"Marketing" teria criado pista mais rápida da história
Considerada a pista de luge mais rápida da história dos Jogos Olímpicos, o Whistler Sliding Centre teria sido feito tão veloz assim simplesmente devido a motivos comerciais. A frase é de Bob Storey, presidente da Federação Internacional de Bobsled (modalidade que também será disputada no circuito), e encabeça reportagem publicada pelo jornal americano The Wall Street Journal nesta quarta-feira.
Cinco dias após a morte do georgiano Nodar Kumaritashvili, o debate segue intenso sobre o assunto. Nesta quarta, um dos diários mais importantes dos Estados Unidos investigou a fundo a pista que a princípio seria construída na Grouse Mountain, em Vancouver. Porém, acabou transferida para Whistler, onde o traçado poderia ser mais inclinado e estreito que o das Olimpíadas anteriores.
Além de toda a publicidade gerada pela mudança - que deixou a velocidade máxima do local sendo de aproximadamente 150 km/h, a maior da história do esporte -, a alteração foi muito boa em termos financeiros. Recuperando uma declaração concedida em 2002 ao Vancouver Sun pelo vice-presidente do Comitê Organizador dos Jogos (Vanoc), Tim Gayda, o Wall Street Journal ressaltou o interesse do órgão em valorizar o resort da região de Whistler, atraindo mais turistas.
Toda essa soma de fatores, ao final, levou Storey a cravar que a modificação não foi uma decisão de engenharia, e sim comercial. Na realidade, a própria descrição da pista no site oficial do centro esportivo, mantido pelo Vanoc, reforça essa tese. "Vívido, violento e feroz, o Whistler Sliding Centre é feito para quem tem coragem", está escrito lá, como forma de promoção para as competições de luge, bobsled e skeleton.
Apesar dos indícios levantados pelo jornal americano, oficialmente a organização da Olimpíada segue denfendendo que o circuito não era perigoso, mesmo porque todas as provas desde 2008 não haviam gerado acidentes. Conforme disse a porta-voz Renee Smith-Valade, o luge é uma modalidade de alta velocidade, na qual um erro de cálculo pode ter sérias e às vezes fatais consequências.
Entenda o caso
O georgiano Nodar Kumaritashvili, 21 anos, morreu na última sexta-feira após sofrer um grave acidente no treinamento do luge, no Whistler Sliding Center. O atleta estava em uma velocidade de 144 km/h quando perdeu o controle de seu trenó, bateu contra a parede de gelo e, depois, contra uma haste na pista.
A equipe médica dos Jogos de Vancouver tentou realizar procedimentos de reanimação, como massagem cardíaca e respiração boca a boca, antes de chamar um helicóptero para transferir Kumaritashvili ao hospital. O atleta, que havia iniciado a carreira profissional há dois anos, teve a morte anunciada horas depois pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
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