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De STJD a bagunça: por que a Lusa chegou ao fundo do poço

24 out 2014 - 17h50
(atualizado em 2/12/2014 às 16h19)
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Um time que havia terminado o ano passado com um honroso 12º lugar na Série A se encontra agora às portas de um rebaixamento quase inevitável para a terceira divisão. Em apenas um ano, a Portuguesa despencou de tal forma, e se enterrou em uma crise tamanha, que a possibilidade de sair da situação atual parece pequena mesmo a médio prazo. Confusão administrativa, dívidas pesadas, torcida minguando: entenda os motivos que levaram a tradicional equipe paulistana àquele que pode ser o pior momento de sua história.

Rebaixamento inesperado

<p>Torcedores da Portuguesa protestam contra decisão que salvou o Fluminense e rebaixou a Portuguesa</p>
Torcedores da Portuguesa protestam contra decisão que salvou o Fluminense e rebaixou a Portuguesa
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O rebaixamento amargado pela Lusa fora de campo, graças aos quatro pontos perdidos em julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), foi o estopim para que a situação do clube - que não é saudável há muitos anos - degringolasse de vez. A escalação irregular do meia Héverton na última rodada do Campeonato Brasileiro foi um episódio bizarro que causou, além de massivos prejuízos financeiros, uma longa batalha judicial que drenou os esforços do clube. Para completar, o time ainda perdeu os três pontos da estreia na Série B contra o Joinville, quando a diretoria mandou tirar o time de campo no primeiro tempo, com medo de retaliações da Justiça comum. Pontos que certamente fazem muita falta agora.

Bagunça administrativa

Que fase! Atacante da Portuguesa perde gol inacreditável:

O próprio caso da escalação de Héverton já retrata a situação que beira o amadorismo dentro da diretoria da Portuguesa. A versão oficial é que a "lambança" teria nascido de um erro de comunicação entre o advogado presente ao julgamento e os dirigentes, quando o primeiro informou por telefone a pena do jogador - um episódio digno de clube de várzea. Outro exemplo do caos interno: o ex-presidente Manuel da Lupa realizou empréstimos pessoais junto ao Banco Banif para conseguir tocar o clube, mas no ano passado repassou as dívidas para o nome da Portuguesa, deixando o clube em situação ainda mais crítica.

Dívidas milionárias

O vice jurídico Orlando de Barros deixou o clube em abril dizendo que a Lusa estava "falida". O rebaixamento repentino para a Série B fez a Portuguesa perder milhões em cotas de TV e patrocínios, agravando ainda mais a combalida situação dos cofres rubro-verdes. A diretoria atual se esforça para manter os salários em dia, mesmo que para isso precise se endividar ainda mais, já que atualmente o clube é deficitário: gasta mais do que arrecada no mês. As dívidas ultrapassariam a marca de R$ 130 milhões, e o clube já admite que uma parceria com um investidor privado pode ser a única saída.

Revolta de jogadores e funcionários

Um reflexo óbvio da crise financeira é o atraso constante de salários. O clube se defende dizendo que a maioria dos vencimentos estão em dia, e faz o que pode para pagar, mas a insatisfação parece generalizada. Nesta semana, funcionários entraram em greve para protestar contra três meses de salários atrasados, e os jogadores ameaçaram dar W.O. na partida contra o Icasa, nesta sexta-feira. Atletas como Valdomiro e Coutinho conseguiram a liberação na Justiça para deixar o clube por falta de pagamento. O ambiente não é nada positivo para um elenco que precisaria se unir em torno do objetivo comum de salvar o clube da Série C.

Torcida minguando

Conhecida tradicionalmente como a "segunda equipe" dos paulistanos que torcem para Corinthians, Palmeiras ou São Paulo, a Portuguesa enfrenta uma queda dramática nos números de sua própria torcida. O Canindé é o estádio com menor média de público na Série B - muitas das partidas não chegam a ter nem mil espectadores - e a renda da bilheteria não é nem de longe suficiente para ajudar a desafogar a crise financeira. A fase péssima do time e a desilusão com o rebaixamento no STJD no ano passado ajudaram a afugentar os torcedores, e cada vez menos famílias e crianças são vistas no estádio. O futuro é ainda mais preocupante, pois novas gerações de lusitanos são cada vez mais raras.

<p>Marcelo Veiga foi um dos seis técnicos da Portuguesa em 2014</p>
Marcelo Veiga foi um dos seis técnicos da Portuguesa em 2014
Foto: Helio Suenaga / Gazeta Press

Falta de opções em campo

Sem dinheiro para contratações de peso, com fama de má pagadora e despencando na tabela, a Portuguesa ficou sem alternativas para enfrentar, em campo, o desafio de voltar à elite do futebol brasileiro. Na Série B, as esperanças acabaram caindo nas costas de garotos da base como Jean Mota, Gabriel Xavier e Luan. O time teve nada menos que seis treinadores ao longo da temporada: Guto Ferreira, Argel, Marcelo Veiga, Silas, Vagner Benazzi e José Augusto. As tentativas inusitadas de melhorar o desempenho do time, como a contratação de um hipnólogo que não ficou nem um mês, também não deram resultado.

Fonte: Terra
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