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Adeus, piscinas! Paraná reduz social e quer vender Kennedy

Com problemas financeiros, clube paranaense quer focar apenas no futebol e deixa só atividades sociais lucrativas

16 set 2015 - 14h28
(atualizado às 14h40)
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Sobrevivência. É essa a palavra que toma conta dos bastidores do Paraná Clube e está fazendo a diretoria tomar uma decisão radical visando ainda ter um clube para a torcida: diminuir as atividades sociais ao máximo e vender, pelo menos, uma parte da principal sede social.

Diferente nos anos 90, quando o quadro associativo passou dos 30 mil (entre eles torcedores do Atlético-PR e Coritiba), o setor já não é mais rentável no geral há, pelo menos, três anos. Condomínios fechados e edifícios com toda estrutura esportiva dentro dela deixaram os clubes de Curitiba com prejuízo e, inclusive, muitos deles fecharam - ou reduziram suas sedes.

Piscinas "bombaram" no verão, mas alto custo fez Paraná acabar com a atividade
Piscinas "bombaram" no verão, mas alto custo fez Paraná acabar com a atividade
Foto: Divulgação/Paraná

Talvez tardiamente, a cúpula paranista estudou seriamente tomar tal decisão. Após perder a sub-sede do Tarumã por R$ 30 milhões, em um leilão de 2013, e ver a Vila Olímpica quase ser perdida no mesmo cenário esse ano, o Paraná espera - entre outras possibilidades - convencer todos os Conselhos a vender a sede da Kennedy antes que seja penhorada.

Essa penhora está próxima de acontecer. Dívidas que levaram o estádio no Boqueirão a leilão começaram a cair na principal sede social tricolor. Atualmente, 11 ações trabalhistas e uma cível do Bacen acarretam em um provável leilão até o final do ano. Para evitar esse novo problema, o clube precisaria levantar R$ 6 milhões imediatamente.

Com "uma bomba estourando diariamente" no Paraná, os custos da sede social não fazem mais sentido na visão da diretoria tricolor. Os diretores tentaram deixar o local viável, mas esbarravam no alto investimento para tal e na possibilidade de ser leiloado.  A ideia, agora, é de terminar algumas atividades para diminuir despesas. As piscinas aquecidas e as saunas, com enormes gastos (aproximadamente R$ 50 mil mensais), não funcionam mais há dois meses.

Só ficam as atividades que dão algum certo tipo de retorno ou lucro, que são as remanescentes do antigo "carro-chefe" no século passado: musculação, bolão, salão social, academia e condicionamento físico. O restante passa a deixar de existir para conter gastos ou acúmulo de prejuízo mensal.

Projeto

Sede social da Kennedy tem área de 35.000 m², entre espaços administrativo, esportivos, sociais e culturais.
Sede social da Kennedy tem área de 35.000 m², entre espaços administrativo, esportivos, sociais e culturais.
Foto: Divulgação/Paraná

Por quatro meses, após a renúncia do presidente Rubens Bohlen, os atuais dirigentes paranistas estiveram reunidos tentando achar alguma solução para evitar o fim do clube. Algo não tratado publicamente, mas que esteve perto de acontecer do ano passado para cá. Após inúmeras ideias recentes, a diretoria formou um projeto que acredita ser o ideal para fazer o Paraná ressurgir.

No final de julho, em reunião na própria Kennedy, a diretoria não bateu o martelo para se desfazer da sede do clube. Casinha, mandatário tricolor, assumiu a presidência em março prometendo que nenhum patrimônio seria vendido e vinha tentando viabilizar algumas alternativas, até engatilhadas, para não precisar tomar tal decisão.

Por outro lado, a maioria vê que essa venda seja a única salvação para o Paraná não ter que fechar as portas em um futuro próximo. A organizada paranista, Fúria Independente, também defende tal atitude e falou publicamente em nota oficial ano passado que acreditava na negociação da Kennedy como a chance do clube ressurgir e ser forte como nos anos 90.

Com o aumento de defensores desta ideia, a solução foi achar um "meio termo" para deixar o clube paranaense, no mínimo, viável. A expectativa principal é negociar com os credores para tentar evitar que a sede vá a leilão em um primeiro momento. Mas existe uma grande chance de não conseguir evitar. Assim, o clube paranaense quer arrecadar um alto valor pela área de 35.000 m², entre espaços administrativo, esportivos, sociais e culturais. Bem localizado, o terreno é a esperança alcançada em um momento que os diretores não conseguem mais achar saídas para a crise financeira.

O clube não fala publicamente em números no momento e nem se já existe um comprador, apenas internamente. Até por ainda existir a dúvida da venda total ou parcial da Kennedy. Independente do dinheiro, a direção pretende parcelar a dívida com o INSS, FGTS e Bacen por 30 anos, além de aderir ao Profut e ao Ato Trabalhista (centraliza em uma conta judicial os pagamentos dos clubes para diversos credores). Os dois primeiros credores, com a liberação do dinheiro do patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF), seriam os primeiros a ser pagos com a liberação do dinheiro bloqueado.

Vila Olímpica foi a leilão neste ano, mas Paraná conseguir reverter provisoriamente
Vila Olímpica foi a leilão neste ano, mas Paraná conseguir reverter provisoriamente
Foto: Divulgação

Tendo o débito negociado, o clube paranaense quer centralizar todo o futebol no Centro de Treinamento em Quatro Barras, no Ninho da Gralha, com hotel e reforma na infraestrutura, gastando aproximadamente R$ 2 milhões. O investidor é Carlos Werner, empresário que é o atual superintendente das categorias de base e já injeta dinheiro no clube. No momento, o futebol profissional treina no CT Racco, no Caiuá, e essa parceria só será mantida com a situação ganhando as eleições, assim como Werner.

Já a sede social do Boqueirão também tem um destino pronto. O Paraná tem um investidor para arrendar a parte da frente para colocar uma cancha de futebol de salão e outra de futebol de areia - ao lado da Vila Olímpica. O arrendamento seria usado depois das 18h por terceiros nos próximos dois anos, com pagamento de aluguel. Antes deste horário, os locais serão usados por escolinhas e categoria de base.

A efetividade do projeto, além de ser aprovado por todos os Conselhos e em assembleia geral, também passa pelo pleito elitoral do dia 23 deste mês. A situação é liderada por Leonardo Oliveira e apoia esse rumo, enquanto a oposição tem Erivelto Silveira como candidato e não vê a venda como solução.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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