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Santistas que não aceitam Ganso já toleraram Chulapa no Corinthians

18 nov 2015 - 10h27
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O torcedor santista tem convivido com o fato de muitos atletas deixarem o clube para jogar em algum de seus rivais nos últimos anos. Recentemente, foi assim com Paulo Henrique Ganso, que se transferiu para o São Paulo, Arouca e Aranha, que foram jogar no Palmeiras, e Edu Dracena, hoje no Corinthians. E nestes casos citados, a reação da massa foi de muita indignação. Mas, além disso, também existem situações que o coração do torcedor alvinegro é testado de uma forma ainda mais dura, como por exemplo no retorno de Robinho, em 2010. Endeusado pelos títulos Brasileiros de 2002 e 2004, o Rei das Pedaladas deixou o clube em 2005 debaixo de protestos e de uma campanha intitulada como “vaza, Robinho”, depois do camisa 7 se recusar a entrar em campo pelo Peixe e forçar sua transferência para o Real Madrid, da Espanha. Porém, cinco anos mais tarde, Robinho aterrizou na Vila Belmiro a bordo de um helicóptero, ao lado do Rei Pelé, em uma verdadeira recepção de gala, histórica. Alí, ficou claro que todas as divergências com os fãs tinham sido enterradas no passado.

Os santistas agora se deparam com uma nova possibilidade. A diretoria do clube quer resgatar Paulo Henrique Ganso para 2016. O desejo assumido é do presidente Modesto Roma Júnior. Amigo do meia de 26 anos, o mandatário está disposto a enfrentar a repulsa de seu torcedor quanto ao retorno do jogador, que de sua parte também não enxerga problema em voltar a vestir a camisa do Santos, pelo qual foi protagonista ao lado de Neymar na conquista de três campeonatos Paulistas, uma Recopa, uma Copa do Brasil e uma Copa Libertadores da Amétrica entre 2009 e 2012.

Dentro desse cenário, é notório como a tolerância do torcedor santista sofre metamorfoses com o passar do tempo. Basta lembrar de como jogadores identificados com seu arquirrival Corinthians, como Marcelinho Carioca, Rincón, Ricardinho, Kléber e Deivid, foram surpreendentemente bem aceitos na Vila Belmiro.

E um caso que simboliza bem isso é o de Serginho Chulapa. Depois de brilhar no início da década de 1980 com a camisa do São Paulo, clube em que é o maior artilheiro da história com 242 gols em 401 jogos, o centroavante chegou ao Santos para ser decisivo no título Paulista de 1984. O que ninguém esperava, era que Chulapa fosse jogar justamente no alvinegro da Capital no ano seguinte.

“Fui para o Corinthians contra a minha vontade. Eu não queria sair do Santos, né? Mas, como o time estava com problemas financeiros, o (Milton) Teixeira (presidente à época) me chamou e falou: ‘Olha, você vai para o Corinthians’. Eu falei: ‘Está bom’. Aí fui lá e deu para ver que não fui bem recebido, porque em 84 a gente disputou o título e ganhamos em cima deles”, conta Serginho, em exclusividade à Gazeta Esportiva.

“Eu sabia disso, do risco que eu ia correr, e tenho certeza que não fui bem recebido, tanto dentro de campo quanto fora de campo. Porque eu via que a bola não chegava, mas de sacanagem, está entendo? Então, eu realmente voltei para o Santos. E o torcedor sabe que eu não queria ir. Eu fui mais para ajudar o Santos em termos financeiros. Depois voltei para cá”, complementa o ex-jogador, hoje auxiliar da comissão técnica permanente do Peixe.

A passagem de Serginho Chulapa pelo Corinthians foi tão rápida que muitos sequer lembram que o camisa 9 da Copa de 1982 jogou pelo time de Parque São Jorge. Talvez por isso, o torcedor santista também preferiu ignorar o que muitas vezes é visto como ‘traição’ e aceitou o centroavante de volta, de braços abertos.

“Me aceitaram bem novamente. Inclusive fizemos um bom ano de 86. É aquilo que eu falo. Se o cara é um ídolo, o Paulo (Henrique Ganso), por exemplo. Eu acredito que um jogador desse tem sempre que tratar bem. Então, eu acho que a minha volta pra cá foi a melhor coisa que eu fiz. Fiquei três meses no Corinthians só e tinha que vir embora, senão eu ia enforcar uns três lá”, lembra Chulapa, aos risos, com seu característico ‘jeitão’ de falar.

Aos 61 anos e dono de uma sinceridade rara no futebol, Serginho Chulapa não vê problema em Ganso deixar o São Paulo e retornar ao Peixe, apesar da discordância da torcida. Porém, ressalta a grande fase vivida por Lucas Lima, titular absoluto da equipe nesse momento, e que joga na mesma posição do meia Tricolor.

“O Paulo eu não sei. Depende a maneira que a pessoa sai do clube. O torcedor está chateadíssimo, da maneira que foi, como foi. Corre o risco, mas a gente tem um meia esquerdo ai violentíssimo, que é o Lucas Lima, né? Não sei se vai ficar aqui e tal, mas não sei qual que a perspectiva da diretoria do Santos em trazê-lo novamente, mas, sei lá. Não deixa de ser um grande jogador”, analisa, de certa forma pedindo uma compreensão maior do tão exigente torcedor santista.

“O torcedor sabe que o Paulo é santista, foi criado aqui, então, acho que o torcedor tem que entender essa parte ai. Mas, de meia esquerda, nós estamos com o melhor meia esquerda do Brasil”, exclama Chulapa, 21º maior goleador da história do Peixe, com 104 gols em 204 partidas.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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