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Do topo à Série D: 7 razões para sentir falta do São Caetano

30 set 2014 - 11h28
(atualizado em 6/8/2015 às 07h12)
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O São Caetano chegou ao fundo do poço. Um dos times mais carismáticos do Brasil, o Azulão foi rebaixado para a Série D do Campeonato Brasileiro na noite desta segunda-feira e confirmou o terrível momento da história do clube que assombrou o País no início do século 21. A queda para a quarta divisão nacional – após derrota do Caxias para o Guarani por 1 a 0 – foi apenas uma dentre as tantas que a equipe sofreu nos últimos anos. Depois de descer à Série B em 2006, o São Caetano não conseguiu mais voltar à elite e, além de ter despencado em âmbito nacional, ocupa também a segunda divisão do Campeonato Paulista.

Mas nem sempre foi assim. Inaugurada em 1989 com o nome de Sociedade Esportiva Recreativa União Jabaquara, a Associação Desportiva São Caetano conseguiu há pelos menos 14 anos o que para muitos clubes parecia impossível: figurar dentre os principais times do País. Sensação do futebol brasileiro no início do século, a equipe paulista foi vice-campeã brasileira em 2000 e 2001, vice da Copa Libertadores da América em 2002 e campeã paulista em 2004. Quando já começava a agonizar, ainda foi segunda colocada no Estadual de 2007.

Por isso, não faltam motivos para nutrir saudades do querido São Caetano. Relembre, abaixo, os momentos que nos fazem ter uma gostosa nostalgia do carismático clube do ABC paulista.

Ele costumava ganhar do time que você mais odeia

O São Caetano não se importava com o peso da camisa. Se isso causasse alguma influência, aliás, o time paulista nunca teria conseguido chegar onde chegou. Foi ganhando de forma chocante das grandes equipes do futebol brasileiro que a equipe do ABC se tornou querida em todo o País. Torcedor, saiba que o seu clube (ou o seu maior rival) certamente já foi derrotado pelo São Caetano. Pode apostar nisto.

Em 2000, quando ganhou fama nacional ao chegar à grande final da Copa João Havelange, o São Caetano deixou pelo caminho times muito tradicionais do Brasil. O Náutico, na terceira fase, foi o primeiro (caiu por 6 a 2). Depois, Fluminense (oitavas de final), Palmeiras (quartas) e Grêmio (semifinal) caíram antes da decisão diante do Vasco. No ano seguinte, o Atlético-MG chegou a sofrer um 5 a 2 do São Caetano, que também venceu Bahia e Inter na caminhada rumo a mais um vice-campeonato nacional.

Competição Jogo
Copa João Havelange (2000) São Caetano 6 x 2 Náutico
Copa João Havelange (2000) Fluminense 0 x 1 São Caetano
Copa João Havelange (2000) Palmeiras 3 x 4 São Caetano
Copa João Havelange (2000) Grêmio 1 x 3 São Caetano
Campeonato Brasileiro (2001) São Caetano 5 x 2 Atlético-MG
Campeonato Brasileiro (2001) Botafogo 2 x 4 São Caetano
Campeonato Brasileiro (2002) São Caetano 3 x 0 Corinthians
Campeonato Brasileiro (2003) São Caetano 4 x 1 Bahia
Campeonato Brasileiro (2003) São Caetano 5 x 0 Internacional
Campeonato Paulista (2004) São Paulo 0 x 2 São Caetano
Campeonato Paulista (2004) São Caetano 4 x 0 Santos
Campeonato Brasileiro (2004) Criciúma 0 x 4 São Caetano
Campeonato Paulista (2007) São Paulo 1 x 4 São Caetano
Campeonato Paulista (2010) Palmeiras 1 x 4 São Caetano

O time colorado, aliás, foi vítima de uma das principais goleadas da história do clube do ABC paulista. Em 2003, o São Caetano bateu os gaúchos por 5 a 0 na última rodada do Campeonato Brasileiro e ganhou o “carinho” dos gremistas. Em 2007, foi a vez de o São Paulo sofrer nas mãos do modesto time paulista e ser eliminado nas semifinais do Estadual após derrota vexatória por 4 a 1 no Morumbi. O Palmeiras, em 2010, caiu para o São Caetano por este mesmo placar pela fase de grupos do Paulista, no Palestra Itália, e o então técnico alviverde, Muricy Ramalho, perdeu o emprego.

Era o Corinthians, porém, quem mais penava quando enfrentava o São Caetano. E quem prova isto são os números. No confronto direto, ambos somam 28 jogos, com vantagem do time azul (12 vitórias contra 11) e cinco empates. De 2001 para cá, foram cinco triunfos do São Caetano sobre o Corinthians por pelo menos dois gols de diferença. Quando a tabela apontava um embate entre os times, então, palmeirenses, são-paulinos e santistas já preparavam a “zoação” do dia seguinte.

(Crédito da foto: Ricardo Matsukawa/Terra)

Ele quase fez a final do Mundial com o Real Madrid dos galácticos

Sabe aquele confronto que só parece possível nos videogames? Então. Foi por pouco, mas muito pouco mesmo que um deles não decidiu simplesmente a Copa Intercontinental de 2002, no Japão. São Caetano e Real Madrid ficaram a apenas alguns minutos de se enfrentar pelo principal título do planeta, em Yokohama. O time espanhol, que vivia o auge de sua forma com os chamados jogadores galácticos (Ronaldo, Roberto Carlos, Zidane, Figo, Raúl, Cambiasso e Cia.), havia faturado o título da Liga dos Campeões da Europa daquele ano sobre o Bayer Leverkusen, e apenas um milagre impediu o duelo com o São Caetano na Ásia.

(Crédito da foto: Gazeta Press)

Isto porque o time paulista disputou a final da Copa Libertadores da América de 2002 e, em certo momento, colocou as duas mãos na taça – a Copa Intercontinental, hoje nomeada como Mundial de Clubes da Fifa, confrontava os campeões da América do Sul e da Europa no fim do ano, no Japão. Depois de deixar Alianza Lima, Cerro Porteño, Peñarol e América do México pelo caminho, o São Caetano venceu por 1 a 0 o primeiro jogo da final, contra o Olímpia, no Paraguai, e podia até empatar no Pacaembu para erguer a taça continental. Na partida em São Paulo, Aílton abriu o placar para os brasileiros no primeiro tempo, mas Córdoba e Baéz viraram para os paraguaios na etapa final, levando a decisão para as penalidades. Nelas, o Olimpia fez 4 a 2 e se sagrou campeão da Libertadores. No Japão, o Real foi campeão do mundo após triunfo por 2 a 0. Teria sido igual se o adversário fosse o São Caetano?

Ele já teve os principais técnicos do Brasil e jogadores de Copa

Responda rápido: quem são os dois melhores técnicos do futebol brasileiro na atualidade. Certamente a maioria das afirmativas teve Tite e Muricy Ramalho, certo? Pois é: saiba que, muito antes de se firmarem como multicampeões em clubes como Corinthians, Internacional, São Paulo, Santos e Fluminense, ambos passaram pelo São Caetano. Tite comandou o time do ABC em 2003. Não foi campeão de nada, mas montou a equipe que ergueria o título paulista um ano depois, com Muricy Ramalho. Até hoje, ambos guardam com muito carinho os trabalhos que tiveram no São Caetano.

(Crédito da foto: Gazeta Press)

E não foram apenas treinadores consagrados que deram o ar da graça no clube paulista. Muitos jogadores que hoje brilham (ou já brilharam) no futebol europeu vestiram a carismática camisa azul. Em 2004, dois antes de jogar uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira, Mineiro atuou pelo São Caetano. O mesmo aconteceu com o lateral esquerdo Gilberto. Até mesmo Marcos Senna, campeão europeu com a seleção espanhola em 2008, jogou na equipe do ABC, em 2002. Isso sem contar os conhecidos Serginho Chulapa (1991-1993), Túlio Maravilha (2000), Magrão (1995-96, 1999-2000 e 2002-2003), Mancini (2001), Brandão (2002), Marcelo Mattos (2003-2004), Marcinho (2003-2005) e Rivaldo (2013).

Ele teve todo o carisma de Adhemar

Todo grande time precisa ter um grande jogador. O São Caetano do início do século 21 possuía bons valores como Silvio Luiz, Serginho, Dininho, Esquerdinha, Adãozinho, Claudecir e Aílton, mas nenhum deles se comparava a Adhemar. Atacante baixinho, de apenas 1,65m, ele cansou de fazer estragos nas defesas adversárias entre 2000 e 2004. Dono de potentes chutes tanto de perna direita como esquerda, o jogador é o maior artilheiro da história do clube (68 gols) e também o ídolo mais querido da torcida do São Caetano.

(Crédito da foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Adhemar fez tanto sucesso na equipe do ABC paulista que garantiu transferência ao Stuttgart, da Alemanha, em 2001, e contou com lobby da imprensa brasileira por convocação à Copa do Mundo de 2002. Apesar disto, ele nunca foi chamado para vestir a camisa verde a amarela. A idade avançada (quando estourou, Adhemar já possuía 28 anos) pode ter sido a responsável por isto. O forte chute do agora ex-jogador ainda quase o fez ser o primeiro brasileiro da história da NFL, principal liga de futebol americano do planeta. Em 2007, ele fez testes no Tampa Bay Bucaneers, apresentou desempenho digno das grandes estrelas do esporte (acertou 9 de 10 chutes de 50 jardas) e só não foi contratado para o esporte da bola oval por problemas burocráticos.

Ele tem uma torcida organizada com o nome Bengala Azul

Esqueça os tradicionais nomes violentos e provocativos das principais torcidas organizadas do Brasil. O maior grupo de fãs do São Caetano se chama “Bengala Azul”. Criada no mesmo ano da fundação do clube paulista (1989), a torcida é composta apenas por pessoas com pelo menos 60 anos e tem como principal lema a lealdade ao São Caetano. A organizada foi inaugurada por senhores aposentados que gostavam de acompanhar os treinos da equipe e acabou assim batizada porque dois deles só se locomoviam com o auxílio de bengalas – uma delas era azul e segue exposta na sede da torcida até hoje. No momento, a Bengala Azul conta com pouco mais de 600 membros, sendo que praticamente metade deles costuma comparecer às partidas no Estádio Anacleto Campanella.

(Crédito da foto: Anderson Gores/Gazeta Press)

Ele teve um técnico como Jair Picerni

O treinador mais querido do São Caetano é Jair Picerni. Responsável por comandar a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de 1984 e por levar o Palmeiras de volta à primeira divisão nacional, em 2003, o carismático profissional era o homem que estava sentado no banco de reservas azul nos principais momentos da história da equipe do ABC. Sempre muito enérgico, ele ficou à frente do São Caetano entre 2000 e 2002, em 2005 e em 2007, e fez o time ser campeão da A2 do Campeonato Paulista, duas vezes vice-campeão brasileiro e uma vez vice da Libertadores.

O momento que eternizou a passagem de Jair Picerni pelo São Caetano, porém, não aconteceu durante uma partida. Em 2000, após um treinamento em São Paulo, o repórter Nelson Cilo, do Diário do Grande ABC, discutiu com o técnico e pediu mais respeito. Jair não se conteve e acertou um soco em Nelson. Os dois se agarram, caíram no chão e depois foram separados. O jornalista sangrou e teve que ir para o hospital. Jair pediu desculpas um dia depois da confusão.

Ele tem um estádio como o Anacleto Campanella

Poucos clubes pequenos do futebol brasileiro possuem tanta relação com o seu estádio como o São Caetano com o Anacleto Campanella. Inaugurado em 1955, o local foi o grande palco dos principais feitos do São Caetano e é muito querido pelos torcedores locais. Apesar de ultimamente ter se acostumado a receber públicos minúsculos, o estádio já sediou grandes partidas do futebol brasileiro.

Atualmente com capacidade para 14.400 pessoas, o Anacleto Campanella recebeu a final do Campeonato Brasileiro de 2001, entre São Caetano x Atlético-PR, e registrou, naquela tarde, o seu recorde de público (20 mil pessoas) até hoje. Além disto, foi palco de históricos duelos na Copa Libertadores da América. Em 2002, por exemplo, sediou uma partida de semifinal, entre São Caetano e América do México. Já em 2004, recebeu duelo do clube azul diante do poderoso Boca Juniors, mas pelas oitavas de final do torneio.

(Crédito da foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Foto: Gazeta Press
Fonte: Terra
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