O São Paulo quer definir o novo treinador em pouco tempo. A intenção da diretoria tricolor é anunciar o substituto de Ney Franco até a próxima terça-feira, já para dirigir o time diante do Bahia, na quarta, no Morumbi. Muricy Ramalho é o nome mais forte para chegar.
Tricampeão brasileiro pelo São Paulo de 2006 a 2008, o treinador está desempregado atualmente. Questionada sobre o possível retorno de Muricy, João Paulo de Jesus Lopes, vice-presidente de futebol, respondeu da seguinte forma:
"Muricy é um filho do São Paulo. Obviamente, por isso, é um nome que faz parte da nossa lista de interesse. Mas não falamos nada disso ainda", explicou o cartola.
Muricy deu entrevista ao jornal Lance! na última quinta e indicou que um acerto com Juvenal Juvêncio não demoraria a acontecer porque sempre negociou rapidamente com o presidente. Mas o treinador também deixou claro que respeitava Ney Franco e, por isso, não conversaria com ninguém do clube enquanto o amigo estivesse empregado.
Quando estava no Santos, Muricy ganhava cerca de R$ 700 mil mensais. Valor que o São Paulo não costuma pagar a empregados. O teto do clube gira em torno de R$ 300 mil. "Isso não é problema no São Paulo. Até porque todos sabem que temos um teto salarial. Muricy nunca esteve fora de cogitação. Ele tem inúmeras qualidades, que nos agradam", disse Jesus Lopes.
Neste domingo, contra o Santos, quem ficará no banco do São Paulo é o coordenador-técnico Milton Cruz. Ele costuma dirigir a equipe interinamente quando há trocas no comando do time.
Improvisos, eliminações e Douglas; veja 7 erros de Ney Franco no São Paulo:
Durou um ano a trajetória de Ney Franco no comando do São Paulo. Em 2012, o técnico conseguiu bons resultados no Campeonato Brasileiro e o título na Copa Sul-Americana. Na atual temporada, colecionou eliminações e fracassos: Campeonato Paulista, Copa Libertadores e derrota na primeira partida da Recopa Sul-Americana. O resultado foi a demissão do treinador. Relembre a seguir sete erros que foram fundamentais para o fim do trabalho de Ney Franco no São Paulo.
Foto: Bruno Santos / Terra
Substituto de Lucas O melhor momento de Ney Franco no comando do São Paulo ocorreu no final de 2012, quando tinha em Lucas seu principal jogador. Negociado com o PSG, o jogador deixou o Morumbi ao final daquela temporada. Desde então, o treinador não conseguiu se acertar em relação a seu substituto no elenco. O técnico escalou jogadores como Aloísio, Jadson, Cañete, Douglas, Wallyson, Lucas Evangelista e Silvinho na posição, mas sem nunca conseguir bons resultados.
Foto: Tom Dib / Agência Lance
Jadson e Ganso O São Paulo já contava com Jadson, mas apostou alto na contratação de Paulo Henrique Ganso. Contando com dois talentosos meias no elenco, Ney Franco na maior parte das vezes escalou a dupla ao mesmo tempo no time, só que não conseguiu tirar o melhor dos jogadores.
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press
Defesa inconstante O São Paulo terminou 2012 com a defesa sólida, sofrendo somente 13 gols no segundo turno do Campeonato Brasileiro - o melhor desempenho no returno. O início da temporada viu o fim da constante linha formada por Paulo Miranda, Rafael Tolói, Rhodolfo e Cortez. A chegada de Lúcio fez com que a dupla central fosse desfeita. Além disso, problemas físicos e técnicos obrigaram Ney Franco a alterar constantemente o setor. As laterais também sofreram constantes alterações e não veem titulares absolutos. O técnico não conseguiu achar uma solução e, em sua última partida, formou a defesa com Douglas, Lúcio, Rafael Tolói e Juan.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Improvisações Em 2013, com alguns jogadores vivendo fase complicada, Ney Franco passou a optar por improvisações. As laterais e as pontas foram os setores que mais passaram por esta questão. O volante Rodrigo Caio, por exemplo, foi bastante usado na direita. Já Paulo Miranda, bem sucedido neste local em 2012, não conseguiu repetir a performance. Esta situação incomodou a diretoria, que decretou o fim dos improvisos depois da eliminação na Libertadores.
Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press
Douglas Lateral direito revelado pelo Goiás, Douglas ganhou as graças de Ney Franco. Apesar de bastante criticado pela torcida, o treinador apostou forte no jogador, que atuou em sua posição natural, mas também como meia armador e ponta direita. A confiança de Ney em Douglas chegou a virar piada entre os torcedores são-paulinos.
Foto: Facebook / Reprodução
Falta de sintonia com elenco Ney Franco buscou manter o controle sobre o grupo e sua posição como técnico. Para isso, em declarações à imprensa bateu de frente até mesmo com Rogério Ceni. Nestes casos, entretanto, demonstrou não estar em sintonia com o elenco. Após a derrota para o Corinthians na primeira partida da Recopa Sul-Americana, chegou a dizer que não era ele quem "errava passes". No dia seguinte, o atacante Aloísio deu sua resposta: "eu acho que é 50 a 50. Estamos no mesmo barco. Se afundar, vai afundar com todos juntos. Se navegar, vai navegar com todos juntos. Não tem essa de colocar a responsabilidade em cada um, a responsabilidade é de todos".
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antipatia da torcida Mesmo com o bom desempenho no Campeonato Brasileiro de 2012 e com o título da Copa Sul-Americana do mesmo ano, Ney Franco nunca gozou de apoio pleno da torcida são-paulina. No Morumbi, o apoio ao treinador era frágil, e não era difícil ouvir gritos contra o comandante em caso de derrota ou jogo fraco. Com isso, o nome de Muricy Ramalho, que foi demitido do Santos, passou a ser gritado nas arquibancadas do estádio do clube tricolor.