PUBLICIDADE
Logo do Santos

Santos

Favoritar Time

Desde 2000, Renato sabe peso de pegar Timão: "Não pode perder"

19 set 2015 - 12h11
Compartilhar
Exibir comentários

“Nos treinamentos o torcedor já falava que podia perder o campeonato, mas não podia perder para o Corinthians”. Quem relata a história é Renato, meio-campista do Santos, que, na véspera de mais um clássico entre os alvinegros paulistas, fala com exclusividade à Gazeta Esportiva.

Ídolo de uma geração que sofreu com os árduos 18 anos de seca de um grande título, Renato sempre se destacou por sua elegante forma de jogar, seriedade e um estilo reservado fora das quatro linhas. Desde os 21 anos, quando apareceu no CT Rei Pelé, recém chegado do Guarani de Campinas, Renatinho, como ficou conhecido na época, percebeu que enfrentar o Corinthians com a camisa do Santos era especial. E foi justamente no clássico que o camisa 8 viveu suas maiores sensações, seja para o bem ou para o mal, em sua carreira futebolística.

Hoje, aos 36 anos e 269 jogos pelo time da Vila Belmiro, o jogador mais experiente do elenco santista explica por que vai na contramão de seus companheiros e não se importa em acordar cedo para jogar um clássico, como o deste domingo, marcado para às 11 horas, em Itaquera. Bicampeão brasileiro, em 2002 e 2004, e campeão Paulista de 2015 pelo alvinegro praiano, Renato revela como uma reunião de vestiário antes de um Santos x Corinthians mudou a história do clube. O jogador fala com dor sobre a eliminação de 2001, avisa que as recentes vitórias pela Copa do Brasil em cima do rival da Capital não servem de parâmetro e aponta a estratégia do Santos para superar o líder do Campeonato Brasileiro, em sua casa, para, quem sabe, chegar ao G4 depois de 185 rodadas.

Confirma a entrevista completa com meio-campista do Peixe:

Gazeta Esportiva– Você começou a viver o clássico Santos x Corinthians em 2000, com 21 anos. Hoje, com 36, como você explica a representatividade deste jogo?

Renato - Naquela época a gente já sabia o que era um Santos x Corinthians, até porque nos treinamentos o torcedor já falava que podia perder o campeonato, mas não podia perder para o Corinthians. Aí você já vê o significado que tem o jogo. A gente sabe que o torcedor valoriza bastante, não gosta de perder. A gente sabe que é uma rivalidade bastante grande e nesse momento a gente vai aprendendo. A gente sabe que o torcedor usa, brinca, principalmente na mídia. Antes era menos, mas, a gente já sabia que a responsabilidade era grande.

GE.Net – O Santos é o carrasco corintiano neste ano, já que venceu três e empatou um dos quatro clássicos até aqui. Então, o que dizer de 2002, quando o Peixe venceu todos os cinco clássicos contra o Timão?

Renato - Em 2002 a gente conseguiu, diante do Corinthians, principalmente a partir do amistoso antes do Brasileiro, vencê-los cinco vezes. Aquele ano foi um marco para a gente. Em 2001 teve aquela semifinal (no Paulista), que acabamos perdendo para eles no finalzinho, com gol do Ricardinho. Poderíamos alí ter sido campeões do Paulista e tirar o Santos daquela fila (17 anos sem título de expressão). Mas as coisas aconteceram em 2002 e deram certo. A gente fica feliz, mas sabemos que a cada jogo que fazemos com o Corinthians, independente da classificação ou situação de um ou de outro, com certeza a rivalidade é grande.

*Em 2002, o Santos venceu o Corinthians por 1 a 0, pelo Rio-São Paulo, 3 a 1, em um amistoso, 4 a 2, pela 1ª fase do Brasileiro, além dos 2 a 0 e 3 a 2, nas duas finais do mesmo nacional.

GE.Net – Que fato, vivido em um Santos x Corinthians, te marcou de forma positiva e se tornou inesquecível?

Renato - Foi em 2002, no vestiário, quando a gente pôde conversar. O Leão, antes do amistoso, que era contra o Corinthians, na Vila, chamou. Nos reunimos e naquela época a gente falou ‘olha, não houve tantas contratações, como em 2000 e 2001’, quando o Marcelo Teixeira (presidente à época) acabou contratando vários jogadores de nome e o Santos acabou não se classificando nos dois anos, não teve sucesso. E como a gente tinha aquela oportunidade, né? Com aquele grupo, estar representando o Santos, aquela reunião no vestiário foi para isso. A gente colocou e falou que era a oportunidade de todo mundo e de que se a gente chegasse no amistoso e não vencesse o Corinthians, com certeza o Marcelo ia contratar (novos atletas), porque ele ia saber da necessidade que tinha. E a gente ia acabar perdendo essa oportunidade. Então, ali dentro, nos conscientizamos de que essa oportunidade tinha que ser agarrada. Todo mundo se fechou e a gente acabou vencendo o Corinthians por 3 a 1. Alí o Leão fechou e falou: ‘Vou com esse time’. E a gente, graças a Deus, conseguiu ganhar o título (Brasileiro), ainda mais em cima do Corinthians, depois. Essa história fica marcada para mim como uma das mais marcantes da minha carreira.

GE.Net – E o que você gostaria de esquecer em um Santos x Corinthians?

Renato – O (jogo) de 2001, porque para nós estava difícil o jogo. A gente estava com menos um (jogador) e, no finalzinho, estávamos conseguindo segurar. E num lance de muita sorte deles, o André (Luis, zagueiro) acabou escorregando, o Marcelinho, muito inteligente, abriu as pernas e o Ricardinho acertou um chute indefensável. Deu tudo certo. Acredito que esse lance acabando, com eles não chegando a finalizar, com certeza eu apagaria, porque, para mim, foi muito frustrante ter perdido dessa maneira. Acredito que se o gol tivesse saído com 30 minutos e a gente não tivesse revertido, perdido por 2 a 1, tudo bem. Mas, quando é assim, com certeza procuramos esquecer da memória.

GE.Net – O Santos venceu o Corinthians, em Itaquera, há pouco tempo, pela Copa do Brasil. Agora, o clássico é pelo Campeonato Brasileiro. Isso muda muita coisa?

Renato - Com certeza é diferente. Até porque não existe aquela vantagem. A gente tem que marcar o Corinthians. Sabemos que eles vão vir para cima, a torcida empurra bastante lá, faz essa pressão, e os espaços vão aparecer. Vimos isso na Copa do Brasil, no Paulista mesmo, que a gente acabou empatando o jogo, eles deram espaço também. É uma equipe que ataca. Vamos procurar errar o menos possível. Se a gente sair na frente deles, a gente pode, ai sim, complicar bastante a vida deles. Eles vão querer manter essa vantagem de primeiro colocado (no Brasileiro) e podemos aproveitar isso. Vai ser um grande jogo. A chave para a gente derrotar o Corinthians é ter a primeira oportunidade e concretizar em gol para que a gente possa dificultar para eles.

GE.Net – Tite tem um problema na lateral esquerda para este domingo. Uendel está machucado e o jovem reserva Guilherme Arana é dúvida. O Santos tem que tirar proveito desta situação?

Renato - Pode. Até porque se não jogar um lateral de ofício, se jogar um jogador improvisado, a gente pode, sim. Temos que explorar isso. Claro que não vamos ficar centrando todas as jogadas pelo nosso lado direito. Temos variado bem as jogadas, mas, caso atue um zagueiro, a gente não sabe quem vai atuar, pode ser um dos pontos um pouco mais vulneráveis do Corinthians. Mas, independente do jogador que entrar, o Corinthians vai vir no mesmo esquema, mesma forma de atuar.

GE.Net – Dá para partir para cima do Corinthians, em Itaquera?

Renato - A gente espera ter a mesma atuação que tivemos contra o Atlético-MG. Conseguimos neutralizar o ataque deles. O Corinthians tem esse perfil, com jogadores rápidos na frente. É neutralizar e procurar fazer gol antes deles.

GE.Net – Você é o jogador mais experiente de um elenco recheado de garotos. Qual é o seu papel antes de um clássico como o deste domingo?

Renato - Sabemos que tem essa responsabilidade maior. Clássico é diferente, é um jogo mais especial do que qualquer outro jogo, mas acho que os garotos estão preparados. Eles se enfrentam desde a base, coisa que eu não tive, porque cheguei do Guarani e o rival era outro. Aqui eles já têm essa experiência do que é enfrentar o Corinthians. Mas, se um ou outro apresentar uma ansiedade maior, a gente procura conversar, procura orientar para que possa fazer o simples. Sabemos que no clássico tem que fazer o mais simples possível. Errar menos, para que você possa sair com a vitória. Procuramos sempre dar conselhos, mas acho que os garotos já sabem dessa responsabilidade.

GE.Net – Jogadores como Lucas Lima e Gabriel reclamaram do clássico ser às 11h. Você tem problemas para acordar cedo?

Renato - Não tenho, porque meus filhos estudam de manhã. Então, praticamente 7 horas da manhã eu estou já estou levantando, já estou de pé, porque eles acabam saindo para ir para a escola. Então, eu estou acostumado. Eu vario muito com a minha esposa. A gente procura ajudar sempre um ao outro, levando (as crianças à escola). Ela, na maior parte do tempo, acaba levando eles, mas, quando eles levantam eu já estou de pé para tomar o café. Acredito que estou bem mais acostumado do que os outros meninos aí.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
Compartilhar
Publicidade
Publicidade