"Passado para trás", Atlético-PR mantém rancor após 10 anos
Sem poder jogar na Arena da Baixada, equipe paranaense reclama da "fuga" do São Paulo no primeiro jogo
A terça-feira da última semana marcou 10 anos da partida de ida da final da Copa Libertadores da América de 2005. Na ocasião, Atlético-PR e São Paulo empataram por 1 a 1, em duelo disputado no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. O motivo: a Arena da Baixada não tinha capacidade para 40 mil pessoas, e o clube paulista e a Conmebol não aceitaram que o jogo fosse realizado no local, que estava com arquibancadas tubulares instaladas. Uma semana depois o São Paulo venceu por 4 a 0 no Morumbi e levantou o título que completa 10 anos nesta terça.
Logo após eliminar o Chivas-MEX nas semifinais, o time brasileiro começou a correr contra o tempo e, naquela madrugada mesmo, começaram as instalações das arquibancadas tubulares. Assim, o estádio teria a capacidade necessária, conforme o exigido pelo regulamento da Copa Libertadores da América.
Apesar da "manobra" rubro-negra obter aprovações de todas as autoridades, que liberaram o estádio para 34 mil pessoas acompanharem a primeira final, o desfecho não foi como queria. O São Paulo bateu o pé e a Conmebol vetou que o jogo fosse realizado na Arena da Baixada, marcando a partida para Porto Alegre, no Estádio Beira-Rio, do Internacional.
O fato até hoje não é engolido pelos atleticanos, que reclamam da fuga da equipe paulista. "Foi, sem dúvida alguma, a maior frustração da minha carreira", afirmou Borba Filho, que era o supervisor técnico clube em 2005. "Fomos passados para trás, esta é a verdade. Jogamos o campeonato inteiro ali, tínhamos todas as liberações, o que aconteceu foi uma manobra política do São Paulo", disparou.
Dentro de campo, os atletas do Atlético-PR também lamentaram muito o ocorrido. "Uma pena que o jogo não foi na Arena, a torcida atleticana é fanática e faz a diferença. Os números mostram isso. Tanto é que o São Paulo nunca venceu ali", relembrou o atacante Aloísio Chulapa, citando o tabu de 33 anos. "Isso não quer dizer que seríamos campeões, mas poderíamos ter obtido alguma vantagem, até porque saímos na frente lá em Porto Alegre", complementou o atleta que, meses depois, se transferiu para o clube do Morumbi em outra polêmica.
Quem também recordou com tristeza o fato foi o ex-meia Fabrício, que desperdiçou um pênalti no Morumbi. "Repercutiu muito mal, pois todos sabem que foi a força política do São Paulo com a Conmebol. Acabamos jogando em um campo neutro e o time ficou abalado, pois éramos muito fortes na Arena da Baixada", disse.
Fabrício ainda lembrou de um jogo realizado 45 dias depois, válido pelo Campeonato Brasileiro, na Arena da Baixada, que mostrou que a história poderia sim ser diferente. "Vencemos por 4 a 2. Até alguns jogadores do São Paulo admitiram que ali o buraco era mais embaixo", revelou.
Para Borba Filho, faltou uma posição mais firme do Atlético-PR na época. "O clube deveria ter batido o pé. Não deveria aceitar esta condição. O que fizeram foi praticamente dar a taça para o São Paulo e o vice para nós", definiu.
Sempre que pode, o presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, relembra o episódio para cutucar o São Paulo. "Nos tiraram na mão grande, de uma forma vil, do nosso estádio para jogar a final. Nós tínhamos os 40 mil lugares. Eu tenho todos os certificados, da polícia, do Crea-PR, dos bombeiros, todos certificando a capacidade. E por força, de instruciones superiores, fomos jogar no Beira Rio. Dois meses depois os bambinhos foram lá e tomaram de quatro", declarou em entrevista concedida ao canal ESPN Brasil, no dia 8 de outubro de 2013