Organizada expõe crise do Paraná e pede venda de patrimônio
A situação crítica que vive o Paraná, principalmente financeira, não é nenhuma novidade. Há anos que o clube convive com salários atrasados, greves e notícias que expõe negativamente a imagem do time paranaense.
No final desta semana, a única organizada paranista emitiu uma nota oficial com posicionamentos fortes em relação ao futuro do clube. O título, denonimado “E você, vai deixar o Paraná acabar?”, comprova que, se não houver mudanças drásticas, o futuro pode não existir em breve.
A primeira sugestão da torcida é acabar, definitivamente, com o social e viver apenas do futebol. Essa ideologia é defendida há tempos pela Fúria Independente, que acredita que, nos tempos atuais, ter um clube desta forma é inviável.
“A primeira e mais importante decisão para mudá-lo é definir – de uma vez por todas – que a atividade fim do Paraná Clube é o futebol. Assim, podemos repensar o Paraná Clube como um todo, voltando nossas forças para um único objetivo. Infelizmente, as circunstâncias em que nos encontramos faz com que atitudes tenham que ser tomadas”, explica o texto.
Para isso acontecer, a organizada pede que a sede social da Kennedy seja vendida para quitar as dívidas que o clube possui. “Em questão de tempo – curtíssimo prazo – a perderemos em leilão. Uma sede que vale quase 100 milhões perderá por 40 milhões. O dinheiro ficará bloqueado igual ao leilão da Sede do Tarumã (R$ 30 milhões, na qual R$ 25 milhões foram para pagamento de dívidas determinadas pela juíza em questão) e ainda ficaremos sem capital de giro, aumentando os Processos Trabalhistas e uma dívida gigantesca”, completa.
Assim, a torcida paranista aposta que a solução seja vendê-la, antes que perca em algum leilão e, desta forma, consiga ser um clube de futebol viável dentro do futebol brasileiro. “Com todas as dívidas quitadas e sem os custos operacionais (manutenção, funcionários, luz, água, gás e etc) da Sede da Kennedy, o dinheiro que recebemos da Televisão, Patrocínios, Sócio Torcedor, renda dos jogos e vendas de jogadores, é suficiente para manter um time competitivo. Com um time competitivo, subiremos para a primeira divisão aumentando nossa arrecadação em mais de 40 milhões por ano”, acredita.
Procurada pela reportagem através do presidente Rubens Bohlen, vice-presidente Luiz Carlos Casagrande, e vice-presidente de futebol Celso Bittencourt, a direção do Paraná não atendeu nenhuma das ligações para se pronunciar sobre as ideias da organizadas, entre outras situações do patrimônio do clube.
Sedes em situações críticas
Dada como potência na sua criação, em 1989, quando mandou no futebol paranaense nos anos 90, o Paraná Clube vê seu patrimônio deixar de ser sua força para virar um enorme problema com o passar dos dias.
No final da década passada, o clube vendeu a sede do Britânia em um valor baixo para uma rede de supermercado, o que é contestado até os dias atuais pelos torcedores, que julgam como um “péssimo negócio” e que poderia “estar rendendo dinheiro mensalmente até hoje”.
Dos quase 30 mil sócios nas épocas áureas, o Paraná atualmente não chega a cinco mil sócios em dia, juntando o futebol e o social. Mesmo assim, o orçamento ganho nos dias atuais poderia bancar o clube, caso tivesse apenas a área futebolística.
Confira a situação das sedes abaixo:
Ninho da Gralha: O CT das categorias de base do Paraná, apesar de ter melhorado a estrutura nos últimos dois anos, segue com os campos péssimos – no qual é rejeitado pelos treinadores que passam e não querem treinar lá. É sabido de que os funcionários passam dificuldades e, lá, é o último lugar a receber salários quando entra dinheiro no clube – isso quando recebe. O local foi colocado como garantia no acordo com Léo Rebello, porém não foi cumprido e existe o risco de perdê-lo. A direção paranista já chegou a negociar com o CT Barcellos para ser o “novo CT”, prevendo a perda do patrimônio em breve.
Vila Capanema: A briga judicial envolvendo o Paraná e a União está perto de chegar ao fim. No dia 06 de agosto, acontece mais um julgamento entre as partes para decidir a quem pertence o estádio. A tendência é de que o caso seja novamente desfavorável ao clube e que, no fim, seja decidida a desapropriação. Por outro lado, há dois anos, a diretoria paranista negocia com a Prefeitura uma troca: o espaço, no qual o governo estadual tem interesse, por um estádio novo onde está situado o Estádio Erton Coelho Queiroz, a Vila Olímpica, na desistência da ação do Durival Britto e Silva – mesmo que perca em egosto, o clube pode “empurrar” a ação ao Superior Tribunal Federal (STF) ou Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Kennedy: Bem localizada, a sede social é o local no qual os sócios olímpicos desfrutam da estrutura oferecida para a prática de outros esportes. Por outro lado, o local possui alguns espaços ultrapassados e deve ser colocada como garantia na tentativa de empréstimo do Paraná junto à Caixa Econômica Federal, patrocinadora máster do time, para pagar a dívida com Léo Rabello, entre outras.
Vila Olímpica: O atual Centro de Treinamento do futebol profissional, o estádio também possui estruturas ultrapassadas e foi readequada em 2012 a pedido do então técnico Ricardinho. Mesmo com a melhora, carece de inúmeras benfeitorias e está penhorada no momento – assim como a sub-sede social do Boqueirão, do outro lado da rua.