"Maluco-beleza", Lorena evita planejar comemoração exaltada
- Fernando Souza
- Direto de São Paulo
O ponto que garantiu o Montes Claros/Funadem na final da Superliga foi seguida de uma comemoração no mínimo inusitada. Depois que garantiu a vitória do seu time sobre o Sada/Cruzeiro, Lorena pulou a grade que separa a torcida da quadra e foi direto abraçar a mulher que topou largar tudo na Europa para acompanhar o jogador em seu retorno ao Brasil. Para a final, contra o Cimed/Florianópolis, neste sábado a partir das 9h30, Lorena diz que se seu time for campeão a comemoração será espontânea, assim como aquela no lotado ginásio Tancredo Neves.
"Quem sabe (não faço uma comemoração diferente em caso de título). Sou meio maluco, vai que eu saio pulando, tiro a camisa", disse Lorena ao Terra após o treino de quarta-feira, o primeiro em São Paulo, palco do jogo único que definirá o campeão.
"Aqui a muretinha (que separa o público da quadra) é baixa, segura o povo aí (risos). Não foi nada planejado a comemoração do último jogo. A hora que acabou eu pensei na minha mulher porque tinha acabado a Universidade na França, tinha montado projeto dela e deixou tudo para me acompanhar para morar em Montes Claros, que não é como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis ou Belo Horizonte. É completamente diferente. Ela saiu da rotina, veio, batalhou, segurou rojão e naquele momento, foi mais do que justo ir até ela. A arquibancada é meio alta e na hora que eu subi eu vi o aquele povo todo, sou meio claustrofóbico, comecei a empurrar todos, na hora caiu a ficha eu pensei 'agora o pessoal vai me matar aqui'. Mas não foi caso pensado não", disse Lorena, entre risos, observando o entorno da quadra.
Mas a torcida do Montes Claros está um pouco longe de querer "matar" algum jogador do time de vôlei da cidade. Com ginásio lotado, time e torcida criaram boa sintonia e que resultou na chegada à final do principal torneio nacional logo em seu primeiro ano de existência. Objetivo que faz Lorena se sentir seguro de que não fez a escolha errada ao deixar o vôlei italiano para voltar ao país.
"O grupo é muito bom, o pessoal se dá super bem, está sempre junto, batalhando, querendo o bem de cada um. Foi a única equipe que não perdeu um jogo de 3 a 0 na Superliga, que tiramos invencibilidade do Sada Cruzeiro em casa. Passamos por momentos difíceis, mas mesmo assim não deixamos cair o nível, desistir. Esse é o melhor grupo que trabalhei na minha vida", disse o orgulhoso Lorena.
"O que me motivou foi todos os outros jogadores voltarem. Você fica empolgado e o Montes Claros estava com projeto bacana, mostrou interesse em mim. Falei com meu procurador, vim e estou super feliz. Ninguém imaginava que a gente chegaria tão longe. Realizei muitas coisas em Montes Claros", afirmou o jogador.
Entre as muitas coisas realizadas, está o recorde de pontos em uma única edição da Superliga. Além da comemoração inusitada, a vitória sobre o Cruzeiro marcou a quebra de um recorde que durava nove anos, quando Anderson, então na Ulbra-RS, colocou 678 bolas no chão. Com os 20 pontos na última partida, Lorena chegou a 684.
"Só me dei conta na hora que me ligaram dizendo que faltava 30 pontos para bater o recorde. No primeiro (jogo da semifinal) fiz 15 e aí eu pensei: 'só falta não conseguir agora', estava sempre fazendo 20, 30, agora com esse negócio só falta né. Aí no último eu fiz 20. Não estava ligando, mas depois ficava meio pensando e acho que deu uma atrapalhadinha. Eu achava que o ponto faria falta no final. Estava errando umas bolas que não costumava errar", disse o novo recordista que chega a final com a preocupação apenas de ampliar a marca e fazer durá-la mais do que a do antecessor.
"Agora já acabou a pressão de ter de bater o recorde. Foi legal, fiquei super feliz. Não imaginava que durava tanto tempo. Tomara que o meu dure tanto tempo, igual ao do Anderson. O dele durou nove né? Então que fique pelo menos uns oito. Isso foi fruto do trabalho", afirmou.
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