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Curitiba pressiona pela volta da cerveja nos estádios

Votação no próximo mês deve definir o retorno da bebida aos jogos do trio da capital

24 jul 2015 - 17h08
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Entrando na onda da liberação da cerveja nos estádios do Brasil, a capital paranaense está próxima de conseguir o retorno do consumo e juntar as duas paixões nacionais novamente. A votação Câmara Municipal de Curitiba acontece no próximo mês e a expectativa é alta.

Dois projetos de lei, que passaram pelas comissões e estão prontos para votação em plenário, tramitam na "Casa" atualmente e prometem gerar muita discussão entre os vereadores. Um é a favor da volta da cerveja, enquanto outro restringe a entrada de torcedores com sinais de embriaguez nas partidas. Caso ambos sejam aprovados, um não anula o outro.

Torcida do Atlético-PR leva faixa "Libera a Cerveja" desde o clássico Atletiba pela Série A
Torcida do Atlético-PR leva faixa "Libera a Cerveja" desde o clássico Atletiba pela Série A
Foto: Giuliano Gomes/PR PRESS

Idealizado por Pier Petruzziello (PTB) em março, o vereador é a favor da bebida nos palcos paranaenses. Presidente do Conselho Deliberativo do Coritiba, o político quer autorizar a venda e o consumo de bebidas alcoólicas antes, durante o intervalo e até 30 minutos após o término da partida. Petruzzielo ressalta que a cerveja será servida em copos ou garrafas plásticas, com teor alcoólico, no caso de cervejas industrializadas ou artesanais, de até 14%. Em camarotes e áreas VIP, o consumo será livre.

Locais como Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Bahia já ganharam o direito de acompanhar jogos bebendo, que havia sido proibido por aqui em 2008 e, nacionalmente, dois anos depois. Minas Gerais e Rio Grande do Sul também estão em fase final para a liberação.

O artigo na lei federal que regula o assunto no Estatuto do Torcedor é considerada, até certo ponto, frágil por não regulamentar ou impedir a venda. A Copa do Mundo em 2014, com a comercialização liberada e raros incidentes envolvendo bebida, provou que é possível ter essa combinação de novo. Junto com o apelo popular, a tendência é de que, em breve, a liberação se espalhe pelo País. E Curitiba acredita estar próximo de reconquistar esse direito.

A votação deve acontecer na primeira quinzena de agosto e a expectativa é boa. "Acredito que vamos conseguir liberar, os vereadores estão tentando entender nossa causa e viram exemplos em outros Estados. Existe certa resistência, com os mais radicais, mas não podemos criminalizar o torcedor de futebol. Pelo meu cálculo, vai ser uma votação apertada, mas favorável", declarou Petruzziello.

Em contrapartida, Chicarelli (PSDC) apresentou, em abril de 2014, uma proposta que “proíbe o acesso do torcedor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa nas dependências de estádios”. A seleção dos torcedores para soprar o bafômetro na entrada será aleatória, identificando os que apresentem alterações psíquicas motoras. Se for constatada a concentração igual ou superior a 0,6 mg por litro (equivalente a dois copos de cerveja), o torcedor ficará impedido de assistir ao jogo. 

Caso os vereadores não aprovem o projeto em agosto, o advogado Henrique Cardoso, que tenta a liberação desde 2011, já possui outra carta na manga e garante que não vai desistir. "Falta o ímpeto de se livrar da questão, pois as autoridades não querem trabalhar fiscalizando. Caso não tenha sucesso na Câmara, vamos entrar com mais de 500 ações na Justiça para liberar o consumo da cerveja", prometeu.

Torcidas se unem

Em Porto Alegre, a volta da bebida está próxima de acontecer
Em Porto Alegre, a volta da bebida está próxima de acontecer
Foto: Luís Felipe dos Santos / Terra

Os torcedores também não estão parados nessa luta. Em 2015, no clássico Atletiba do primeiro turno da Série A, que terminou empatado por 2 a 2, a torcida do Atlético-PR chamou a atenção ao levar a faixa "Libera a cerveja" nas cores preto e vermelha. A ideia teve autorização da diretoria atleticana.

"O movimento está ganhando corpo, pois interessa aos três clubes. Queremos colocar na cabeça dos vereadores que o torcedor é responsável e a cerveja não vai influenciar na violência. Quem vai no estádio sabe que a bebida não causa confusão, falar o contrário é hipocrisia", comentou Mauro Singer Filho, dono da faixa usada na Arena da Baixada.

Os rivais Coritiba e Paraná não estão atrás e confeccionaram faixas iguais para serem utilizadas no Couto Pereira e Vila Capanema, respectivamente, pelo Campeonato Brasileiro.

Nas redes sociais, o apelo popular também é grande. A página "Libera a Cerveja no Facebook, criada há pouco mais de um mês, tem cinco mil curtidas e compartilha diariamente matérias sobre o tema. O foco é mostrar que que a violência não diminuiu com a proibição.

Em pesquisa recente da Prefeitura, 71% dos torcedores entrevistados são a favor do consumo de bebidas alcoólicas nos estádios. A equipe do município esteve em três jogos, entre Séries A e B do Campeonato Brasileiro e, dos 35 entrevistados aleatoriamente, 25 concordam com o projeto de lei que libera a venda de cerveja nesses locais. 

"Para quem está na dúvida verá que há o movimento a favor e a pressão popular pode funcionar. Mas tem que ser uma apelo popular com argumento e isso ajuda, como vemos nas redes sociais. O público de futebol, que vai ao estádio, gosta da cerveja como entreterimento do espetáculo. Isso é comum no mundo inteiro. Temos apoio dos clubes, isso gera emprego e renda para todos. É benéfico", argumentou o vereador do PTB e autor do projeto de lei.

Clubes e autoridades

Copa do Mundo provou que incidentes envolvendo consumo de cerveja são praticamente nulos
Copa do Mundo provou que incidentes envolvendo consumo de cerveja são praticamente nulos
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O trio de ferro da capital, publicamente, demonstra certa cautela sobre o assunto. Por outro lado, em conversas informais, o apoio é total à volta da cerveja nos estádios de Curitiba. Rogério Bacellar, por exemplo, saiu do discurso pronto e vê pontos positivos.

"A comercialização de bebidas alcoólicas no interior do estádio é uma retomada de processos comerciais de alto valor e representa maturidade e respeito às demandas de nossos consumidores.Priorizar a segurança dentro dos estádios é condição única, que independe de variáveis para receber menor ou maior atenção. E nossos consumidores estão em um nível de maturidade inquestionável. Isso se comprova pelo altíssimo índice de sócios torcedores. Esses detalhes nos fazem crer que esta comercialização pode ser positiva", opinou à Prefeitura recentemente.

A Federação Paranaense de Futebol (FPF), que teve o presidente Hélio Cury reeleito neste ano, mantém a mesma posição de antes: a favor, mas com restrição. Jacob Mehl, mandatário interino no momento, diz que a "venda de cerveja favorece o comércio e que o ideal seria comercializar dentro do estádio, sem ambulantes passando pelos torcedores nas cadeiras".

O Ministério Público (MP-PR) e a Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), por outro lado, seguem se posicionado contra a liberação. "É um absurdo, incentivo à violência. Somos totalmente contra. Temos ocorrências que comprovam que a bebida alcoolica serve de instrumento para brigas, crimes, lesões corporais. Com todo respeito, mas ele deve desconhecer esses fatos e ser mal informado. Isso é um grande erro", reclamou Clóvis Galvão, delegado.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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