Ceni critica diretoria e cita "necessidade de ser campeão"

Antes empolgado com a liderança do Campeonato Brasileiro, Rogério Ceni já não tem mais tanta certeza de que o São Paulo brigará para ser campeão. Após a derrota desta quarta-feira para o Atlético-PR, o goleiro reclamou da série de vendas de jogadores, o que, em sua opinião, enfraqueceu a equipe, agora sexta colocada.

"Isso é difícil. As pessoas falam do dinheiro, mas nesse clube eu trabalho há 25 anos. Isso aqui, mais cedo ou mais tarde se resolve, eu conheço bem. Agora, perder seis, sete jogadores assim... É muita venda, né? Aí enfraquece", disse o capitão, sobre a justificativa dada pela diretoria sobre a necessidade de fazer dinheiro para pagar dívidas - entre elas, com o elenco.

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"A gente tinha uma expectativa duas, três semanas atrás, que muda totalmente. A gente entende a necessidade financeira do clube, mas tem também minha necessidade de ser campeão. Aí é um conflito que a gente tem que resolver", comentou.

Até o momento, duas negociações foram seladas: o zagueiro Paulo Miranda e o volante Denilson se transferiram para Red Bull Salzburg (da Áustria) e Al Wahda (Emirados Árabes), respectivamente. Além delas, a venda cancelada de Rodrigo Caio para o Valencia deve se transformar em empréstimo para o também espanhol Atlético de Madrid, ao passo que o volante Souza está a caminho do Fenerbahce, da Turquia. Outra saída é a de Dória, zagueiro que estava emprestado pelo clube francês Olympique de Marselha.

Questionado sobre a declaração de Rogério Ceni, o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, não polemizou. "Ele tem toda razão, eu também quero ser campeão", disse, negando, no entanto, que se trate de um desmanche. "Não tem desmanche. Temos um elenco de 34 jogadores. Saírem três ou quatro jogadores não é um desmanche", contrariou.

O capitão do time não foi o primeiro a se queixar sobre a saída de atletas importantes. Nas últimas semanas, Juan Carlos Osorio também reclamou publicamente. O treinador admitiu que não tinha conhecimento a fundo da dificuldade financeira do clube, mas pediu que nenhum outro jogador fosse negociado. Pedido que não deverá ser atendido, dada a iminente saída de Souza.

Os dirigentes alegam, no entanto, que a proposta de € 8 milhões (cerca de R$ 28 milhões) do Fenerbahce atinge o valor mínimo que, se oferecido, obrigaria a liberação. Apenas 35% dos direitos econômicos pertencem ao São Paulo.

A próxima partida do São Paulo pelo Campeonato Brasileiro será no domingo, diante do Fluminense, no Morumbi. O elenco retorna nesta quinta-feira à capital paulista e treina à tarde.