fico na área de entretenimento, não fico tão preso", completou Hypólito.
O atleta reconheceu que o ciclo olímpico de Londres foi muito mais árduo que a caminhada que enfrentou nos quatro anos antes de ir para Pequim. Após cirurgias no joelho e no pé esquerdo, Diego disse que ainda sente dores, mas crê que são obstáculos que todos tem que enfrentar para alcançar seus objetivos.
"Foi um ciclo muito mais difícil. Eu não posso negar que nesse ciclo, existiam momentos em que eu ficava pensando: 'meu Deus, eu tenho que ser forte'. Foi isso que eu tentei ser a cada dia para superar cada lesão e dificuldade. Os obstáculos existem não só com o Diego, existem para várias pessoas. Não é algo que acontece só comigo. Fica mais transparente e visível comigo, porque as pessoas acabaram me conhecendo".
Liderada por Diego Hypólito, a equipe brasileira masculina de ginástica artística realizou, nesta quarta-feira, o treino de pódio da modalidade, onde os ginastas que disputarão medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres, apresentaram aos juízes as rotinas oficias de suas séries
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Diego Hypólito se mostrou bastante incomodado com dores no pé esquerdo, enquanto assistia aos ginastas nos outros aparelhos
Foto: Marcelo Pereira / Terra
O brasileiro foi para o vestiário se trocar e depois voltou no solo, realizando uma série quase perfeita
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Nos Jogos Olímpicos de Londres, Diego só irá competir na prova de solo
Foto: Marcelo Pereira / Terra
O brasileiro disse que irá guardar o movimento "Hypólito" caso se classifique para a final
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Campeão mundial e do Pan-Americano no solo em 2007, o brasileiro Diego Hypólito saiu satisfeito com o resultado
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Após a apresentação, Diego ainda conversou com o treinador e com os médicos e, apesar da boa apresentação, reclamou das dores. "Meu pé tava doendo pra c...", comentou o ginasta com o treinador
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Diego afirmou que a expressão fechada antes de entrar para a apresentação no solo era devido às dúvidas do que conseguiria fazer na exibição. "Eu estava com dor e a gente fica com receio, porque hoje é um treino que é importante você passar uma boa impressão para os árbitros", disse
Foto: Marcelo Pereira / Terra
"A série foi muito satisfatória, bem melhor do que eu esperava para hoje. Ontem fiquei sem treinar porque estava com muita dor no pé. Na segunda-feira, eu já tinha sentido um pouco mais de dor no pé e eu optei com os médicos e meus treinadores que a gente ia ficar só tratando ontem. Na hora do alongamento, meu pé estava razoavelmente bom, mas depois dependendo do salto que eu faço dói um pouco mais...Hoje foi minha melhor prova desde que eu voltei a treinar", afirmou Diego
Foto: Marcelo Pereira / Terra
"Você fica com receio de fazer isso ou aquilo. Tanto que eu optei por não fazer um exercício na minha quinta acrobacia. Eu saí com uma série de 16,7 pontos. Com esse salto sairia com 16,8", completou
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Ginastas de todo o mundo estiveram presentes no treino de pódio
Foto: Marcelo Pereira / Terra
A atividade serve para os juízes analizarem o grau de dificuldade das séries e definirem as notas de partida na competição
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Ginastas da China também participaram do treino na O2 Arena
Foto: Marcelo Pereira / Terra
O país asiático é um dos que tem mais força na Ginástica Artística mundial
Foto: Marcelo Pereira / Terra
O brasileiro Sérgio Sasaki acena antes de começar sua apresentação nesta quarta
Foto: Marcelo Pereira / Terra
O brasileiro faz o treinamento nas barras paralelas
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Aos 20 anos, Sasaki quase ficou de fora da Olimpíada de Londres, após sofrer uma lesão no tornozelo e ser obrigado a fazer uma cirurgia
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Agora, porém, ele diz estar completamente recuperado, mas admite que a concorrência em sua categoria não será fácil - ele compete na prova do individual geral
Foto: Marcelo Pereira / Terra
"Eu acabei de fazer uma cirurgia no tornozelo, há cinco meses, tanto que por muito eu não tive certeza que viria. (...) Então já que estamos aqui, a gente está procurando se focar ao máximo. (...) Mas o individual geral não é tão fácil assim, mas não pode deixar de dar um bom resultado", disse assim que chegou à Vila Olímpica
Foto: Marcelo Pereira / Terra
"É o atleta mais talentoso que o Brasil já teve no individual geral", disse Diego Hypólito sobre Sérgio Sasaki há alguns meses
Foto: Marcelo Pereira / Terra
"Tento pensar que não estamos nos Jogos Olímpicos, para não ter esse peso de que só acontecem uma vez a cada quatro anos e é a hora de fazer tudo. Tem que pensar em uma coisa de cada vez. Vamos competir e deixar acontecer", disse Sasaki, estreante em Olimpíadas
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Sasaki pratica a prova do solo, nesta quarta-feira, em Londres
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Antes de fazer as provas de barras, os atletas passam magnésio nas mãos para não escorregar
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Sasaki foi escolhido para ocupar a terceira vaga a que o Brasil tinha direito nos Jogos Olímpicos de Londres
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Em 2011, ele teve quatro lesões seguidas no pé. Competiu no Pan-americano de Guadalajara no sacrifício e mesmo assim foi o grande nome da equipe masculina na conquista da inédita medalha de ouro
Foto: Marcelo Pereira / Terra
"Claro que eu penso ser medalhista agora, mas eu vou ser medalhista com certeza lá no Rio. Eu não tenho dúvida disso. Eu acredito no meu trabalho e estou treinando por isso. Acho que isso é o mais importante, a gente poder acreditar", afirmou o atleta, há alguns dias
Foto: Marcelo Pereira / Terra
O brasileiro, que tem ascendência oriental, pratica a prova no cavalo com alças, durante o treinamento desta quarta-feira
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Ssaki é namorado da também ginasta brasileira Bruna Leal, que também vai competir em Londres
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Ele e o colega Arthur Zanetti, 22 anos, considerado uma das maiores esperanças por uma medalha de ouro no Brasil, observam um aparelho celular durante a atividade
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Arthur Zanetti é o atual vice-campeão mundial das argolas, sua especialidade