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Destaque no Guaratinguetá, Alemão tenta apagar erros do início

17 set 2012 - 08h00
(atualizado às 09h15)
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A fama de berço de craques do Santos custa caro em algumas ocasiões. As bem-sucedidas gerações de Meninos da Vila colocam sob pressão todo garoto que seja integrado ao time profissional. Casos como o de José Carlos Tofolo Júnior, mais conhecido como Alemão, se repetem a cada ano, queimando jovens talentos com o peso de comparações a Pelé, Robinho e Neymar.

Em jogo no Estádio do Pacaembu, Ponte Preta saiu na frente, mas Emerson marcou para o Corinthians no fim e garantiu o empate por 1 a 1
Em jogo no Estádio do Pacaembu, Ponte Preta saiu na frente, mas Emerson marcou para o Corinthians no fim e garantiu o empate por 1 a 1
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

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Nascido na pequena cidade de Valinhos, no interior de São Paulo, Alemão foi chamado para o time profissional do Santos no ano de 2008, quando o clube passava por um processo de reformulação após conquistar o Campeonato Paulista nos dois anos anteriores, contratando estrangeiros como o argentino Mariano Trípodi e o chileno Sebastián Pinto.

Sob o comando do exigente Emerson Leão, responsável por revelar Diego e Robinho na conquista do Campeonato Brasileiro de 2002, o Santos resolveu apostar mais uma vez na força de suas categorias de base e promoveu ao "time de cima" nomes como o dos laterais Filipi e Thiago Carleto, do volante Dionísio e do meia Hudson. O grande destaque, porém, ficava pela dupla de ataque formada por Alemão e Tiago Luís.

Tratados como joias pelo clube, os garotos começaram a temporada mostrando bom futebol e logo se tornaram manchete nos jornais estrangeiros, com comparações ao português Cristiano Ronaldo e ao argentino Lionel Messi. Sem grandes investimentos para equilibrar a equipe entre jovens e experientes, o Santos foi mal no Paulista, vendeu algumas promessas e sofreu para permanecer na Série A do Campeonato Brasileiro.

Apesar do assédio de times do exterior, Tiago Luís permaneceu na Vila Belmiro, mas logo acabou sem espaço e sendo emprestado constantemente pelo time alvinegro para clubes de menor expressão, chegando ao Bragantino para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro deste ano.Deslumbrado com a possibilidade de deixar o Brasil para atuar na Europa, Alemão acabou recusando a proposta de renovação oferecida pelo Santos, na época presidido por Marcelo Teixeira. Tendo a Udinese como destino, o atacante deixou a Vila depois de estrear na derrota por 2 a 1 para o Grêmio Barueri, de marcar seu primeiro gol como profissional no empate por 1 a 1 com o Paulista de Jundiaí e de debutar em clássicos perdendo por 3 a 2 para o São Paulo.

Com problemas de documentação, no entanto, o garoto passou seu primeiro ano na equipe de Udine sem poder jogar e ainda assistiu de longe o nascimento da dupla Neymar e Paulo Henrique Ganso, seus companheiros de time em edições da Copa São Paulo de Futebol Juniores.

Em entrevista, Alemão explicou a perda de contato com o antigo parceiro de ataque Tiago Luís, arrependimento pela saída do Santos e deslumbramento com os supostos interesses de grande clubes do futebol europeu. "Tiago (Luís) é um colega, um amigo, mas perdemos o contato. Acabei me precipitando ao sair do Santos naquela época, quando eu vi que tinham times como Real Madrid, Liverpool e Udinese interessados em mim", afirmou.

Perguntado se o arrependimento pela saída aumentou quando percebeu que havia perdido a oportunidade de jogar ao lado de Neymar e Ganso, Alemão preferiu lembrar dos tempos com os craques na base santista. "Joguei um pouco com o Ganso, que é meu 'irmaozão' no futebol. Joguei com o ele e o Neymar na Copa São Paulo. Não tenho nenhuma mágoa com o Santos, eles queriam renovar e eu acabei optando por sair", ressaltou.

Depois do período de ostracismo com a camisa da Udinese, o jogador foi contratado pelo Vicenza, time da segunda divisão italiana. Mesmo passando por momentos difíceis logo no começo da carreira, o atacante avaliou sua passagem na Itália como positiva, principalmente as temporadas disputadas na Serie B.

"Foi um aprendizado, uma experiência muito boa. Fiquei um ano sem jogar, porque fiquei sem documentação, mas o clube me deu todo o apoio na época. Foi muito boa ir para o Vicenza. Lá eu aprendi muito mais sobre o futebol italiano e sobre o futebol europeu", destacou.

O carinho com o Vicenza, porém, não diminuiu a vontade de retornar ao Brasil e retomar a carreira perto dos parentes e amigos. Assim como na transferência do Santos para a Udinese, Alemão deixou claro que se apressou na hora de decidir seu futuro e acabou acertando com o Grêmio Catanduvense, estreante no Campeonato Paulista deste ano.

"Eu queria voltar de qualquer jeito, aí eles apareceram e eu aceitei. Não foi uma experiência muito boa, porque o time caiu para a Série A-2, mas foi outro aprendizado. Disputei o Paulista, que é um campeonato forte, com grandes equipes, mas acabamos rebaixados", lembrou. No time de Catanduva, o atacante marcou apenas dois gols: um na goleada por 4 a 2 sofrida para o Bragantino, e outro na derrota por 2 a 1 para o Guarani.

Mesmo sem conseguir aparecer novamente na vitrine brasileira, Alemão foi reemprestado pelo Vicenza ao Guaratinguetá para a disputa da Série B. Desde sua estreia, já no meio da competição, Alemão atuou em 13 partidas e balançou as redes adversárias por dez vezes, chegando a repetir a dose contra Guarani e Bragantino e com direito ao chamado "hat-trick" contra o Ipatinga.

O jogador comentou a boa fase vivida no time tricolor e elogiou os novos companheiros. "Na base do Santos sempre fiz meus gols, mas nunca fui artilheiro. Agora tive uma sequência de jogos e confio muito no meu potencial. Nos dos meus companheiros também, não merecemos estar onde estamos. Pelo que vi da Série B, nosso time não perde para nenhuma equipe, talvez apenas para o Vitória. A gente vacila, toma gol no final, mas temos um bom time", analisou.

A cada gol marcado pelo Guaratinguetá, Alemão foi ganhando status de salvador da pátria no clube, que vem mandando seus jogos no estádio Martins Pereira, em São José dos Campos. Se antes disputava a lanterna com o Grêmio Barueri, a equipe tricolor agora sonha em sair da zona de rebaixamento já na próxima rodada, quando visita o Avaí e torce para o CRB perder para o São Caetano.

Se tudo acontecer como o planejado, o Guaratinguetá deixará a zona da degola justamente pelo saldo de gols, critério que recebe ajuda significativa de Alemão. "Estou dando uma contribuição muito grande, mas sem meus companheiros eu não seria nada. Tenho certeza que nosso time não vai cair. Se cairmos será uma injustiça enorme", disparou.

O bom momento, inclusive, quase tirou o atacante do time do interior paulista nas últimas semanas. Com a chegada do técnico Jorginho, o presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, disse estar interessado em Alemão, mas acabou não concretizando a proposta e o negócio não saiu das especulações.

"Fiquei feliz que o presidente deles disse que me queria,mas mantive meus pés no chão, porque não chegou nada oficial. A partir do momento que chegasse eu iria conversar, mas ficou só na especulação. Fiquei feliz porque o Bahia é de Série A, tem história e uma torcida fantástica. Usei isso como gasolina, entusiasmo, para seguir nesse bom ritmo", afirmou, mostrando mais maturidade do que na sua saída do Santos.

Na última sexta-feira, o atacante voltou a marcar contra o Bragantino, chegou ao décimo gol na Série B, deu assistência para o lateral Renato Peixe e comandou a vitória por 2 a 0. Emprestado até o final deste ano ao Guaratinguetá, Alemão, a princípio, deve retornar ao Vicenza em dezembro, mas a fase de artilheiro pode fazer com que outros clubes manifestem interesse no jogador, que apesar da experiência, tem apenas 23 anos e muito a mostrar no futebol brasileiro.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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