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Jogos Olímpicos - 2012

Após sucesso em Mundial, Comitê Paraolímpico traça meta para Londres

7 fev 2011 - 10h29
(atualizado às 13h45)
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Anderson Giorge Regio
Direto de Christchurch (Nova Zelândia)

A delegação brasileira foi uma das que mais se destacaram no Mundial Paraolímpico de Atletismo, realizado no mês de janeiro, em Christchurch, na Nova Zelândia. O País fez a sua melhor campanha na história ao terminar na terceira posição com 30 medalhas, sendo 12 de ouro.

O Brasil foi superado apenas pelas potências China e Rússia. Agora as atenções do CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), presidido por Andrew Parsons, é que o País dê um salto em Londres 2012 e passe a ficar ainda mais próximos das potências antes da principal meta, os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

"Nossa meta é sair do nono lugar (colocação em Pequim, 2008) para o sétimo. É uma meta bastante ousada, mas factível", disse Parsons, em entrevista ao Terra, em Christchurch.

Ainda neste ano, o Brasil disputa o Parapan de Guadalajara. Na competição mexicana, o dirigente estabeleceu o primeiro lugar como objetivo principal.

No comando do CPB desde 2009, Parsons falou sobre o efeito Oscar Pistorius no esporte paraolímpico, o trabalho da entidade para encontrar talentos e como está o trabalho para se desenvolver nas modalidades de prótese e cadeirantes.

Veja a entrevista na íntegra:

Terra - Como está o andamento dos trabalhos para Londres 2012 e Rio 2016?
Andrew Parsons - No fim de 2009, traçamos um planejamento estratégico com as confederações responsáveis pelas 20 modalidades olímpicas. Nossa meta é sair do nono lugar (colocação em Pequim, 2008) para o sétimo. É uma meta bastante ousada, mas factível. Teremos de superar Rússia e Canadá, por exemplo. Os resultados de 2010 e deste ano mostram que estamos no caminho certo. Muitos atletas estão se destacando individualmente e o investimento tem nos dado resultados efetivos, seja em recordes mundiais, medalhas ou melhores marcas pessoais. Esses feitos nos empurram, pois sabemos que estamos na trilha correta.

Terra - Acredita que o Mundial deste ano mostrou evoluções em comparação com as edições passadas? Qual sua visão como membro do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional)?
Andrew Parsons - A competição deste ano foi muito melhor do que em 2006 (Assen) em uma série de aspectos, como organização, logística, divulgação e mídia, além da parte técnica dos atletas. Esse é o quinto Mundial de Atletismo Paraolímpico e, com certeza, chegamos aqui mais maduros. O movimento paraolímpico está atraindo, internacionalmente, mais países e patrocinadores. Além disso, em muitos lugares, a federação de atletismo administra também os atletas paraolímpicos. O próprio Lamine Diack (presidente da Federação Internacional de Atletismo), esteve presente na Nova Zelândia e se disse impressionado com o torneio. Do ponto de vista internacional, estamos mostrando essa aproximação e evoluindo, não só na parte técnica como na organização.

Terra - Acha que é bom para o esporte o fato de um atleta paraolímpico como Oscar Pistorious tentar uma vaga na Olimpíada tradicional?
Andrew Parsons - É difícil dizer se é bom. A impressão geral é de que a Olimpíada é mais importante ou, em outras palavras, que a Paraolimpíada é um evento secundário. Mas tento me colocar na cabeça do atleta: ele quer sempre mais. Realmente, em questão de tempos, as marcas exigidas pelas Olimpíadas são menores. Tento observar isso como uma busca pela quebra de limites pessoais. No entanto, a história de Pistorious ajudou muito na divulgação do esporte olímpico, principalmente por essa polêmica criada em cima dele. Mas ele não está só: além da concorrência na própria categoria, outros atletas mostram marcas compatíveis com a tentativa de uma vaga Olímpica. Como é algo muito novo, fica difícil julgar se é bom ou ruim. Pelo fato de trazer atenção das pessoas e mostrar que o esporte paraolímpico caminha para um nível de performance muito alto, é positivo.

Terra - No Brasil, esporte e educação nem sempre estão ligados, o que é um problema sério. Como o Comitê Paraolímpico Brasileiro faz para "garimpar" novos atletas, tendo em vista a falta de apoio e competições na maioria das escolas?
Andrew Parsons - O importante é estar em evolução. Já temos as Olimpíadas Para-Escolares no Brasil, com mais de 800 crianças participantes. Graças a programas locais, com parcerias entre federações e instituições de ensino, atletas de 22 estados participam desta competição. Os atletas têm de estar estudando para participar. É justamente neste evento que identificamos talentos e garimpamos novos atletas. Tudo isso sem esquecer-se de um objetivo maior: fazer com que as crianças saibam que possuem uma deficiência, mas que outras milhões de pessoas também passam pelo menos e estudam, produzem e são felizes. O principal é fazê-los entender que a deficiência é uma característica de suas vidas, mas não é a principal. Além disso, muitos atletas saem de torneios regionais e são trazidos para os programas da Confederação, como a Seleção Permanente e o Programa Ouro, onde terão um tratamento mais específico.

Terra - Outro problema grave para os atletas é o custo das cadeiras e próteses, que geralmente são importadas. Há algum estudo ou parceria com universidades, para que sejam desenvolvidos estes equipamentos no Brasil?
Andrew Parsons - Temos um programa chamado Academia Paraolímpica Brasileira e um de seus eixos principais é a parceria com universidades brasileiras. Uma das linhas de pesquisa está ligada aos materiais, pois existe a necessidade do alto rendimento ¿ onde uma cadeira chega a custar US$ 20 mil - mas o problema maior é a base. Para um atleta chegar a um alto nível, com patrocínios e participações em mundiais, ele necessita de próteses desde o início desta trajetória. Por isso, é fundamental agirmos nos dois extremos: desenvolver uma tecnologia nacional, que pode levar ao alto rendimento, mas que seja barata, permitindo difundir este tipo de prova. A partir daí podemos pensar em trabalhar em cima da legislação, já que o custo de importação é muito alto no Brasil.

Terra - Como está o relacionamento como o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), tendo em vista a parceria para os Jogos de 2016?
Andrew Parsons - O relacionamento com o COB e o Comitê Organizador de 2016 é muito bom. Temos uma parceria deste que pleiteamos o Pan-Americano de 2007. A ideia é que o evento beneficie ambos os movimentos. Participamos, portanto, de todo planejamento, não somente das arenas esportivas como da infraestrutura da cidade.

O jornalista viajou a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro

Brasil sonha com 7º lugar na Paraolimpíada de Londres:
Fonte: Terra
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