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Chulapa critica reciclagem de técnicos: "só para tirar foto"

23 mai 2015 - 09h18
(atualizado às 09h28)
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Os anos não mudaram Serginho Chulapa, hoje auxiliar e braço direito de Marcelo Fernandes. O polêmico ex-centroavante, maior artilheiro da história do São Paulo e um dos maiores do Santos após a era Pelé, diz que não abandona o jeitão mais conhecido para ajudar nos bastidores do clube. Em entrevista ao Terra , Chulapa confessou que “não tem paciência” para estudar, alegando que futebol se resolve na sinceridade com os jogadores, e não poupou sequer os treinadores que vão para a Europa “se reciclar”.

“Estudar? Não, não tenho paciência”, confessou. “Não adianta ir lá (para a Europa) passear, isso não existe. Tem cara que vai lá para fazer isso aí, mas é a maior mentira que tem, é história só para tirar foto com o treinador e dizer que voltou reciclado. Futebol brasileiro não precisa reciclar nada, você não pode inventar, isso sim”, completou.

Chulapa acumula passagens pelo Santos e hoje ocupa cargo que mais gosta
Chulapa acumula passagens pelo Santos e hoje ocupa cargo que mais gosta
Foto: Fernando Pilatos / Gazeta Press

A crítica de Chulapa vai para a série de períodos que alguns treinadores brasileiros tem passado no futebol europeu para aprenderem com alguns nomes em alta no mercado. Recentemente, antes de efetivar Marcelo Fernandes no cargo, o próprio Santos negociou com Dorival Júnior e Vagner Mancini, que estagiaram juntos na Europa. No último ano, o atual técnico do Corinthians, Tite, ficou sem clube e estudou na Europa.

Chulapa também contou que aplica em Gabriel Barbosa um trabalho específico para atacantes e acredita  na sua recuperação.  Até apostas ele faz para estimular em treinamentos.

Veja a entrevista completa com ex-atacante e auxiliar do Santos:

Terra - Foram tantas passagens como auxiliar. O que mudou desse ano para os outros que trabalhou e até venceu como 2004 e 2007?

Serginho Chulapa - É outra época, acho que 2004 e 2007, que trabalhei com o Vanderlei (Luxemburgo) aqui, até assumi alguns jogos, sempre chegamos e sempre fomos vencedores. Agora, continuamos da mesma forma, conseguimos o Paulista como a quarta força, provando, mais uma vez, a capacidade dos jogadores que sabíamos que dariam conta do recado. O negócio é trabalho, trabalhar direitinho, ser leal com os jogadores, esse é o grande trunfo que eu e o Marcelo (Fernandes) temos. Segurar mais de 30 caras não é fácil, não, temos que ter união para conquistar os objetivos.

Terra - E o que mudou em você nesses anos? Passou a estudar mais? Precisou se modernizar e entender mais os aspectos táticos?

Serginho Chulapa - Estudar? Não, não tenho paciência. Você vai vendo, acompanhando o futebol, está no meio e se aperfeiçoa mais em termos de treinamento. Vejo coisas de fora, de outros países que podem ser acrescentados. O que fazem lá fora é o mesmo que fazem aqui, mas com um pouco mais de estilo. Não adianta ir lá passear, isso não existe. Tem cara que vai lá para fazer isso aí, mas é a maior mentira que tem, é história só para tirar foto com o treinador e dizer que voltou reciclado. Futebol brasileiro não precisa reciclar nada, você não pode inventar, isso sim. Para mim, particularmente, a cada dia que passa nos aperfeiçoamos, damos treinos diferentes, principalmente para os atacantes. Hoje faço isso com o Ricardo (Oliveira) e os demais, não tem mistério. Damos o que acontece em campo, o trivial, tanto que a nossa preleção não passa de 20 minutos. Passamos para eles o que vai acontecer em campo e eles executando bem temos sucesso.

Terra - Então a meta de vocês é não deixar o futebol chato, é isso? É ganhar o grupo pelo que eles gostam de fazer?

Serginho Chulapa - Sem futebol chato, o nosso time é de toque, dificilmente perdemos na Vila Belmiro. Os caras vêm com receio para cá, pois o nosso time é rápido. Tudo isso vem do estilo e o Marcelo acrescentou isso ao time que é veloz, que ganhou o Paulista e está bem no Campeonato Brasileiro.

Artilheiro diz que trabalha para melhorar o cabeceio e a perna direita de Gabigol
Artilheiro diz que trabalha para melhorar o cabeceio e a perna direita de Gabigol
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

Terra - Algo interessante é que você trabalha com um atacante em alta, que é o Ricardo Oliveira, artilheiro e craque do Paulista, e outro em baixa, o Gabigol. Como consegue ajudá-lo no aspecto motivacional? O que consegue tratar?

Serginho Chulapa - Ele é um moleque que ainda tem que aprender muito, está aprendendo. Ano passado foi o maior artilheiro do Santos no ano, então alguma coisa ele tem. Nos treinos procuramos aperfeiçoar a sua perna direita e o cabeceio, essas coisas passamos para ele. Treinamos isso para futuramente ser aquele centroavante que todos nós esperamos. Ele é uma realidade, mas tem que ter paciência, tranquilidade, algo que ele mesmo precisa. Ele tem entrado nos jogos, mas fazemos o necessário. Tem jogos que entra bem, mas precisa treinar e treinar, estamos fazendo isso exaustivamente.

Terra - Esse seu trabalho específico com os atacantes inclui o Kleber Pereira em 2007, que foi um personagem visto muito como caricato fora de campo e muito contestado dentro dele, apesar dos gols. Como foi trabalhar com ele?

Serginho Chulapa - Foi um grande amigo, esteve com a gente outro dia. Ele fez 80 gols aqui, é coisa para caramba. Acho que foi um grande ídolo no Santos. Tudo isso vem de treinamento e lealdade, de falar no olho dos caras. Futebol tem que lidar com 30 caras, não vão ficar os 30 felizes, mas o mesmo bom dia para o Robinho tem que ser para o que concentra. Agora estamos revezando concentrações e viagens. Quando o Marcelo chegou, falamos para se prepararem que precisaríamos de todos. Não adianta não concentrar e relaxar, aí vai para o jogo, vai mal, e nunca mais entra. Contra o Maringá foram dez reservas. Todos estão com oportunidade, quando tem que falar algo pedimos que venham na gente, não via imprensa.

Terra - Algo que quero te perguntar é se rolam apostas internas para estimular os atacantes. Alguns goleiros fazem isso com companheiros batedores de pênaltis, para aprimorarem. Você faz isso?

Serginho Chulapa - Mais no treinamento, mas coisas simples: o último que sobra no chute a gol passa no corredor da morte. Essas coisas que estimulam a caprichar nos treinos. Fazemos aquilo que o jogador precisa, não inventamos. O importante é o conjunto.

Chulapa ao lado de Robinho: auxiliar não pensa em parar de trabalhar
Chulapa ao lado de Robinho: auxiliar não pensa em parar de trabalhar
Foto: Ivan Storti/Santos FC / Divulgação

Terra - E você tem falado com o Muricy já que ele estava próximo, no Guarujá? Como ele está atualmente?

Serginho Chulapa - Não, faz tempo (que não falo). Ele estava com problema de saúde e precisava parar para se cuidar, quanto mais tempo sem se cuidar, pior, porque o futebol te traz um limite máximo. Tinha que parar como parou, ver o que pensa para frente, não adianta continuar trabalhando com problemas de saúde.

Terra - Você estipula algum prazo para encerrar as atividades? A família já pediu?

Serginho Chulapa - Só vou parar quando morrer, me sinto bem aqui, faço um trabalho bom no Santos há mais de 15 anos. Se você parar de trabalhar, você morre. Precisa trabalhar para fazer uma atividade e estou satisfeito aqui.

Terra - Aquele episódio com o Paulo Henrique Ganso, em que ele te citou e você desaprovou o comentário dele, já foi superado? Ele te ligou para amenizar?

Serginho Chulapa - A nossa relação é boa, mas ele não poderia transmitir um fracasso dele no time daquela forma. Eu nunca bati no juiz, isso não existe. Ele veio no Santos e São Paulo me cumprimentar, está tudo certo, mas não poderia citar. Me jogou para os leões.

Terra - Com relação ao Oliveira, que já é um veterano, acredita que ele consegue manter o ritmo nessa maratona de jogos do Brasileiro?

Serginho Chulapa - Dá para buscar, sim, ele é muito capaz, um jogador que se cuida bem, artilheiro do campeonato. É bem capaz, sim, ele treina bem, se cuida muito e tem uma finalização muito boa com as duas pernas. Quanto mais gols melhor, tenho certeza que vai brigar pela artilharia.

Terra - Você, em um de seus retornos, chegou a trabalhar como observador técnico? No que te acrescentou? Sentiu saudade do campo?

Serginho Chulapa - Fiz um trabalho fora do campo, mas estava todos os dias aqui. Para falar a verdade, aqui é a minha, como auxiliar é melhor, estou mais próximo. É melhor estar dentro de campo para passar tudo o que aprendi nesse tempo todo da minha vida.

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Fonte: K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME
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