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Santos foge de “pepino” e Prefeitura assume despesas do Museu Pelé

A prefeitura de Santos armou uma grande festa nesta quinta-feira no centro da cidade. A taça do Campeonato Paulista foi levada de bonde ao Museu Pelé escoltada por autoridades regionais, grandes ídolos e atuais jogadores do clube, além de boa parte da diretoria alvinegra. Para os santistas, era apenas mais um reflexo do título que […]

13 mai 2016 - 07h03
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A prefeitura de Santos armou uma grande festa nesta quinta-feira no centro da cidade. A taça do Campeonato Paulista foi levada de bonde ao Museu Pelé escoltada por autoridades regionais, grandes ídolos e atuais jogadores do clube, além de boa parte da diretoria alvinegra. Para os santistas, era apenas mais um reflexo do título que veio no domingo. Mas, na verdade, sob olhares da imprensa e de dezenas de crianças da rede escolar municipal, foi assinado ali o documento que torna a prefeitura nova gestora do Museu Pelé.

Apesar dos discursos otimistas que vazavam sem a atenção dos presentes devido ao tumulto generalizado, a medida causa sérias preocupações à população e aponta uma mudança de curso, já que o Santos Futebol Clube assumiu nesta quinta uma parceria junto ao município, descartando de vez a ideia inicial de ser o gestor do equipamento.

“O Santos tem experiência com este tipo de equipamento. Há 12 anos, o Museu do Santos é o segundo equipamento mais visitado da cidade. Trazer esta expertise para o Museu Pelé pode ajudar a dinamizar mais a visitação da população”, comentou o presidente Modesto Roma Júnior, antes de resumir a real motivação por ter desistido de gerir o local.

“Não aconteceu nada. Nessas discussões todas, chegou-se à conclusão que o modelo ideal é esse, de parceiro, sem necessidade de assumir alguns ônus que não nos interessa. O Santos tem pepinos suficientes. Não precisa importar”, explicou.

Desde sua inauguração, em 15 de junho de 2014, o Museu Pelé dá prejuízo. Custeado pelos governos Estadual e Federal ao valor de R$ 50 milhões, o espaço era administrado até então pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) AMA Brasil e antes mesmo de completar seu primeiro ano de funcionamento já presentava um prejuízo de R$ 70 mil por mês.

“Nós procuramos uma série de iniciativas para atrair o público. A primeira foi a redução de ingressos. Hoje, temos ingresso na ordem de R$ 10,00, com descontos atribuídos a categorias e faixas etárias, R$ 5,00, para que pessoas tenham a facilidade de conhecer o equipamento”, anunciou o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), esperançoso com as 400 peças do acervo do Rei do Futebol que devem chegar na próxima semana.

O Chefe do Executivo explicou ainda que a saída da OSCIP AMA Brasil se dá por conta da doação de Pelé de parte de seu acervo pessoal e da totalidade do acervo que já está exposto no Museu para a prefeitura de Santos, que agora gestora, se esquiva das dívidas contraídas pela antiga administração.

“Todas as responsabilidades e atribuições constantes no contrato com a AMA são de responsabilidade da AMA até o momento da rescisão contratual, já celebrada. Vivemos uma nova etapa. Daqui por diante, todas as atribuições e responsabilidades são da prefeitura”, garantiu Paulo Alexandre Barbosa.

Apesar da afirmação do prefeito levantar dúvidas sobre a prática da ideia de apontar um “marco zero” desde esta quinta, o secretário de gestão Fábio Ferraz deixou claro que muita coisa precisará mudar para o Museu Pelé não se tornar um elefante branco sob os cofres públicos.

“De fato as contas não fecharam no azul. Isso é uma realidade”, reconheceu Ferraz. “A gente tem um déficit de custeio mensal. Não é uma dívida consolidada. É dívida de custeio. Então, veja, o custeio mensal do Museu gira em torno de R$ 80, R$ 90 mil por mês. Esse é o custo do Museu. E de bilhetagem a gente tinha algo em torno de R$ 40, R$ 50 mil em média. Enfim, é uma contabilidade”, simplificou.

Ainda de acordo com o secretário de gestão, a rescisão contratual entre prefeitura e AMA Brasil “foi uma celebração amigável”, sendo assim, sem necessidade de pagamento da multa rescisória prevista no acordo vigente até então. Mas, em caso de qualquer prejuízo a partir de agora, é com dinheiro público que o espaço irá se manter.

“Hoje o equipamento Museu Pelé é um equipamento como qualquer outro. Então, a prefeitura paga a conta de luz dele, a prefeitura paga a conta de água, a prefeitura paga suas despesas. Ele passou a ser um patrimônio do município. O custeio é de responsabilidade da prefeitura”, reiterou Fábio Ferraz, com discurso endossado pelo prefeito Paulo Alexandre.

“Museu não foi feito para dar lucro. Não temos uma visão exclusiva de ter lucro com ingresso. Não é o objetivo da prefeitura. Não tem que ser encarado como negócio, mas como investimento para as pessoas, comunidade santista e turistas”, retrucou.

Como a prefeitura não informou o tamanho do prejuízo da AMA Brasil neste tempo em que geriu o Museu Pelé e também não confirmou quanto custará e como pagará as despesas com o equipamento, o vereador Marcelo Del Bosco Amaral (PPS) aprovou um requerimento na Câmara da cidade para levantar questionamentos da ação do Executivo.

Apesar de todo o jogo político do Santos Futebol Clube dentro do negócio e da parceria firmada nesta quinta, o clube percebeu o clima de incerteza sobre as dívidas, entendeu a dificuldade em assumir a gestão do Museu e também insistiu na tese de não entrar como gestor no caso de réplicas das peças de Pelé serem usadas no lugar das originais.

“É verdade que, dentro do acordo de doação, o próprio Rei Pelé pode solicitar que sejam realizadas exposições pelo Brasil e pelo mundo e, em substituição, ele deixa uma peça por um determinado período. Por exemplo, três meses uma exposição fora. Isso faz parte do acordo que foi celebrado. Leva o original, deixa uma réplica e depois retorna”, exemplificou o secretário Fábio Ferraz, esclarecendo o acordo estabelecido.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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